segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

A meal in the arctic

Pål Hermansen, Norway, for Orion Forlag/Getty Images.
Polar bear, Svalbard Archipelago, Arctic Ocean.

Esta foto foi premiada com o 2º Prémio Natureza pelo World Press Photo Winners 2006. Não é maravilhosa?


Led

domingo, 26 de fevereiro de 2006

Clássico


Os desejos do costume:
- que seja um bom jogo;
- que o árbitro não seja o protagonista;
- que o FCP vença.

Isenção acima de tudo!

Led

Revisitando o Manual de Sobrevivência


Manual de Sobrevivência I

Também eu já
senti não haver
Lugar ou Espaço
Esperança para ter

Também eu sei
Da raiva a nascer
Por tantos gritos
Ter que conter

Mas sei também
Que fora de nós
Não há salvação
Resta-nos então
Dar asas ao que se inventa

Finge, esquece
Engana o desencanto
Brinda por ti
Por hoje e por enquanto

Finge, esquece
Engana o desencanto
Brinda por ti

Também eu já
Estive sozinha
Entre tanto fel
Erva daninha

Mas vi também
Que fora de nós
Não há salvação
Resta-nos então
Dar asas ao que se inventa

Finge, esquece
Engana o desencanto
Brinda por ti
Por hoje e por enquanto

Finge, esquece
Engana o desencanto
Brinda por ti



"Manual de Sobrevivência" – Xana (1998/NorteSul)

“Absolutamente belo.
Passa um, passam dois, três, quatro e cinco; passam seis, passam sete e mais um: oito.
Este manual é a demonstração inequívoca de um grande disco rock cantado em português a bom português. Dos melhores de 1998, este manual apontou o caminho para a sobrevivência. Um caminho rumo à mudança (possível) face a um certo marasmo onde tantas vezes nos atolámos . Musicalmente falando, originalmente cantando. Não é apenas uma ideia simples, um par de pautas desfolhadas, é o carisma de Xana que a todo o momento se solta e pesa... tonelada e pouco.
Sem artifícios, sem loucuras e malandrices, este é um disco de puro rock, sereno, sem puxar o prego a fundo; é um disco de canções, um disco cuidado, com vontade e necessidade de contar uma história. Histórias. Depois de "As Meninas Boas Vão para o Céu, as Más para Toda a Parte" este é o disco da confirmação de Xana a solo (relativamente claro!); confirmação de uma personalidade no limiar do amadurecimento, fruto de uma longa experiência de palco, de estúdio, dos dias. É um álbum de uma coerência arrepiante, de canções sérias, de sérios arranjos, de uma atitude irrepreensível.
Passa um, passam dois, três, quatro e cinco; passam seis, passam sete e mais um: oito.
Grande disco.”
Review de A Trompa
Led

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Percorrer até ao fim achar o mar


Olhar o mar ainda, fascinado pelo seu mistério, de que nasce o mistério? Tem a grandeza cósmica dos milénios, é absurdo no gratuito de ser e se agitar, tem o terror preso fascinante de um tigre numa jaula. Mundo de início e de fim como o desenrodilhar de uma onda. E sobrepõe ao seu mistério o mistério de uma tarde fria de claridade opaca. E tudo o que nele cresce vai do que em mim diminui...Estou sozinho em face dele. Num ponto incerto do tempo milenar cadente e do universo e da humanidade e da vida, na ilusão de a poder dominar. E da morte impossível e inexorável. Defronto-me só com ele, e assim a sua imensidão maior. A sós contigo. Confessionário altivo divino. Toda a história do mundo reduzida a mim e a ti nesta fria tarde de inverno. O sol declina um pouco, vejo-o pelas sombras que começam a alongar-se pelo areal deserto. Porque pensar? Recordar? Convocar o passado que nada aqui tem que fazer? A tua vida são os estritos limites em que tens de te mover, cada momento irredutível em que tens de existir. Mas a vida está tão cheia de enigma, de coisas novas. Olhar o infinito do horizonte, aspirar os perfumes salinos que percorrem a aragem marinha. Ouvir bem os sons que me rodeiam no ressoar das águas. Profundo e vasto na vastidão do entardecer. Recuperar a virgindade de ser para ser em toda a plenitude. Absorver intensamente a vida que ainda tiver a viver. Deitar fora todo o peso da vida e ceder um pouco... É bom recordar. Recuperar a vida desde onde ela pereceu. Prolongar o futuro na dissolução do passado que não existe e já houve . Rever-me na transcendência e no inverosímil de mim que agora permanece por uns instantes excessivos. Como tudo é esplêndido e pavoroso no intocável do lembrar. Uma luz coada na película espraiada em frente, um silêncio coalhado de frio. Perseguir o tempo e a vida até ao fim achar o mar. Espraia-se soturno ao invisível do mistério que me envolve...
Led

