sábado, 30 de agosto de 2008

Um pássaro na mão, e um Helton a voar

Que merda de jogo.
Salve-se o momento cómico/triste do pequeno diabrete encarnado que tentou agredir o fiscal de linha e que acabou protegido por um adepto do azul e branco durante a justa carga policial...mas merecia mais este clássico.
Merecia mais este Porto.
Tenho dito.
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Do desperdício

Há pessoas que não suportam a ideia de amizade por verem nelas apenas uma submissão ao de quem são amigos ou por uma ideia que a amizade as desconsidera da sua posição elevada de controle. E a forma de lutarem contra tal ressentimento e submissão é traírem a confiança do outro de modo a consolarem o ego abatido e saírem fortalecidos e impolutos da situação. Incapazes de assumirem fraquezas e defeitos neste mundo de gente forte e perfeita, ambiciosos de haver neles só motivo de elogio, qualquer desatenção pelo seu papel capital no seu enredo solitário parece monstruoso à sua ambição e vaidade e daí o serem implacáveis com essas fraquezas e obrigatoriamente, para com os outros. Mas a esperteza é uma falsa inteligência, uma inteligência a meia dose, sendo a outra meia preenchida pela astúcia, a fraude ou a artimanha elaborada. Há pessoas em quem a deslealdade é assim a forma inata de afirmarem uma emancipação e desprendimento que nunca tiveram.
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Os outros, por vezes. Que desperdício de consideração. Não lhes abras a porta. E esquece, esquece. Seguros da sua importância e virtude, da propriedade de si e do mundo. A narrativa do homem foi sempre a narrativa da sua importância em face de si e dos outros. O resto são meios expeditos de isso se cumprir. Os outros, por vezes. Têm o seu emaranhado de intrigas, manhas, glórias fúteis, espelhos partidos, veneno. Esquece, esquece. Está sol, foguetes ao longe e os pássaros cantam electrizados e isso basta para acenares à alegria genesíaca, ao eflúvio indizível de seres. Que um sorriso de pacificação banhe a tua alma. E tudo estará bem.
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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Blá Blá Blá

"Poucos resultados e muitas declarações não são, em Portugal, exclusivo do mundo do desporto."

José Medeiros Ferreira

Correio da Manhã
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

From Australia, with love

Youth Group - All This Will Pass

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Life's bitch

Ainda não tive férias. Com isto não quero dizer que o rendimento foi o habitual (já de si bastante humilde) porque estaria a mentir descaradamente. Mas enfim, não me queixo, fui trabalhando. Inevitável agora que o mês está no fim a estranha impressão que fiquei atravancado num qualquer estágio do desenvolvimento biológico anual, atrasado em relação aos colegas que chegam agora frescos, espadaúdos e bronzeados da praia, o destino natural do português neste mês. Olhamo-nos surpreendidos, eu branco e baço como sempre, eles fortes e niquelados pelo sol, estranhamo-nos com uma curiosidade antropológica. Como as noites sem dormir, para sempre irrecuperáveis. Ou como certos amigos que, por qualquer infortúnio da vida, ficaram detidos no ensino secundário e os vemos por vezes a vaguear desalentados pela rua. Reconhecemo-nos mas a distância imposta pelo tempo é maior que tudo o resto e evitamo-nos com nuances a desprezo de castas. Fiquei por aqui isolado mais uma vez neste mês e sinto que desaproveitei algo só desvelado a um conluio iluminado. O sol não é para todos, poderia acrescentar com humor duvidoso. Desacertaste com a vida porque a não soubeste viver, diz-se com frequência e adianta-se às vezes como se deveria ter vivido e frequentemente vem seguido do novo catecismo pós-moderno do optimismo paternalista e escorreito, do carpe diem beato e da felicidade que tem de ser para todos. Não consigo achar nisto justiça ou sentido algum. Vivemos a vida com o prazer e a felicidade relativa que podemos nas hipóteses contigentes a esse viver. Lamento francamente é as hipóteses.
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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Mais um momento brilhante


Capa de hoje do jornal "O Jogo" - Nelson de Ouro!!

Capa de hoje do jornal "A Bola" - Nelson de Ouro!!

