sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Barbeiro demoníaco que canta como um rouxinol

Acabei finalmente de ver o filme “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”. Gostei...mais ou menos. Andei a adiar por uma simples razão bovina. E felizmente para o mundo que não sou crítico de cinema. É assim: sempre prezei mais os irrupções de adrenalina e as tensões emocionais que um filme pode produzir em nós do que qualquer consideração artística que possa ser feita. Não quero assistir a uma obra de arte com o meu óculo diletante, isso é estar de fora. Quero desfrutar integralmente do filme. Física e psicologicamente, se tal for possível. Imaginar-me no enredo e sentir o latejar das personagens. Sofrer como elas, se for caso disso(mesmo sem recurso a auxiliares da imaginação, vulgos narcóticos). É que há algo que tenho de confessar vergonhosamente sobre Tim Burton e os filmes dele... Amo o conceito do conto fantástico tão peculiar ao realizador, as atmosferas góticas, o humor negro e as temáticas sombrias. Faço orgulhosamente parte da geração do “Eduardo Mãos-de-Tesoura” (não do outro...), “Beetlejuice” e do primeiro “Batman” de 1989. Rejubilei com o primeiro “Planeta dos Macacos”, “Sleepy Hollow” e principalmente com o “Big Fish”. Infelizmente fico-me por aí no cardápio deste senhor estranho de cabelos negros ripados e óculos escuros. Confesso aqui perante este vasto auditório: Não suporto musicais. Excepto o “Once”, mas este não é um musical típico. Para mim, canções, cançonetas, modinhas, e coreografias folclóricas actuam como empecilhos dispensáveis no fulcral de uma obra que quer ser levada a sério nem que seja pelo seu humor. Bem me tentei esforçar para conseguir ultrapassar essa barreira obrigando-me a assistir ao “The Nightmare Before Christmas”, “Charlie and the Chocolate Factory” ou o “Corpse Bride”. Desculpo o primeiro e o último porque são filmes animados e portanto irremediavelmente colocados num departamento à parte. Mas não consegui gostar de nenhum suficientemente. Com aquele “suficientemente” crucial que nos deixa a pensar no filme durante a noite e dia seguinte, ou para a vida toda (os grandes filmes...já falei do Donnie Darko?). Nem com as clássicas artimanhas de descer o volume ou passar as cenas musicais à frente - é forçar demasiado a barra da paciência. As melodias e as danças desvairadas acabam por me impedir de transpor para o universo fictício e fabuloso do filme. E foi isto o que concluí do “Sweeney Todd”... Vinganças longamente prometidas e acalentadas por um ódio visceral, confere. Tesouras e navalhas afiadas e muito sangue jorrado, confere. Noites sombrias e nevoeiros cerrados, confere. Johnny Deep, confere. Cançonetas e lérias que tais, passo. Tenho dito. E agora vou ver o Family Guy e ser estúpido por mais uma noite.
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Led

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