sábado, 29 de dezembro de 2007

Hiato

Os blogs. O meu blog. A popularização das confissões e delírios líricos e poéticos pela blogosfera. Entendo o que em parte me reprime nessa teia vaidosa de intenções, maioritariamente patéticas de precocidade, onde honestamente me revejo. Mas gostava de compreender o outro lado por palavras. A sua entrada no domínio público. O mesquinho extravaso da bisbilhotice requintada. Uma certa forma de virar do avesso os escritos para se saber o que há lá dentro e os expor ao sol. Qualquer coisa assim e não sei. E neste modo de não ser em recato, a perda do sagrado, a sua profanação. E isto acompanhado de comentários de apoio, de análises críticas, de explicações, de uma forma de lhe devassar a sua intimidade. Por vezes o “blogger” ainda se isola para se cumprir. Mas é quase uma formalidade imediatamente desfeita na sua divulgação. Não se trata de que a "plebe" seja excluída do acesso ao desabafo lírico da sua experiência individual. Trata-se de ela ser exposta ao sol, ser um artigo transaccionável como o papel higiénico, de se falar de sensibilidade íntima como de uma mulher pública. Trata-se de lhe prostituir o que por vezes há nela de sublimidade e recato e discrição e mistério. Trata-se de a neutralizar, de a obrigar a despir o enigma. Ou uma coisa assim. Por outro lado, ser sintético, resumido, anti-retórico, enigmático para esconder o enxuto, asséptico, niquelado, de fácil digestão. Parece uma fórmula inesgotável para se ser em cultura e ainda atrair público. Mas nunca se anotou que para se ser eficiente no resumo é preciso qualidade naquilo que se resume. A mediocridade banal é sintética e não cheira mal. Mas não deixa de ser medíocre. Portanto, porque volto aqui? Por auto-flagelação? Por vício irreprimível? Aprecio cada vez mais quem pratica o pudor de vez em quando, mantém-nos terrenos. Mas ainda sim...De vez em quando o blog espreita de lado, esquecido das minhas intenções. Viro a minha cara, faço que não vejo. Não me apetece escrever, nem opinar, quase não me apetece ser. E tudo o que é de me apetecer não se ergue da cadeira em que me espalho, inerte, pasmado para o aquecedor, para o sol que brilha para lá dos cortinados da janela ao fundo. Não mudamos com a idade na disposição do que somos. Apenas, como na música, somo-lo noutra acentuação. Porque volto aqui? Está sol mas há frio. Ouço uma zaragata de cães para o espaço das matas. Há um cão a ganir e outros a ladrar decerto por solidariedade. Vozes longínquas. Uma motoreta passa na estrada em frente com o seu ruído estralejado. Frio coalhado, frio adstrito, frio cristalizado. E a nulidade em mim para ser qualquer coisa em face disso e vir aqui confessá-lo.
Led

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Your future's bleak, you're so last week


Tudo o que é sólido se desmancha no ar, dizia o sociólogo Zygmunt Bauman. Li há tempos um artigo do Eduardo Prado Coelho sobre o pós-modernismo nas expressões artísticas, mormente na literatura e pintura. E o que dizia sumariamente nesse texto é que, depois do modernismo, que é o cansaço, o chateamento, a saturação do modernismo, não há o retorno a antes dele, que é o cansaço e o vazio e tudo o mais a dobrar. Assim o que há é a flutuação, hesitação, cinismo, derivação, neutro, ou seja, cinza (na pintura). O que há é o não se saber o que há e que isso se reflecte na maneira de estar da sociedade e singularmente na maneira da arte a representar. O que há é sobretudo o enrascanço de toda uma civilização ocidental sem saber por onde se referenciar. Até eu já me tinha apercebido, sem citações, menos palavreado e uma infinita ignorância, como se prova no modo urgente e despachado como o digo, modo pós-modernista. Porque a grandeza da vida tem agora o maior valor nela própria e não fora dela, numa qualquer ideia política, religiosa ou o mais. Acabado o tempo de se inventar razões fora dela, não se pode hoje justificar a vida senão nela. Será essa a nossa perdição ou a nossa libertação humanista derradeira. Isto se o planeta não se fartar de vez de nós e das nossas cogitações metafísicas de treta. Treta também é uma boa definição de pós-modernismo.


PS: Não sei o que é o pós-modernismo.