Capa de sempre do jornal "Record" - Ahhh...Beifica...
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O Lynch andou por aqui

Valerá a pena contar? Nem que seja para registar porque andei a pensar nisto o dia todo a tentar encontrar um explicação plausível. Então é assim: ontem sonhei que vinha a sair de um bar (deduzo que era um bar...) e que, não sabendo exactamente onde estava o meu carro, acabei por pressionar o remoto das portas para saber da sua localização no meio das inúmeras fileiras de carros estacionados ocultados pela carregada neblina que se tinha instalado na escuridão. O instinto dizia-me que algo de anormal se passava mas como já era tarde e estava “cansado”, acabei por entrar no veículo que tinha respondido ao sinal, liguei o motor e meti a primeira. Saí do parque de estacionamento e, subitamente, no meio de uma qualquer rua indefinida, notei com desinteresse que já tinha dois amigos dentro do carro comigo. Nada de espantar até agora, conhecendo as manobras cómicas de Morfeu. Contudo, de repente, uns quilómetros à frente, o sistema eléctrico do carro foi-se em segundos todo a baixo, logo seguido do sistema mecânico. O carro guinou para a direita e veio-se encostar suavemente à berma da estrada. Saímos do carro com alvoroço e qual não foi o meu espanto quando reparei que, apesar do carro ser em tudo igual ao meu, as primeiras letras da matrícula estavam invertidas. Tinha estado portanto a conduzir um carro incógnito que se tinha ido abaixo diligentemente quando não reconheceu o dono (!). A partir daqui não me lembro bem do que aconteceu mas apenas que estava muito assustado, que nos queixámos a um polícia que pelos vistos não resolveu nada (tudo normal também aqui) e que acabámos por pedir ajuda a uma mecânica mal disposta que surgiu convenientemente do meio da madrugada (sim, era mesmo do sexo feminino) que conseguiu trazer o carro idêntico ao meu de novo para o parque inicial. (Sim, eu sei que é irónico uma mulher ter feito com um carro o que 3 homens não conseguiram, mas no momento isso pouco interessava.) Procurámos precipitadamente o carro pelo parque mas dele nem sinal. Regressámos ao bar (que agora mais se assemelhava a uma casa de alterne sul-americana dado o excesso de iluminação encarnada, decoração tropical e seguranças macabros) mas os responsáveis espectrais não faziam ideia de como me ajudar. Neste momento lembro-me que sentia fisicamente a cabeça a estalar de desvairo e quase loucura. Uma convulsão nervosa constante. Um enjoo áspero a perda. Amaldiçoei os deuses e chorei longamente o luto do meu carro para dentro (o orgulho macho resiste a tudo). Curiosamente, e como já tinha acontecido antes, lembro-me que finalmente tive consciência que tudo se tratava de um sonho – mas sempre dentro do sonho – e que forçosamente aquele horror em 4 rodas tinha que parar ou eu acordaria. Os deuses do onírico ouviram as minhas imprecações. Estando quase a desistir do equilíbrio grego da razão e a pensar ligar vergonhosamente aos progenitores àquela hora matinal, deparei com umas luzes familiares que se aproximavam no cimo da rua. (As luzes ao fundo do túnel ?) Carga dramática prolongada e, minha nossa, era mesmo ele... O meu querido carro estava de volta! Corri na direcção do meu amigo de braços abertos e fui concluindo rapidamente que alguém tinha trocado de carro comigo (um dos clássicos mitos urbanos de controlo remoto). O carro parou e saíram 3 tipos apavorados e uma matrafona mal-encarada.. Éramos nós....

O sonho acabou aqui.
E agora pergunto-me se ainda não estarei a sonhar.
Hoje o carro não saiu da garagem.

Lição a retirar: lembra-te de evitar pegar no carro quando fores para a cama bêbedo.
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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Week album

M83 - Saturdays = Youth
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A homenagem de Anthony Gonzalez ao movimento shoegazing/ambiental electrónico do final dos anos 80 e início dos 90. Uma verdadeira delícia para os nostálgicos!
“Like shooting stars!”
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My space
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pela noite dentro...