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Plasticina


Eu quero plasticina.
Aquela que provei em pequeno como a provámos todos, de tão inocentes. Acho que era porque parecia chocolate e nós, claro, somos todos gulosos.
E quero plasticina porque só com ela posso construir mundos novos, pessoas, carros, animais, um presépio, quiçá.
Não quero saber das letras. Escrever é uma coisa em que se não sujam as mãos. Só com a plasticina isso acontece, ela entre as unhas e interromper a limpeza que uma mãe traz, como se fosse precisa para que a mãe viesse outra vez, limpasse ainda e outra vez.
Quero plasticina. Não sei onde se compra. Mas vou percorrer o mundo à sua procura como quem quer encontrar a memória mais feliz da infância.
Led

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Out-Rage


Led

BBC Panorama - A Question Of Leadership


Para os interessados sugiro vivamente o “BBC Panorama” desta semana (na SIC noticias) sobre o Islão e o mundo muçulmano no reino unido. Tem o nome de “ A question of leadership” e podem ver um resumo aqui e um debate mais alargado sobre o tema do programa aqui.
O prestigiado jornalista John Ware examina questões levantadas por altos associados da comunidade Muçulmana no reino unido: questões acerca da direcção e papel do Concelho Muçulmano Britânico (MCB) e as influências na liderança e organização dos seus afiliados. É de ficar verdadeiramente estarrecido! Um hino à informação de qualidade e imparcial.

Na SIC Notícias:
Sexta – 17 de Fevereiro (2H)
Sábado – 18 de Fevereiro (15H)
Domingo – 19 de Fevereiro (4h)
Led

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Mais vale tarde


"Cerca de uma semana depois de um editorial em que, a propósito da questão das caricaturas dinamarquesas, aconselhava bom senso, o director do Público reflectiu melhor e chegou a outras conclusões. Ainda bem. No editorial de hoje, José Manuel Fernandes afirma que,
«por mais voltas que demos ao assunto[,] é difícil fugir ao essencial: a ‘guerra’ dos cartoons não foi desencadeada por um obscuro jornal dinamarquês, foi orquestrada por todos os que, no mundo islâmico, mesmo sem serem islamistas, recusam uns a modernidade, outros a democracia, a maioria ambas. A guerra foi desencadeada contra nós, os cartoons foram apenas pretexto: se não tivessem sido publicados[,] os que em Dezembro se reuniram em Meca para orquestrar a actual campanha teriam encontrado outro pretexto para reagir ao que os incomoda».
Mais adiante, num esforço de assinalável autocrítica, constata que «haverá sempre cegos voluntários no nosso campo, e que utilizarão as mais melíferas palavras», pois ignoram que «mostrar fraqueza e ‘compreensão’ numa altura em que os que recusam o nosso modelo democrático estão na ofensiva não os acalma, antes os estimula».
Isto era evidente desde o início, mas vale mais tê-lo percebido agora do que nunca."
Led

Os rebeldes-caviar de Cascais


São jovens, inconsequentes, divertidos moderados, idealistas , desportivos, descomplexados...e irritantes até dizer chega!

Pedro Miranda, Rita Andrade , Solange F....e o declínio anunciado do curto-circuito.

Led (já não há paciência que aguente)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

A Historiadora/ The Historian of Elizabeth Kostova


December 12, 1930
Trinity College, Oxford

My dear and unfortunate successor:
It is with regret that I imagine you, whoever you are, reading the account I must put down here. The regret is partly for myself -- because I will surely be at least in trouble, maybe dead, or perhaps worse, if this is in your hands. But my regret is also for you, my yet-unknown friend, because only by someone who needs such vile information will this letter someday be read. If you are not my successor in some other sense, you will soon be my heir-and I feel sorrow at bequeathing to another human being my own, perhaps unbelievable, experience of evil. Why I myself inherited it I don't know, but I hope to discover that fact, eventually-perhaps in the course of writing to you or perhaps in the course of further events.



“The Historian of Elizabeth Kostova's novel is Paul, who years before the novel begins was drawn into a historical search for Vlad the Impaler, the Romanian tyrant who inspired Dracula, when he found a colleague's book with just an illustration of a dragon in its center. Paul's daughter narrates the story, telling of her search for the historical truth behing Vlad the Impaler, to understand her father's past and her mother's mysterious fate. As she explores through ancient texts and clues scattered across Europe, she discovers to her horror that Vlad is the possessor of a ancient evil power and is still alive, or at least at some level of existence. It's an evil that she must confront and understand if her father is to be saved.