Led (obrigado pela imagem, Nuno)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Radiohead - "In Rainbows" (Disc 2)


Pois é, falamos de Radiohead mais uma vez! De acordo com os planos, a muito antecipada caixa-disco “In Rainbows”(chega às lojas europeias no dia 1 de Janeiro) já foi entregue a alguns fãs que tinham feito a pré-encomenda (claro que, como eu fico sempre para último, a minha deve chegar apenas na próxima semana) . A caixa contém as versões em Vinil e em CD do álbum ( finalmente com qualidade a rondar os 360kbps), um booklet com as letras, um vale de compras no valor de 3 euros no Carrefour, uma assinatura válida por um ano como sócio do SLB, uma fotografia assinada de Chávez com o título “No me lo calo”, a confissão vídeo de Bin Laden como raptor da Maddie, o vídeo porno da Paris (com extras), e, finalmente, mais importante que tudo, um segundo CD com 8 canções bónus.

Inevitavelmente este CD bónus já escapou para a redoma da net e eu próprio já consegui ter acesso a 6 dos 8 temas ( a recordar: 1. "MK 1", 2. "Down Is the New Up", 3. "Go Slowly", 4. "MK 2", 5. "Last Flowers (till the hospital)", 6. "Up On The Ladder", 7. "Bangers and Mash", 8. "4 Minute Warning").


Mais palavras para quê?
Aqui vos deixo então a versão do álbum do tema “Down Is The New Up(para ouvir, carregar play, esperar algum tempo para fazer o download e voltar a carregar play quando estiver concluído) . Impecável...
Led

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

“...e, de repente,

senti que, para além da identidade em que todos se diferenciavam uns dos outros, uma coisa estava acontecendo, acontecera naqueles dias, na acumulação de coisas que haviam desabado sobre mim: tudo desabava numa desordem sem fronteiras nítidas e passava a ter o valor que cada um lhe desse. Isto porém, era ainda um segredo de cada um.”

Jorge de Sena in "Sinais de Fogo" (1979)

Led

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Lost at sea

Sigur Rós -Sæglópur

Led

Tão pouco de tudo...

Não te queixes. Não os ofendas com a tua diferença. Os outros já tem tanto de quê. Não fales de coisas tristes. Os outros têm já tanto que chegue. Não fales em solidão. Todos os outros estão sós. Todos os outros já o sabem, mas não se lembram, não se querem lembrar. Como quando se ama todos os dias e se esquece o amor por habituação. Fala é da alegria destemida confiante, da força, da conquista, de tudo o que nos instaure em imortalidade. Não fales da guerra, da dor, do medo, da doença, da fadiga. Acaba com a estupidez de falares da estupidez da morte. Estamos fartos da cantilena macabra. Para o raio com o negrume que só começa a existir lá para o anoitecer, que é quando não se vê bem e portanto existe com mais força. Ilusões da tua certeza, as sombras semeiam-na da cegueira da noite. Vê-la lá fora? Para além da vidraça, ergue-se do vale com a sua razão categórica. Trémulo bruxulear da claridade que ainda resiste, na oscilação da incerteza se joga o teu destino, se joga o destino do mundo. Um pedaço de sol e mar ilumina e lava a noite mais sombria até aos confins da sua sombra, sabias? Por isso chega de incertezas por agora. A tua vida inteira... Breve fulge no lume pobre, na tua fadiga. É pois só o que te resta de companhia? E o sorriso em filigrana de estares vivo. Que é que realiza um homem para si? Não o que se conquistou, porque o que se ganhou ou perdeu tem o seu limite na morte, onde a vitória e o desastre se reconhecem irmãos. O que te faz ser o que foste é o nada que foi então e humilde se levanta das margens do teu ver e sentir, das margens de tu seres real. E toda a tua vida, toda a complexidade do que nela amealhaste, sobe de ti, dos anos tão cheios agora de coisa nenhuma, cabe inteira no esquecimento do teu olhar alheado. Pequena alegria de estar, imenso nada a preencher o ter vivido e haver um longo percurso ainda a percorrer, contigo aqui, resumo de tudo, indício breve da tua divindade, centelha final do incêndio que ainda fulge – memória de nada, memória de ti. Por isso vê-se estás...Cerra os olhos profundamente. E esquece tudo... Condensa-te agora numa qualquer imagem bonita que tenhas para aí guardada na algibeira. Deste sol da tarde que se derrama pelo escritório, embate na estante de livros, se instala nas tuas mãos. Do raio diáfano que atravessa o horizonte imensurável. De uma memória pacata. Da tepidez dos mares de Outono. Da minúcia doce de um fragmento da sua pele que se arrepia. De um céu infinito que se descobre. Ou de uma qualquer memória de vagas do mar. Tudo isso, apenas isso. Tão pouco. Tão pouco... Foi o nada que te sobrou da tua vida inteira. Por isso abre ao deslumbramento do mistério, da verdade oculta das coisas. Fica à margem e olha. Assiste ao insondável estúpido e sê estúpido com ele, sem uma palavra que o diga. Vives rodeado do mistério e jamais o dominarás. E isso não passa pelas palavras. Por isso vive-o. Respira-o. Como é que isso podia passar pelo exíguo obtuso circunscrito do dizer? Como é que o mistério pode estar num vocábulo? Porque dar um nome seria delimitar, tornar redutível, tentar pôr nas nossas mãos o que nos foge. E tudo é tão efémero e superficial hoje em dia...minha querida...devia talvez haver palavras. É tão necessário... Uma frase luminosa. O pontuado cintilante de estrelas no véu negro do céu. O sol vivo que arrasta consigo o rumor fresco do mar. O bálsamo do vento numa seara. O latir longínquo de um cão na extensão celeste da noite. O crepitar das folhas no parque ao teu passar. Uma toada acústica fresca . O...
Led