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Pearl Jam - Hard To Imagine ("Chicago Cab" OST)
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Harmony

Recebi um convite, voltei a pegar na velha telecaster sempre deslumbrante, alguém pegou num baixo, outro na voz, e um computador programado no fundo a maquilhar tudo de novas tonalidades. Novas melodias, as histórias trágicas dos adolescentes de sempre. Mas desta feita, sem a euforia calamitosa de um outro tempo. Sentados cada um na sua cadeira e com os instrumentos ao colo, sem disputas imberbes pelo protagonismo, sem o estrépito abusivo e as distracções extrínsecas dos outros tempos, cada um conduzindo o outro pelo que nos tem sido em sensibilidade nos últimos anos. Muita tranquilidade, compreensão e harmonia. Inevitáveis as evocações das longas tardes de verão, de garagem aberta, enfrentando de peito aberto as revoadas do mundo convencional que nos esperava no final do ensaio. Algures num romance perdido contava-se a história de um homem que para o fim da vida passava os seus dias a olhar a parede. Aflige-me a ideia e sinto-lhe o fado. Preciso de fazer música. Sem manias e desarranjo de nervos. Fazer música para nós. Fazer música porque sim. Gravámos 3 canções. Duas instrumentais. Frágeis e suaves como a amizade. Uma chama-se “Summer”. A outra, acabei de lhe dar o nome: “Harmony”. Estamos mais adultos. Felizmente ainda não chegámos lá.
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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Kiss me it'll heal, but it won't forget

Stick your stupid slogan in:
Se abandonarmos por um momento todas aversões, receios, preconceitos e convencionalismos de estilo, este pode bem ser o melhor videoclip do ano. Quem tem a coragem casta de afirmar que nunca foi o infecto do Marilyn Manson por uma noite?

Marilyn Manson - Heart Shaped Glasses (When The Heart Guides The Hand)

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domingo, 10 de agosto de 2008

Do humor

Hoje em dia abundam os comediantes avulsos e os programas de humor tipo stand-up ou sketch. E deve haver algures alguma teoria freudiana da comédia que tenha chegado à mesma conclusão a que eu cheguei passados 27 anos de inundação televisiva: tal como os charlatões são os melhores transmissores de sinceridade, só quem sabe chorar é que consegue realmente atear o riso alheio até às lágrimas. Por saber rir da sua própria desgraça, muito provavelmente. Por outro lado, quem só soube rir e ambiciona fazer rir só dá vontade de chorar. Normalmente, de pena.
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Ask yourself

Ask yourself if you're happy. You look so serious. Show me a happy man. I once knew a happy man. His happiness was a curse. Fuck guilt. All we need is eighteen inches of personal space. Wisdom comes suddenly. Ignorance is bliss. My eyes have been opened, I can never go back...
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Barbeiro demoníaco que canta como um rouxinol