What does the legend of Vlad the Impaler have to do with the modern world? Is it possible that the Dracula of myth truly existed—and that he has lived on, century after century, pursuing his own unknowable ends? The answers to these questions cross time and borders, as first the father and then the daughter search for clues, from dusty Ivy League libraries to Istanbul, Budapest, and the depths of Eastern Europe. In city after city, in monasteries and archives, in letters and in secret conversations, the horrible truth emerges about Vlad the Impaler's dark reign—and about a time-defying pact that may have kept his awful work alive down through the ages.

The criss-crossing story lines mirror the political advances, retreats, triumphs, and losses that shaped Dracula's beleaguered homeland--sometimes with the Byzantines on top, sometimes the Ottomans, sometimes the rag-tag local tribes, or the Orthodox church, and sometimes a fresh conqueror like the Soviet Union.
Parsing obscure signs and hidden texts, reading codes worked into the fabric of medieval monastic traditions—and evading the unknown adversaries who will go to any lengths to conceal and protect Vlad's ancient powers—one woman comes ever closer to the secret of her own past and a confrontation with the very definition of evil. Elizabeth Kostova's debut novel is an adventure of monumental proportions, a relentless tale that blends fact and fantasy, history and the present, with an assurance that is almost unbearably suspenseful—and utterly unforgettable.”
The book I’m devouring fervently at present and which I recommend for everyone. It’s not only the dense narration itself, the beautiful romance, the dark environment and gothic imagery but also the horrible facts and truth about Vlad the Impaler and the strong dose of European history. If you relate somehow to these kind of elements then this novel is a must have.

There is already a Spanish adaptation of the book in a game version on-line. The on-line version develops in various scenarios, like the Istanbul market, a vampire antique library, the Transylvanian forests and the church of Snagov where, till 1930, Lord Vlad was supposed to be buried, which many believe to be the true Count Dracula. The link right here:
http://www.lahistoriadora.com/

I end this post with another extract from the book when the narrator recalls that after reading descriptions of Vlad burning young boys or impaling "a large family," she tried to forget the words:
"For all his attention to my historical education, my father had neglected to tell me this: history's terrible moments were real. I understand now, decades later, that he could never have told me. Only history itself can convince you of such a truth."

Led ("To you, perceptive reader, I bequeath my history....")

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

It's What I Need


Glamorous
Indie rock'n'roll is what I want
It's in my soul, it's what I need
Indie rock'n'roll, it's time
Two of us
Flipping through a thrift store magazine
She plays the drums, I'm on tambourine
Bet your, your bottom dollar on me

It's Indie rock'n'roll for me
It's Indie rock'n'roll for me
It's all I need
It's Indie rock'n'roll for me

In a clutch
I'm talking every word for all the boys
Electric girls with worn down toys
Make it up, break it up, what do you care
Oh what do you care?

I take my twist with a shout
A coffee shop with a cause, then I'll freak you out
No sex, no drugs, no life, no love
When it comes to today

Stay if you wanna love me, stay
Oh don't be shy, let's cause a scene
Like lovers do on silver screens
Let's make it yeah, we'll cause a scene

It's Indie rock'n'roll for me
It's Indie rock'n'roll for me
It's all I need
It's Indie rock'n'roll for me

In a clutch
I'm talking every word for all the boys
It's Indie rock'n'roll for me
It's all I need
Makin' up, breakin' up, what do you care
What do you care?
It's Indie rock'n'roll for me

Two of us
Flipping through a thrift store magazine
It's Indie rock'n'roll for me
It's all I need
Makin' up, breakin' up, what do you care
What do you care?
It's Indie rock'n'roll for me


Glamorous Indie Rock'n'Roll

Led

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

"Muslims have to get rid of this victim mentality"

Dois artigos interessantes para quem tiver tempo:
'Everyone Is Afraid to Criticize Islam' - Interview with Ayaan Hirsi Ali, the Somalian-Dutch politician forced to go into hiding after the murder of filmmaker Theo van Gogh
"We Have to Turn Up the Volume of Reason" - Tariq Ramadan, Europe's leading Muslim scholar

Led

Campeonato Euro-Árabe da estupidez


“Quem tem sido os maiores agressores nos últimos tempos somos nós... portanto eu acho que nos cabe a nós tomar a iniciativa, cabe-lhes a eles também dar passos decididos e não utilizarem a violência porque os protestos são legítimos mas há muitas maneiras pacífica de fazer protestos. Porque não, para além do campeonato do mundo de futebol e do campeonato europeu de futebol, fazer um campeonato euro-árabe de futebol. Esta era uma das coisas que mais poderia aproximar as duas civilizações.”
Freitas do Amaral em entrevista para a RTP
Imagem tirada do Jumento
Aí está a solução para o choque de civilizações
O esférico como arma para aproximar corações
Isto está a ficar precário...
Led

