quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A direita liberal também quer acreditar

“Então, dou por mim a pensar: por que estamos nós juntos por Obama, enquanto o pessoal de direita e centro-direita com que mais me identifico acusa o homem de ser um golpe de marketing e aposta o ordenado em John McCain?

Claro que há o lado factual: dizer, como Pacheco Pereira disse, que Obama é só marketing - ou seja, que ele não tem nada mais do que talento para falar em público e vender ideias vagas de "esperança" - é uma profunda idiotice, que não resiste a dois minutos de análise séria. Mas há mais do que isso. Eu diria que a direita conservadora está tão habituada a desconfiar de toda a gente que acaba por ter vergonha de acreditar em alguém. Noventa e nove por cento das vezes, estará certa: o estado de permanente suspeita é um forte escudo contra a desilusão e uma forma eficaz de vigiar a acção política. Só que o problema é quando ficamos cegos ao que efectivamente brilha, tão habituados que estamos a nivelar tudo por baixo. Obama fala tão bem que não pode deixar de ser fabricação, certo? Mas e se, por uma vez - só desta vez -, ele for o artigo genuíno?”

João Miguel Tavares , DN

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