Acabei finalmente de ver o filme “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”. Gostei...mais ou menos. Andei a adiar por uma simples razão bovina. E felizmente para o mundo que não sou crítico de cinema. É assim: sempre prezei mais os irrupções de adrenalina e as tensões emocionais que um filme pode produzir em nós do que qualquer consideração artística que possa ser feita. Não quero assistir a uma obra de arte com o meu óculo diletante, isso é estar de fora. Quero desfrutar integralmente do filme. Física e psicologicamente, se tal for possível. Imaginar-me no enredo e sentir o latejar das personagens. Sofrer como elas, se for caso disso(mesmo sem recurso a auxiliares da imaginação, vulgos narcóticos). É que há algo que tenho de confessar vergonhosamente sobre Tim Burton e os filmes dele... Amo o conceito do conto fantástico tão peculiar ao realizador, as atmosferas góticas, o humor negro e as temáticas sombrias. Faço orgulhosamente parte da geração do “Eduardo Mãos-de-Tesoura” (não do outro...), “Beetlejuice” e do primeiro “Batman” de 1989. Rejubilei com o primeiro “Planeta dos Macacos”, “Sleepy Hollow” e principalmente com o “Big Fish”. Infelizmente fico-me por aí no cardápio deste senhor estranho de cabelos negros ripados e óculos escuros. Confesso aqui perante este vasto auditório: Não suporto musicais. Excepto o “Once”, mas este não é um musical típico. Para mim, canções, cançonetas, modinhas, e coreografias folclóricas actuam como empecilhos dispensáveis no fulcral de uma obra que quer ser levada a sério nem que seja pelo seu humor. Bem me tentei esforçar para conseguir ultrapassar essa barreira obrigando-me a assistir ao “The Nightmare Before Christmas”, “Charlie and the Chocolate Factory” ou o “Corpse Bride”. Desculpo o primeiro e o último porque são filmes animados e portanto irremediavelmente colocados num departamento à parte. Mas não consegui gostar de nenhum suficientemente. Com aquele “suficientemente” crucial que nos deixa a pensar no filme durante a noite e dia seguinte, ou para a vida toda (os grandes filmes...já falei do Donnie Darko?). Nem com as clássicas artimanhas de descer o volume ou passar as cenas musicais à frente - é forçar demasiado a barra da paciência. As melodias e as danças desvairadas acabam por me impedir de transpor para o universo fictício e fabuloso do filme. E foi isto o que concluí do “Sweeney Todd”... Vinganças longamente prometidas e acalentadas por um ódio visceral, confere. Tesouras e navalhas afiadas e muito sangue jorrado, confere. Noites sombrias e nevoeiros cerrados, confere. Johnny Deep, confere. Cançonetas e lérias que tais, passo. Tenho dito. E agora vou ver o Family Guy e ser estúpido por mais uma noite.
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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Angel with the scabbed wings

A “vida malvada” dos últimos dias trouxe-me de volta a um caminho musical inesperado. Regressei (espero que por breves momentos) à bizarria de uma fragmento da adolescência ao reciclar a discografia do Brian Warner (aka, Marilyn Manson). Desde o nojo visual e caótico do “Portrait of an American Family” (1994) até ao nojo opulento do sexto e último álbum “Eat Me, Drink Me“ (2007) ”. A verdade verdadeira é que, diga-se o que se quiser do ser vivo em questão, Marilyn Manson conseguiu sempre manter acesas as luzes da ribalta e da polémica. Com mais teatro ou encenação, com deuses humanos, insectos, minhocas, mecânicos ou anjos da destruição, com mais actrizes porno ou modelos fetiche, ou reverendos satânicos e colecções nazis, toda a miscelânea informe da sua vida pública será para sempre indissociável da sua concepção de movimento artístico a que designou em certa altura de “idade de ouro do grotesco” : the more you hate him, the more he loves you”. Por mim, fico-lhe meramente grato pela contribuição musical que foi o disco mais conceptual e marcante da sua carreira, “Antichrist Superstar” (1996). Com a produção do próprio e de Trent Reznor, a qualidade dos temas (aqui manifestamente marcados pelo metal industrial mais gótico) é francamente assombroso. Inspirado em Nietzche, o disco conta a história em 3 capítulos/ciclos de uma pessoa inerte e abusada (“The Worm”) que se vai transformando (metamorfoseando, para usar os conceitos do disco) numa celebridade influente e finalmente se converte no poderoso “desintegrator” (o tal de “anjo” ou “anticristo”) que acaba por ser condenado à morte pela sua comuna numa cerimónia de apedrejamento público (“The man/monster that you fear”).

Esta é apenas uma das muitas interpretações do disco, deliberadamente vago, para suscitar polémica e embaraço na comunidade (ainda me lembro de em 1998 membros da opus dei terem pago bilhete no atlântico para poderem protestar contra a presença da figura em terras lusas....bons tempos...quando ainda havia coisas que chocavam...). De qualquer modo, controvérsias à parte, este parece-me ser o disco mais coeso e melhor produzido pela banda até à data. Aqui fica portanto uma lembrança desses tempos com o tema mais representativo e violento do disco no pleno apogeu do desintegrador. Prometo regressar ao conforto colorido do indie um dias destes...

Marilyn Manson - The Reflecting God

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

...dream asleep in the sand with the ocean washing over


Jeff Buckley - Dream Brother

As incontáveis vezes que tentei fazer um cover decente desta canção simplesmente genial...haverá aspiração mais estúpida no "rock" do que tentar fazer covers do Jeff Buckley?
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