Declaration


There are many forms of totalitarianism in the modern world - secular and nonsecular - all of which we vigorously oppose. As democratic secularists, we consistently defend the ideal of freedom, not only freedom of conscience and belief from those ecclesiastical, political, and economic interests that seek to repress them, but genuine political liberty, democratic decision making based upon majority rule, and respect for minority rights and the rule of law. We stand not only for freedom from religious control but for freedom from jingoistic government control as well. We are for the defense of basic human rights, including the right to protect life, liberty, and the pursuit of happiness. In our view, a free society should also encourage some measure of economic freedom, subject only to such restrictions as are necessary in the public interest. This means that individuals and groups should be able to compete in the marketplace, organize free trade unions, and carry on their occupations and careers without undue interference by centralized political control. The right to private property is a human right without which other rights are nugatory. Where it is necessary to limit any of these rights in a democracy, the limitation should be justified in terms of its consequences in strengthening the entire structure of human rights.
Led

From the Holy Koran



IV.89: They desire that you should disbelieve as they have disbelieved, so that you might be (all) alike; therefore take not from among them friends until they fly (their homes) in Allah's way; but if they turn back, then seize them and kill them wherever you find them, and take not from among them a friend or a helper.
Link

"There may be moderate Muslims, but Islam itself is not moderate. There is no difference between Islam and Islamic fundamentalism. At most there is a difference of degree but not of kind."

-- Ibn Warraq, executive director of the Institute for the Secularization of Islamic Society
Led

The Back Room


Não é uma novidade de certeza no panorama revivalista actual (Interpol, Franz Ferdinand, Hard-Fi, etc yada yada yada) até porque já o tinha em minha posse há muito (o album saiu em Julho de 2005)...Mas por uma estranha e especial razão tornou-se no meu album de eleição dos últimos dias. ..


Led (Lights,Munich, Blood, Fingers in the Factories, Bullets)

Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor

Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.


Miguel Torga

Led

sábado, 11 de fevereiro de 2006

O regresso da censura


A liberdade de expressão não é um valor circunstancial, utilitário e sujeito a concessões seja de qualquer tipo (religioso, político, etc). Não é um valor de esquerda ou direita, é um princípio universal e que nunca deverá ser sujeito a negociação e muito menos por imposição intimidatória . A liberdade de expressão consagra o direito à indignação mas nunca por formas violentas, os regimes democráticos têm veículos legais para o protesto cívico.

Na minha opinião qualquer excepção e limitação que seja aplicada a estas bases da democracia constitui um acometimento ao âmago de qualquer administração que se rege pela democracia de valores. Abrindo um precedente como este, onde acabará a nossa liberdade individual?

Não me interessa se os cartoons generalizaram ou não a religião islâmica, a sátira é mesmo feita disso. Que dizer então do papa com o preservativo no nariz de António Moreira Antunes no Expresso, ou do Jesus Cristo com um míssil na mão de Óscar Seco numa feira de arte espanhola ou do mural das lamentações judaico escrito com as palavra “Hate” em letras de sangue por Robert Ramirez no LA times, ou do imbecil Jesus Cristo dos Monty Python ou das constantes sátiras xenófobas ao holocausto? Lembram-se da manifestações selvagens por todo o mundo? Lembram-se de vê-los a incendiar bandeiras? Lembram-se de terem apedrejado e incendiado embaixadas? Lembram-se de mortos e feridos, atentados e expulsão de estrangeiros dos países? Lembram-se da haverem ocidentais indignados com a falta de bom senso dos artistas e a apelarem ao respeito pelas religiões nestes casos? Lembram-se? Pois eu não. Nem ninguém. Porque nada disso aconteceu. É essa a diferença.

Os cartoons são fruto de uma opinião pessoal e são aceitáveis até ao ponto em que não incitam à violência directamente. Não me interessa perceber a opinião possivelmente xenófoba do autor porque não é isso que está em causa. Volto a repetir que não está em causa o conteúdo mas sim o direito à sátira, que nunca deverá ser limitada pois nunca foi nem nunca o deverá ser obrigatoriamente politicamente ou religiosamente correcta. Também convém relembrar que a nossa liberdade e o laicismo dos nossos governos foram conquistados com muitos infortúnios e esforço exactamente na Europa e justamente contra a intolerância religiosa.

