quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Mercenário


“Em Inglaterra o futuro de Sven-Goran Eriksson continua a ser tema de especulações, no rescaldo de mais uma polémica envolvendo o treinador sueco. Muita imprensa inglesa vai assegurando que o seleccionador deixará o cargo logo após o Campeonato do Mundo da Alemanha e já se avançam nomes de possíveis sucessores. O de Luis Felipe Scolari é um deles. E o treinador da Selecção portuguesa admite pensar no assunto.
(...)
Scolari diz ainda que a Inglaterra «é uma das quatro ou cinco equipas com grandes possibilidades de ganharem o Mundial», elogiando o futebol que se pratica em terras de Sua Majestade. Para o brasileiro o desporto-rei inglês «melhorou muito nos últimos anos, o jogo está mais aberto e melhor», mas poderia melhorar ainda com «um pouco mais de alegria e mais mobilidade», salienta, deixando antever que poderá ser pelo seu cunho que essa evolução qualitativa acontecerá.O seleccionador de Portugal considera ainda que o facto de não dominar perfeitamente o inglês não é problema. «Já falo inglês suficiente para me defender», assegura, acrescentando que «após dois ou três meses de trabalho intensivo seria capaz de dar entrevistas».”
Primeiro foi o clube da luz, agora a selecção inglesa...Não serão estes comentários altamente irresponsáveis e eticamente reprováveis quando se ainda representa a selecção de futebol de um país em vésperas de mundial? Mas isto não merece destaque nas páginas desportivas? Mas vão continuar a tentar fazer de nós pobres tolos adeptos de futebol?
Não terá o bronco Gilberto Madaíl algo a dizer sobre o assunto? Mas acho que acabei de responder na própria pergunta... Nunca sabe de nada, nunca tem responsabilidade por nada...
Perante o salário elevadíssimo que aufere como nenhum outro ( cerca de 400 mil contos por ano) vir a público fazer estes comentários deixa-me, no mínimo, enojado. Mas percebo que dentro do meio jornalístico desportivo rasco nacional de constante veneração e acatamento ao Sr. Scolari não haja um único comentário sarcástico de repúdio em relação a mais um “quero, posso e mando” vindo do mercenário mor do futebol nacional. Somos insultados e ainda agradecemos.
Eu acho impressionante tamanha ingenuidade e passividade face a mais uma jogada clara de oportunismo interesseiro sem escrúpulos.

Haja
vergonha!

Por mim já tinha feito as malas mais cedo....
Led

5 comentários:

sergei disse...

'I would analyse with interest if I receive an invitation to work in England but I will only be able to talk about that at the end of my contract,' he said. 'I get happy when my name is mentioned for a job with a club or the England team but we must respect our fellow professionals.'
Na minha opinião, creio não haver problema nenhum em simplesmente comentar uma possibilidade de trabalho! E como disse Scolari, a prospota só será analisada após terminar o seu contrato com Portugal, ou seja no final do Mundial. Não o vi a discutir ou comentar pormenores contratuais ou a comparar condições ofericidas por ambos os lados.
Isto sou eu mas não vejo razão para no máximo ficar enojado!

Abraço

sergei disse...

Já agora, o que está em inglês foi retirado do The Observer, jornal onde parece saiu a entrevista (vi no Record).
No seguimento da análise do carácter do Scolari, não vejo onde está o mercenário quando se muda de entidade empregadora após o término do contracto a que se está actualmente vinculado. Se isso for verdade, então todos seremos mercenários.

Ledbetter disse...

De facto eu só li um excerto mas não muda nada. O facto é que ele ainda não acabou o contrato a que está vinculado! No máximo diria que depois do contrato logo se via e ponto final. Quando diz «Já falo inglês suficiente para me defender» e acrescenta que «após dois ou três meses de trabalho intensivo seria capaz de dar entrevistas» ou que o seu cunho pessoal passaria por dar mais alegria ao futebol inglês é mais que óbvio que o interesse é real e propositado. O problema é que estamos habituados à precariedade e incontinência verbal. Acho inaceitável comentar possíveis trabalhos quando se ainda representa um clube ou uma selecção. Sejam jogadores ou treinadores ou seleccionadores. Todos os dias vemos mais disso ( o Marcel é mais um, como se provou a temporada na Académica onde, no inicio de época lá foi dar uma entrevista a um jornal brasileiro e a uma canal televisivo para falar sobre a incógnita no seu futuro imediato.). Não se falou de pormenores sobre contratos (pelo menos que nós saibamos) porque isso seria demasiado agressivo e suficiente para se levar a castigo. Mas o que se disse é mais que suficiente para ser contestável. Não é uma questão legal , é uma questão moral. Eles são pagos a peso de ouro e o mínimo que se pede é que tentem ser corteses e discretos. Não vale tudo no mundo dos negócios!

Ledbetter disse...

Não é um facto novo que não vou muito à bola com o homem e por isso a minha opinião nunca será completamente imparcial no que diz respeito a este assunto Porquê? Por muitas razões mas principalmente pela maneira de estar do seleccionador e obviamente por esta: http://dn.sapo.pt/2006/01/02/media/vitor_baia_joga_nao_joga.html.
Acho também que ele devia estar calado e ponto final porque como dizes (e bem) ele ainda está a cumprir um contrato. Mas talvez de facto tenha exagerado no termo Mercenário, mea culpa! Enfim...só espero que o Mundial não traga dados infelizes que corroborem o desprazer que tenho pela figura.

sergei disse...

Se fizermos uma campanha tão positiva como a do Euro'04, não ficarei chateado. Claro que um gajo quer é ganhar tudo e mais um pouco mais. Se não inventar e os jogadores também não (acho que a maneira de o Scolari lidar com eles não o permitirá!)faremos uma boa figura, não terei eu de ficar chateado e tu não aumentarás o desprezo por ele. A ver vamos!
Quanto ao Baía, é a velha história que se sabe desde o início e haverá factos que talvez nunca venhamos a saber porque o seleccionador também não se descose! Enfim... o homem é casmurro e bruto... coisas dele, ou de outros... O Baía é, sim senhor, um seleccionável e merece ser chamado! Mas vamos ter de nos aguentar com os outros, Ricardos, Quims e Moreiras, que também são bons guarda-redes.
Abraço