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Memória de sol

De uma das varandas em frente o meu prédio trepam plantas que já chegam ao terceiro andar. Bate-lhes o sol-poente, que reluz entre a folhagem tremente. E uma evocação campestre estremece no seu entreluzir. É uma memória tranquila das tardes longas, desafrontadas do calor suave, quando se respira fundo e em silêncio e se espera devagar que a noite vá começar. Tempo suspenso. Tempo de levantamento. Qualquer coisa que se nos erguia, nos embalava, nos expandia, nos fazia respirar o universo a haustos fundos. Tardes de luz, do rumor de águas nos ribeiros da lameira do Côa, de aromas que passam no vento vindos das profundezas da Malcata ao iniciar do Outono e dos rumores familiares das festas dos Santos. Tardes de sossego, de reconciliação com a vida, de olhos semicerrados à divagação erradia, tardes de pacificação, de benção que nos descia não sei donde e nos entrava na alma e aí alastrava como a sagração de uma vida...quantas esperanças e sonhos e vidas não ficaram aí...para sempre incessantes até à infinidade dos séculos.

Led

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

10th

Para os jornalistas que se queixam todos os dias de limitação na liberdade de expressão, vejam lá em que posição está o nosso país (de 169) na classificação dos Repórteres sem Fronteiras:


Esclarecedor?
Led

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um analista da bola

Com o Rui Santos acabou-se a comoção digna de primatas no futebol. Agora as análises futebolísticas são antes de mais ensaios filosóficos, comportamentais ou sociológicos. Agora a coisa é toda ela cerebral, com muito aprumo fleumático e óculos progressistas à mistura.
Suporta-se esse tom, quando há no futebol motivo para isso. Mas como raramente o analista “profissional” fala de futebol internacional e corrói 80% do tempo de antena a divagar sobre o temperamento dos árbitros portugueses, conclui-se que raramente há motivo para falar sobre o que quer que seja. Simplesmente, ele julga que não, ele pensa que por falar à Einstein em voz grossa, Einstein o ouve logo. É verdade que esta aptidão analista já havia sido anteriormente desenvolvida na TVI pelo também “intregríssimo” e esquemático Jorge Coroado. Mas Rui Santos é jovem e promissor. E aqueles óculos dão-lhe outra pinta...Mas no fundo, o que a gente desdenhosa e mal-informada (e saloia como eu) desconfia é que a pose sobranceira só serve para esconder o adepto queixinhas e complexado que no fundo o move. Só pode!

Vou ser incinerado depois deste post...


Para amaciar a questão gostaria realçar que, apesar de tudo, gosto da escolha de gravatas do rapaz. O futebol nacional já merecia gente séria e com nível, sobretudo na escolha do fato e gravata.