As religiões não podem ser assuntos tabu onde existe democracia e o islamismo não pode fugir à regra! Nada é intocável do ponto de vista do escrutínio jornalístico e de opinião pública. A religião de roma e bizantina ( e todas as restantes formas de cristianismo) têm sido alvo de muitas sátiras ao longo dos últimos 50 anos, e, mesmo assim houve tolerância de costumes. Houve guerra de palavras e fomos assim evoluindo mutuamente, num clima cultural da tolerância, de liberdade, e de aceitação de diferenças. Num ambiente brando de aprendizagem recíproca. Por isso a religião cristã de hoje, apesar do conservadorismo em alguns pontos, evoluiu e conseguiu fazer-se sobrepor à mancha sanguinária de 700 anos de inquisição. E mesmo no mundo muçulmano e israelita os cartoons de âmbito religioso fazem parte do dia-a-dia e não são obviamente estes os responsáveis pelo conflito.

Mas é óbvio que isto ultrapassa largamente o caso da admissibilidade dos cartoons. Esta reacção não tem base religiosa mas sim política. Foi sim apenas mais um pretexto para o descerrar de uma guerra que só os fundamentalistas (muitos líderes políticos) desejam. Os desenhos foram publicados em Setembro de 2005 (quase há 5 meses) e em muitos jornais dos países de regime islâmico. Nunca houve indignação até hoje...depois da estranha reunião da conferência islâmica na Arábia Saudita em Dezembro de 2005 onde a nenhum não-muçulmano era possibilitado o ingresso mesmo que para fins jornalísticos. Reunião esta onde o principal orador era o ilustre “pacifista” Mahmoud Ahmadinejad, o presidente da república do Irão. É claro como a água que esta foi mais uma estratégia de manipulação massiva dos crentes, para que a opinião pública se esqueça das políticas domésticas e para que seja mais permissiva a possíveis actos futuros de terrorismo (mesmo verbal). Isto são factos deveras perturbadores, mas não me interessam muito aqui. Porque o que está em causa à priori é simplesmente o direito incontestável à liberdade de expressão, um valor de que não estou disposto a abdicar, um princípio inegociável principalmente quando as pressões são maiores.

Isto não é um jogo de modas nem se trata de tomar partido seja pelo que for porque não existe tal "eixo do mal". Não me queiram enfiar no grupo dos que acham que está em curso uma "guerra de civilizações" em que uma das frentes de batalha é a invasão do Iraque. Fui contra, sou contra e todos os dias as informações que vão chegando confirmam que a razão está do lado dos que estiveram contra. Para mim o 11 de Setembro teve uma resposta legítima na invasão do Afeganistão. A invasão do Iraque foi ilegítima e acima de tudo assente numa completa mentira (as armas de destruição massiva ou maciça). O que este caso dos cartoons provou foi apenas que estamos obrigados a defender os nossos valores cá, onde vivemos. E a não deixá-los contaminar por valores externos assentes na tirania, na intolerância e na irracionalidade.

Mas esta é a nossa compreensão de liberdade e é esta que eu quero sem criação de sentimentos de culpa ou recalcamento diletante. Não quero a do Irão, Egipto, Líbia, Síria, Palestina, Bali, Quénia ou Arábia Saudita com os seus constantes atentados aos direitos e dignidade humana. O Ocidente não é perfeito e não há sociedades superiores em abstracto mas é sem dúvida mais justo e decente de um modo global do que qualquer um desses países de regime ditatorial fundamentalista. Fico por isso indignado que certos sectores da nossa sociedade que nos habituaram a um constante criticismo da igreja católica tenham um peso e duas medidas só porque neste caso se trata da susceptibilidade islâmica. Deixem-se do politicamente correcto de pacotilha e abram os olhos de vez para a realidade! E deixem-se da desculpabilização da violência por factos de ordem social! Entristece-me a pobreza e a consequente imersão no religiosismo fanático, a corrupção e o fundamentalismo dos seus governos, mas isso não lhes dá qualquer tipo de legitimidade para recorrer à violência. O fosso entre o Ocidente e o Oriente islâmico existe e tem de ser visto com realismo e coerência de valores. Com muito diálogo mas sem abdicar obviamente do essencial.
A liberdade individual é o nosso maior ícone e também a nossa maior virtude e aqui não pode mesmo haver resignações de qualquer tipo.
Led

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Oportuníssimo


"Stumbled round, you I found
Adored your glory and you my story
Then you let me down, let me down
You know we're the same
Once I frowned, then I found
The one I love, as if from above
You smile at me, I smile at you
We were the same
You are not an enemy
You are not an enemy
Gentle as the sky
Please don't ask me why
You are not an enemy
You are not an enemy
Gentle as the sky
Please don't ask me why
I cry"

JJ72 - Nameless

Led

Arma de arremesso


«O medo é o que impede que tudo o que chega às mãos dos homens não se torne em sua propriedade. Basta produzir uma impressão que não se pode explicar, inserindo no medo o desconforto da culpa. É assim que milhões de pessoas podem ser pastoreadas nas ribeiras da paz por muito poucas. E nas trincheiras da guerra por outras tantas, senão as mesmas.»

