sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O Lynch andou por aqui

Valerá a pena contar? Nem que seja para registar porque andei a pensar nisto o dia todo a tentar encontrar um explicação plausível. Então é assim: ontem sonhei que vinha a sair de um bar (deduzo que era um bar...) e que, não sabendo exactamente onde estava o meu carro, acabei por pressionar o remoto das portas para saber da sua localização no meio das inúmeras fileiras de carros estacionados ocultados pela carregada neblina que se tinha instalado na escuridão. O instinto dizia-me que algo de anormal se passava mas como já era tarde e estava “cansado”, acabei por entrar no veículo que tinha respondido ao sinal, liguei o motor e meti a primeira. Saí do parque de estacionamento e, subitamente, no meio de uma qualquer rua indefinida, notei com desinteresse que já tinha dois amigos dentro do carro comigo. Nada de espantar até agora, conhecendo as manobras cómicas de Morfeu. Contudo, de repente, uns quilómetros à frente, o sistema eléctrico do carro foi-se em segundos todo a baixo, logo seguido do sistema mecânico. O carro guinou para a direita e veio-se encostar suavemente à berma da estrada. Saímos do carro com alvoroço e qual não foi o meu espanto quando reparei que, apesar do carro ser em tudo igual ao meu, as primeiras letras da matrícula estavam invertidas. Tinha estado portanto a conduzir um carro incógnito que se tinha ido abaixo diligentemente quando não reconheceu o dono (!). A partir daqui não me lembro bem do que aconteceu mas apenas que estava muito assustado, que nos queixámos a um polícia que pelos vistos não resolveu nada (tudo normal também aqui) e que acabámos por pedir ajuda a uma mecânica mal disposta que surgiu convenientemente do meio da madrugada (sim, era mesmo do sexo feminino) que conseguiu trazer o carro idêntico ao meu de novo para o parque inicial. (Sim, eu sei que é irónico uma mulher ter feito com um carro o que 3 homens não conseguiram, mas no momento isso pouco interessava.) Procurámos precipitadamente o carro pelo parque mas dele nem sinal. Regressámos ao bar (que agora mais se assemelhava a uma casa de alterne sul-americana dado o excesso de iluminação encarnada, decoração tropical e seguranças macabros) mas os responsáveis espectrais não faziam ideia de como me ajudar. Neste momento lembro-me que sentia fisicamente a cabeça a estalar de desvairo e quase loucura. Uma convulsão nervosa constante. Um enjoo áspero a perda. Amaldiçoei os deuses e chorei longamente o luto do meu carro para dentro (o orgulho macho resiste a tudo). Curiosamente, e como já tinha acontecido antes, lembro-me que finalmente tive consciência que tudo se tratava de um sonho – mas sempre dentro do sonho – e que forçosamente aquele horror em 4 rodas tinha que parar ou eu acordaria. Os deuses do onírico ouviram as minhas imprecações. Estando quase a desistir do equilíbrio grego da razão e a pensar ligar vergonhosamente aos progenitores àquela hora matinal, deparei com umas luzes familiares que se aproximavam no cimo da rua. (As luzes ao fundo do túnel ?) Carga dramática prolongada e, minha nossa, era mesmo ele... O meu querido carro estava de volta! Corri na direcção do meu amigo de braços abertos e fui concluindo rapidamente que alguém tinha trocado de carro comigo (um dos clássicos mitos urbanos de controlo remoto). O carro parou e saíram 3 tipos apavorados e uma matrafona mal-encarada.. Éramos nós....

O sonho acabou aqui.
E agora pergunto-me se ainda não estarei a sonhar.
Hoje o carro não saiu da garagem.

Lição a retirar: lembra-te de evitar pegar no carro quando fores para a cama bêbedo.
i
Led

4 comentários:

Ledbetter disse...

O mais assustador é mesmo a nitidez com tudo aconteceu, como uma película! Dá para perceber que, dos 3 níveis da mente, tenho um inconsciente armado em realizador de thrillers que é capaz de enganar engenhosamente o subconsciente e deixar boquiaberto o consciente. Eu pagava para ver este filme!
Viegas, tenho medo de mim...

Bárbara disse...

UaaaaaaaUuu!!! Que lynch qual quê???

:))))

Snowflake disse...

Entao e dinossauros, nao havia? Se nao tinha dinossauros... nao sei, nao.

Ledbetter disse...

Dinossauros?
Se tivessem aparecido dinossauros estava mais descansado. Era um sonho estúpido e irrealista, normal portanto.
Mas este foi uma coisa do outro mundo...