Led

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Este post não é original

Será preciso repeti-lo até à exaustão?
Toda a banda/artista que é original é diferente. Mas nem toda a banda/artista que é diferente é original. É fácil destoar pela diferença mas é muito mais difícil entoar pela originalidade. A originalidade vem de dentro para fora. A diferença é ao contrário. A diferença vê-se, a originalidade sente-se. A diferença gasta-se como a sola de uns sapatos, a originalidade perdura no imperscrutável. Assim uma é fácil e a outra é difícil. A diferença é uma fórmula, a originalidade é um modo de se ser e de se sentir. A diferença avalia-se com cautela e exibe-se no fim como uma medalha ao pescoço. A originalidade é inestimável e transmite-se pela emoção. Para se ser diferente vai-se ao barbeiro ou ao shopping das manias ou apregoa-se inconveniências anti-estatutárias. Para se ser original vai-se ter com o divino augusto e espera-se que nos toque. É fácil fazer música só com um ou dois acordes, ou atirar com as palavras à melodia e dispô-las como caírem, fazer serrado na guitarra, copiar trechos electrónicos de sons sem sentido e dispô-los anarquicamente na canção enganando uma falsa erudição, ou cortar o refrão aos bocados e dispô-los em vários tamanhos ou então omitir mesmo o refrão, ou fazer qualquer número de cambalhotas como um equilibrista. Haverá sempre um enciclopedista musical na esquina que aplauda a diferença com arrebatamento e distinção. Haverá sempre quem enalteça a mediocridade por cisma carneirista, ainda que o rei caminhe nu. Agora o que é difícil é sentir de um modo novo, recriar um mundo por sobre o que já foi recriado, ver o que os deslumbrados constitucionais não enxergam. Pôr seja o que for de pernas para o ar não deixa de ser o mesmo por estar invertido. Mas o artista original torna acessível um dos possíveis mistérios para uma nova acessibilidade. E essa nova acessibilidade é que é diferente na maneira profunda de a sentirmos. A originalidade é centrífuga. E só pode ser apreciada intimamente, sem o ruído de fundo da esperteza saloia. Vão-te apontar o dedo ou desprezar-te, provavelmente. Mas por isso é que é difícil ser-se original. A originalidade existe através de nós, a diferença é para os outros.
Led

Nevoeiro nórdico

Logh - The Contractor and the Assassin

Boa noite!

Led

sábado, 20 de outubro de 2007

Grau Zero da música - Sofrer com estilo

30 Seconds to Mars, My Chemical Romance, Green Day, Funeral for a friend, Linkin Park, Hoobastank…

Emo, Punk Revival, Grunge revival, Post-Hardcore, Punk Pop…

A prova que Deus escreve torto por linhas tortas...


...e eu estou a ficar velho.