Agustina Bessa-Luís

Led

Uma voz vinda de uma minoria silenciosa


" Em Franca, os Muçulmanos perseguiram um escritor que declarou que 'O Islamismo era a religião mais estúpida e ofensiva do mundo'. Aparentemente tratava-se de uma incitação ao ódio racial. Aqui somos capazes de fazer valer os nossos direitos - coisa que na maioria dos países islâmicos nunca poderíamos fazer. Mas este francês fez mal em escrever que o Islão precisava de crescer? Que pensar do incitamento ao ódio aos judeus no Corão? Os Muçulmanos que invocam o Corão para justificar o anti-semitismo não deveriam, também, serem perseguidos pela justiça? Ou seria ainda 'repressão violenta'? Com a nossa piedade sobre nós mesmos e os nossos silêncios ostensivos, nós, Muçulmanos, conspiramos contra nós mesmos. Estamos em crise e queremos arrastar o mundo inteiro com a nossa crise."

"Mesmo no Ocidente ensina-se correntemente aos Muçulmanos que o Corão é a última manifestação da vontade de Deus, que suplanta a de Torah e a do Novo Testamento. Como manifestação ultima, o Corão é o texto 'perfeito' - que não pode ser questionado, analisado ou interpretado. Ele não pode ser senão acreditado."

"O Corão lembra aos Muçulmanos que eles não são Deus. E por consequência os homens e as mulheres deveriam ser justos nos direitos que exigem uns dos outros: (...) 'Honrem as vossas mães que vos carregaram. Deus observa-vos sempre.' O que parece estranho é que no mesmo capítulo - algumas linhas na frente - o Corão inverte completamente a corrente de pensamento: 'Os homens têm autoridade sobre as mulheres porque Deus fez os homens superiores às mulheres e porque os homens gastam as suas riquezas para as sustentar. Deus fez as mulheres obedientes... Quanto às mulheres de quem duvidem da obediência, castiguem-nas, ponham-nas a dormir em camas separadas e espanquem-nas.'"

Por mais incrédulos que fiquemos, estas passagens do Corão não são inventadas. É isto que as mulheres e os homens Muçulmanos aprendem no decorrer das suas vidas ...”
Irshad Manji - " The Trouble with Islam today: A Muslim's Call for Reform in Her Faith"
Led (a tradução não foi minha)

Para quem estiver perto da capital


COMUNICADO - CONVITE

Na próxima 5ª feira, 9 de Fevereiro, pelas 15 horas, um grupo de cidadãos portugueses irá manifestar a sua solidariedade para com os cidadãos dinamarqueses (cartoonistas e não-cartoonistas), na Embaixada da Dinamarca, na Rua Castilho nº 14, em Lisboa.
Convidamos desde já todos os concidadãos a participarem neste acto cívico em nome de uma pedra basilar da nossa existência: a liberdade de expressão.
Não nos move ódio ou ressentimento contra nenhuma religião ou causa. Mas não podemos aceitar que o medo domine a agenda do século XXI.
Cidadãos livres, de um país livre que integra uma comunidade de Estados livres chamada União Europeia, publicaram num jornal privado desenhos cómicos.
Não discutimos o direito de alguém a considerar esses desenhos de mau gosto. Não discutimos o direito de alguém a sentir-se ofendido. Mas consideramos inaceitável que um suposto ofendido se permita ameaçar, agredir e atentar contra a integridade física e o bom nome de quem apenas o ofendeu com palavras e desenhos num meio de comunicação livre.
Não esqueçamos que a sátira ? os romanos diziam mesmo "Satura quidem tota nostra est" ? é um género particularmente querido a mais de dois milénios de cultura europeia, e que todas as ditaduras começam sempre por censurar os livros "de gosto duvidoso", "má moral", "blasfemos", "ofensivos à moral e aos bons costumes".
Apelamos ainda ao governo da república portuguesa para que se solidarize com um país europeu que partilha connosco um projecto de união que, a par do progresso económico, pretende assegurar aos seus membros, Estados e Cidadãos, a liberdade de expressão e os valores democráticos a que sentimos ter direito.
Pela liberdade de expressão, nos subscrevemos:

- Rui Zink
- Manuel João Ramos
- Luísa Jacobetty

Led

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

February Stars


Hanging on
Here until I’m gone
Right where I belong
Just hanging on

Even though

Watched you come and go
How was I to know
You’d steal the show?