Led

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Unidade Sindical

Nunca morri de amores pelas manifestações dos principais sindicatos da função pública, reconheço. Sempre me irritou o clima provocatório e histérico desses ajuntamentos de “massas” e o impulso primário à manada. Porque sempre achei que entre isso e nós deveria haver uma distância razoável de reflexão e responsabilidade cívica, de alguma frieza mental. Mas a proliferação de manifestações deste género tem resultado numa banalização desta forma de intervenção que não deixa de ser perigosa, tal como no conto do Pastor e do Lobo. A disseminação de manifestações irresponsáveis com propósitos políticos de achincalhamento à falta de mais argumentos e a constante manipulação e apropriação dos instintos mais básicos e das frustrações mais profundas das pessoas menos informadas, reivindicando todos e quaisquer direitos e privilégios, assenta numa desfaçatez atroz. Ao menos que assumissem de vez que todas estas demonstrações simultâneas acusando o governo de asfixiamento democrático não são apenas fruto de uma casual coincidência de pretensões mas fruto de uma estratégia política bem delineada. Dos velhos esquemas e estratagemas de sempre. O que me ofende sobretudo é imbecilidade displicente, o desprezo e prepotência contra a nossa inteligência e capacidade de observação. Tudo o que importa aos líderes destes grupos (sempre os mesmos) é direccionarem politicamente os factos, retorcendo-os até ao absurdo e fazerem de nós estúpidos com eles. Quanto aos militantes, o seu problema não é o cinismo, mas o fenómeno que Sartre identificou como má-fé, isto é, um acreditar religioso e transcendente daquilo que não é facticamente. E depois existem os remanescentes desta linguagem que mostra como certos sectores da sociedade portuguesa continuam rendidos a trivialidades de salão e de salinha, não ganhou consciência crítica e continua a engolir tudo quanto lhe põem à frente mesmo depois do naufrágio comunista. Como o tipificado desabafo dos manifestantes de que o 25 de Abril não se chegou a materializar, como ouvi há pouco o Tim dos Xutos a propósito da morte de Adriano Correira de Oliveira. Nunca percebi bem onde que se quer chegar com este comentário, senão como mero devaneio lírico. Se o conceito dele de liberdade e democracia vem da utopia excepcional da condição de artista é desculpável. Se o conceito dele de “fazer Abril” está associado às ambições de um grupo político que se queria servir do País, que o ia lançando numa guerra civil, que promoveu nacionalizações vergonhosas, ocupações selvagens, que destruiu empresas, fez saneamentos persecutórios, ocupou jornais e rádios, tentou proibir a liberdade de imprensa e queria mandar os «fascistas» para o Campo Pequeno , então temos de facto um conceito altamente diferente de “liberdade”. Porque esta invocação de liberdade sempre reivindicada pelos grupos ligados ao PC é curiosamente coincidente com a do fascismo, atacar a liberdade pela defesa da liberdade. Por isso irrita-me o grau condescendência e o tabu ao criticismo a estes grupos políticos, de algum modo semelhante a uma certa invulnerabilidade religiosa, e que, trinta e três anos depois, continua a ser considerado como crime de lesa-pátria e uma despudorada declaração de «fascismo», sempre usando e abusando dos heróis (cada um tem os seus) de Abril como arrazoamento sagrado. E isto tudo para dizer, que sem deuses e demónios não há mesmo equilíbrio para o homem. Finda a religião ficámos esbarrados no dualismo “governo reaccionário capitalista e cobiçoso” e o “sindicalista trabalhador eternamente injustiçado” para nos aguentarmos de pé. Por onde se poderá abrir caminho? De tal modo que, ..chega. Vou jantar.
Led

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Song To the Siren

Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?

Tim Buckley

Led

sábado, 6 de outubro de 2007

Moving my hands upon the clock

Um novo dia. Sol. Energia .Optimismo. E o maravilhoso sermão no tema The Clock.

Led

Destroços

Estamos mesmo no grau zero da civilização. Será que não há nada mais visível para além de nós próprios? Tudo é certo explicável mensurável plausível banalizável experimentável consumível. É o vazio irrespirável e nele temos de respirar. É o ruído lancinante e nele temos de nos escutar. Nenhuma causa se pode hoje inventar para se morrer por ela. Todos os mitos se dissiparam e nada em nós hoje pode segregar um novo. Tudo se nos intromete na alma para relacionamento com o exterior e nada mais. A obscenidade moral em directo na tv 24 horas por dia. Moral, família, crença, política, ideais de qualquer espécie – tudo alegremente para o caixote. Todas as diferenças planificadas a rasoiro, tudo se é em colectivo aperfeiçoado asséptico consolidado até aos limites como as unidades fabris. Desconstruir, desmistificar, dissolver, negar, animalizar. São as palavras actuais de tudo na vida. Nada vale nada porque tudo vale tudo. Desta degradação geral dos valores não surpreende portanto o apelo paralelo e inútil da metafísica das crendices. Ou os suicídios colectivos de certas seitas e fundamentalistas muçulmanos. Porque é o preço da utopia que garante o seu valor. Tudo hoje se cumpre portanto na agressão ideológica, mas a ideologia já não diz nada e só ficou apenas a agressão como ímpeto. Como criar novos valores no meio deste vendaval pragmático e excessivo de informação que tudo devassou? Como ignorar ainda a inquietante sensação de deriva geral? Porque nos limitamos a entreter com as questões da política, do amor, do ciúme, da traição, das minhoquices e merdilhices de questiúnculas de atrasados mentais? Como sair dos espectro de paralisia geral? Como omitir que é belo o sol e estúpido o vento e estamos para sempre sós e gratuitamente vivos e não somos eternos? Como nos pensar para daqui a um milhão de anos quando já estivermos extintos?
Noite densa. Silêncio na terra. Esquecer e adormecer. Amanhã é um novo dia....
Tanto me faz.
Led

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Lição nº 1

Se te resta alguma dignidade meu caro, não te queixes na praça pública para teres um foco de atenção mascarado de anseio de fraternidade alheio. Detém-te um pouco para te veres. Escolhe bem quem queres para teu travesseiro. Não desbarates a reserva. Poupa as palavras, guarda as melhores para o fim como o derradeiro naco num prato. É verdade que o estatuto social proíbe-nos de confessar as fraquezas mais íntimas. Mas a internet é o pior local para se ser em intimidade débil. Porque na verdade os que te ouvem ou te não dizem nada, comprimidos de júbilo, ou mostram piedade por ti, que é a forma de te afastarem para o teu lugar inferior e terem a satisfação de eles não estarem aí. O seu sorriso comisero é apenas o sorriso canino ou o sorriso cínico, que é o jeito natural que lhes fica de carregarem uma navalha nos dentes.
Led

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Sim, sim! Já sei! In Rainbows!



Pois é meus caros! Apenas regresso a este triste espaço para anunciar o impreterível. Por fim os Radiohead lá acabaram por anunciar o lançamento do seu novo álbum no site da banda “Dead Air Space”. O álbum chama-se “In Rainbows” e sairá dentro de 10 dias. Sem grandes surpresas, a lista de temas incluirá a maioria dos temas previstos pelos fãs durante o último ano.

O anúncio que já levou à histeria colectiva de muitos fãs com sites oficiais temporariamente bloqueados foi feito pelo Jonny Greenwood no Radiohead.com, pouco tempo após a meia-noite do dia de hoje. O sétimo álbum da banda (que já se augura como o derradeiro por certas facções de fãs mais pessimistas e carentes de uma vida recheada de sociabilização e ar puro...como isto me soou duro!) estará então disponível para download no site http://www.inrainbows.com/ a partir do dia 10 de Outubro.


Surpreendentemente, não existe um preço definido para cada download o que significará que cada cliente pagará o que achar acertado! Pára tudo!! Estaremos à beira de uma nova era e de uma nova relação artista despretensioso/cliente criterioso e bem intencionado? Claro que não. A fórmula rebelde só resulta para quem já encheu bem os bolsos. Mas voltemos... A versão física (edição de autor) – Discbox ( ou caixadisco!...) – contém o novo álbum em CD, um disco duplo em vinil e um CD multimedia com sete faixas adicionais, fotos, arte e letras. However e desta feita, a abundante caixa terá um preço definido e à medida da sua qualidade...40 libras (perto de 58 euros!) e só deverá sair perto do dia 3 de Dezembro.

Ambas as versões estão já disponíveis para pre-encomenda.

CD1 (download digital e caixa):
1. 15 step
2. Bodysnatchers
3. Nude
4. Weird fishes/Arpeggi
5. All I need
6. Faust Arp
7. Reckoner
8. House of cards
9. Jigsaw falling into place
10. Videotape

CD2 bónus (apenas na caixa):
11. MK 1
12. Down is the new up
13. Go slowly
14. MK 2
15. Last flowers
16. Up on the ladder
17. Bangers and mash
18. 4 minute warning

E é tudo!
Não sou tão bom a dar notícias?
Sem monomanias e melancolias baratas.
Irrepreensível!
Até breve.

Led

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Por falar em Ian Curtis...

...falta menos de um mês para sair o filme baseado na biografia ("Touching From a Distance") escrita pela viúva do trágico vocalista. Ganhou o prémio de melhor filme europeu no último Festival de Cinema de Cannes e tem uma excelente banda sonora criteriosamente seleccionada pelos restantes membros da banda, tendo uma dose ponderada de Joy Division e New Order mas ainda Sex Pistols, David Bowie, Iggy Pop, Buzzcocks, Roxy Music, The Velvet Underground e...pasme-se, The Killers? Come on! Não me interpretem mal, eu gosto dos The Killers mas será que não encontraram ninguém mais adequado para interpretar a canção "Shadowplay"? Enfim...vou esperar para ver e ouvir antes de fazer o juízo final.

Led

domingo, 2 de setembro de 2007

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Do exílio

Fui à varanda da sala fumar o cigarro para a minha regularidade mental. E vi o sol tremulado no horizonte em frente. E houve um estremecer de alegria em mim nesse frémito de luz. E vim aqui dizê-lo sem sabê-lo dizer. Agora que já passou a alegria e regresso ao afundamento de mim.