One day I’ll have enough
To gamble
I’ll wait to hear your final call
And bet it all

Hanging on
Here until I’m gone
Right where I belong
Just hanging on

Even though

I passed the time alone
Soon we’re so unknown
It heals the soul

You’ll ask for walls I'll build them higher
We’ll light the shadows of them all
I’d stand but they’re much too tall
And I fall

February stars!

Floating in the dark!
Temporary scars!
February stars!

Foo Fighters

Led

Pedras basilares


"What is freedom of expression? Without the freedom to offend, it ceases to exist” Salman RUSHDIE (1947-)

“I disapprove entirely of what you say, but I will defend to the death your right to say it.”
Francois Marie Arouet VOLTAIRE (1694-1778)

Led

10 actos livres de expressão

10 notas a reter :

1) “Os muçulmanos têm, evidentemente, o direito todo de se indignarem com os referidos "cartoons". Só que o problema não está na indignação. O problema está - como devia ser mais do que óbvio mas afinal parece que não é - na forma como essa indignação se manifesta. Aqui o princípio democrático estrutura-se em várias coisas e uma delas, basilar, é o princípio da liberdade criativa. E podemos indignar-nos com tudo o que quisermos. Só que há limites às manifestações dessa indignação. E o limite são as leis. Não vale portanto assassinar realizadores de cinema (como aconteceu na Holanda), nem lançar penas de morte sobre escritores (Salman Rushdie) nem chantagear governos democráticos de países democráticos para que estes violem as próprias regras base da democracia (como está agora a acontecer na Dinamarca). Aqui, pelo menos, isso não vale. E, perante as chantagens islâmicas, surgirem vozes ocidentais com peso político pregando o "bom-senso" na tal liberdade criativa, representa, só por si, um condicionamento dessa liberdade. Por outras palavras: é fazer o jogo daqueles que querem transladar para aqui a sua maldita cultura ditatorial (que é, afinal de contas, uma cultura de morte). Portanto, a solução para impedir a contaminação no Ocidente do pior da cultura radical islâmica não se faz por cedências ao "bom senso". Pelo contrário: tem é que se repetir à exaustão o gesto alegadamente criminoso, até que o fascismo islâmico perceba que quanto mais chantagear e mais ameaçar mais ofendido ficará.”

2) “O direito à manifestação da indignação faz parte também da liberdade de expressão. Mas "cá" a manifestação da indignação faz-se dentro dos limites da lei. Com manifestações de rua (mas sem violência) e/ou nos tribunais e até doutras formas (não me chocaria, por exemplo, que os muçulmanos decretassem um boicote ao jornal em causa). No caso dos "cartoons" não foi só isso que se viu. Viu-se isso e muito mais. Ameaças, coacção física e, por exemplo, destruição de embaixadas (que são território de "cá", embora no estrangeiro). Os humilhados e ofendidos do islamismo - os que "cá" vivem - têm de, nomeadamente, perceber que não é pressionando um Governo (no caso o da Dinamarca) e chantageando-o economicamente que se impõe limites à liberdade de expressão. "Cá" não são os governos que vigiam a liberdade de expressão; são os tribunais. "Cá" é assim que se funciona - "lá" é como eles quiserem. Ou seja: nos países islâmicos eles que se organizem como quiserem. Eu, indo lá, respeito as regras de "lá". Mas "cá" respeitam-se as regras de "cá".”

3)Daniel Oliveira , o mesmo Daniel Oliveira do Bloco de Esquerda, especialista nos vícios da Igreja e na denúncia dos seus escandalosos abusos, apareceu ontem na SIC-Notícias como o grande defensor do direito à indignação por parte dos que se sentem justamente ofendidos nos preceitos da religião. O direito à indignação explica tudo o que se passa no Islão: multidões em fúria, exigindo vingança e queimando bandeiras dinamarquesas; retaliações diplomáticas; ameaças de bomba; destruição de embaixadas; sanções económicas. Para Daniel Oliveira, são simples manifestações de quem se sente ultrajado nas suas mais profundas convicções. Qual é o problema de se queimar, aqui e ali, uma bandeira, num legítimo acesso de indignação? Os que se sentiram ofendidos com a caricatura do Papa com um preservativo no nariz, não fizeram também…um abaixo-assinado? Se uns se entregam à violência de um abaixo-assinado por que não hão-de os outros queimar pacificamente umas bandeiras e destruir duas ou três embaixadas? Pois é! Não perceber isto é não perceber o essencial de uma esquerda complexada que faz gala no ataque à Igreja para melhor poder… respeitar o Islão.”

4) “Ó Daniel, lembras-te de ter disto isto? "Cristo não é familiar ou amigo de ninguém aqui. É uma personagem histórica. Pode ser gozada, sem que isso tenha de ofender ninguém." http://barnabe.weblog.com.pt/arquivo/050990.html Se calhar foi um clone, só assim se compreende.”

5) “A história das caricaturas dinamarquesas é extremamente simples e começa e acaba numa linha: é uma questão de liberdade. Ou há, ou não há. O que é novo e precupante são as toalhas de palavras e justificações que começam a ocultar o que devia ser absolutamente simples e onde qualquer palavra a mais é demais.”

6) “A questão essencial é a da desproporcionalidade dos meios de reacção, destruir as embaixadas dos paises mais tolerantes, solidários e fraternos é uma declaração de guerra da barbárie contra a civilização. As democracias não podem envergonhar-se, nem têm que se justificar ou pedir desculpa por defenderem a liberdade de expressão. O jornal Jyllands-Posten e o governo dinamarquês pela voz do primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen só erraram no momento em que decidiram pedir desculpas por algo que nada tinha de errado. Foi abrir um precedente sem sentido, foi consentir a ideologia fanática radicalizada do mundo islâmico, uma humilhação completa e cobarde. Pena que o petróleo e os restantes abonos económicos mais uma vez estejam à frente da intransigência na defesa dos valores morais que constituem a nossa sociedade.”

7) “Incitações ao ódio, violentas, puras e explícitas podem perfeitamente não ser abarcadas no conceito de liberdade de expressão de uma sociedade democrática, e sempre na medida em que esta, querendo preservar-se como democrática, creia que proibir a liberdade de expressão de anti-democratas a coloca menos em risco que, permitindo-a. E, por outro lado, os cartoons sobre Maomé não podem ser consideradas incitações explícitas ou violentas ao ódio anti-islâmico. Tal como um preservativo no nariz do Papa tão pouco o é. O discurso nazi dos anos 20 e 30 esse sim estava plegado de infinitas incitações ao ódio, violentas e explícitas até a exaustão. É absurdo querer comparar uma coisa com a outra. O que talvez não seja tão absurdo é comparar o ódio contra Ocidente nos discursos dos imanes radicais do mundo muçulmano com o discurso da propaganda hitleriana contra o sionismo.”

8) “Sem Erasmo, a Reforma, o iluminismo e o socialismo; e sem a arte, a ciência e a crítica bíblica, a Europa ocidental, para sossego e conforto do seu espírito, seria agora quase oriental e, com sorte, até talvez muçulmana. Uma hipótese que aparentemente agrada a toda a gente que por aí rasteja para não ofender ou amansar a conhecida susceptibilidade do Islão. A tirania do "politicamente correcto" já não permite pensar que a civilização greco-latina e judeo-cristã da Europa e da América é uma civilização superior; e superior, muito em especial, à civilização falhada muçulmana e árabe. Mas, quer se pense quer não, o facto permanece e a subserviência do Ocidente perante a intimidação islâmica, a propósito dos cartoons da Dinamarca ou de qualquer outro pretexto, envergonha e humilha.”

9) “Lamento, mas esta não é uma questão de gosto. O valor ou a oportunidade dos cartoons publicados no Jyllands-Posten, o já famoso jornal dinamarquês, não são para aqui chamados. Defender o direito de publicação de uma dúzia de cartoons sobre Maomé não me obriga a defender o seu conteúdo e muito menos a concordar com os objectivos explícitos (ou não explícitos) dos seus autores: obriga-me apenas a defender uma coisa tão simples como a liberdade de expressão. Se a liberdade de expressão se mantivesse sempre nos limites do “aceitável”, como alguns pretendem, não precisaria de ser defendida. São precisamente os excessos que a põem à prova. E são quase sempre esses excessos que nos parecem deploráveis. O mundo não é perfeito.”

10) A liberdade, a igualdade e a tolerância são princípios dos quais não estou disposto a abdicar, mesmo que por vezes tal me provoque alguns dissabores. Os benefícios ultrapassam, seguramente, as desvantagens.

Uma colecção de excertos de textos publicados pelos intervenientes e comentadores anónimos de vários blogues:
Led

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Google aceita censura do governo Chinês


A censura aqui!

“ A versão chinesa do popular motor de pesquisa, lançada hoje, aceita as regras de censura impostas por Pequim.”

“A Repórteres Sem Fronteiras (RSF), por exemplo, afirma que hoje é "um dia negro para a liberdade de expressão na China".

Hão-de explicar-me ainda quando é que a RSF conheceu um dia "claro" para a liberdade de expressão naquele país...

Led (já sabem, nada de pesquisas por "totalitarismo", “ditadura” ou "repressão")

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006