Led

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Uma guitarra imensa, abrindo num acorde pelo céu

Explosions in The Sky - Welcome, Ghosts

Led

Manual de sobrevivência

Trabalhar em Agosto pode ser de uma crueldade bruta para quem foi embebido desde cachopo do inviolável relógio anímico nacional. Tempo de esvaziamento, tempo de liquidação do autómato que nos vai oprimindo durante todo o ano. Compasso de espera, de evocação , de renascimento. Por isso desafiar este mês com obrigações pode ser de um sofrimento atroz digno de uma epopeia, sobretudo quando se tem metas a cumprir com celeridade. Pior ainda quando se vive numa cidade que tem a sua programação sintonizada com a debandada geral da vida académica. E o homem é um ser gregário por natureza, dizem os psicólogos. E a preguiça é a mãe de todos os vícios, diz o povo. Contagiante e perversora. E este é ainda o sagrado mês da “silly season” nacional, dizem os jornalistas. Como é que em face destes factos inverosímeis se arranja ainda um espaço mental harmonioso para trabalhar como no resto do ano? Mas nem tudo é um calvário. Por contraposição cria-se uma sensação de apaziguamento geral. As estradas e as ruas estão desimpedidas do rebuliço de carros e pessoas que durante o ano nos deixa por vezes à porta da insânia. O tempo até vai ajudando um pouco com os seus extemporâneos achaques de frescura que nos fazem esquecer a indolência generalizada . E depois é apreciar os doces momentos que por vezes a solidão nos traz. A calmaria em certas alturas. Não apenas a que se define por ausência de movimento mas a outra, a que sobe além dessa e chega até a beatitude. Porque só aí se nos abrem os olhos para a beleza melancólica e a maravilha do mistério de tudo. E só aí se escuta a voz inaudível, a que espera que todo o ruído cesse e cesse mesmo o silêncio que se lhe segue. Neste mês torna-se ainda mais visível o enigma irreal e extático em que Coimbra se suspende. Haverá melhor altura do ano para olhar o rio e sua placidez bucólica debaixo de um imenso véu alaranjado de fim de tarde? E por vezes. Em certos momentos de não sei quê de assombroso. Prestar atenção à música longínqua que se evola do cimo dos vales, do absoluto da imaginação, do fundo da memória. Tudo tão pouco. Tudo tão de tudo. Agosto na cidade pode trazer consigo a voz de um começo, de um abrir para as origens, lugar incerto do nosso destino, da nossa vocação. A cidade torna-se íntima companheira e traz consigo uma transcendente disponibilidade materna. Fora da comunidade, somos nós que a inventamos e nos descobrimos. Até ao afundamento de nós. É escasso para os práticos e inquietos ( e até mesmo para os diletantes do silêncio, como eu), mas o manual de sobrevivência para este mês na cidade nunca foi sinónimo de facilidades. Resta-nos aproveitar o vago de encantamento que por vezes se nos cria. E olhar a génese de tudo. Pela primeira e última vez.
Led

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Fresco e vitaminado, como a época pede

O que se vai explorando por estes lados...Os comentários ao álbum “Na Mouche” pelo especialista de serviço que mora aqui ao lado.
Led

Gástrico

O programa “O Dia Seguinte” é uma verdadeira montra sociológica para o fenómenos de clubite aguda, do qual os constantes refluxos azedos e birras mudas do Dias Ferreira constituem os melhores exemplos do verdadeiro objectivo do programa : cómico futebolístico, lá está! E pouco mais tenho a dizer para não prevaricar mais no pecado do futebolês.
Led

domingo, 12 de agosto de 2007

Há 100 anos atrás nascia o criador de bichos, mundos e montanhas

Porque não sei mentir,
Não vos engano:
Nasci subversivo.
A começar por mim - meu principal motivo
De insatisfação.
Diante de qualquer adoração,
Ajuízo.
Não me sei conformar.
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso.
"Letreiro" em Orfeu Rebelde (1958)

"Todos nós criamos o mundo à nossa medida. O mundo longo dos longevos e curto dos que partem prematuramente. O mundo simples dos simples e o complexo dos complicados. Criamo-lo na consciência, dando a cada acidente, facto ou comportamento a significação intelectual ou afectiva que a nossa mente ou a nossa sensibilidade consentem. E o certo é que há tantos mundos como criaturas. Luminosos uns, brumosos outros, todos singulares. O meu tinha de ser como é, uma torrente de emoções, volições, paixões e intelecções a correr desde a infância à velhice no chão duro de uma realidade proteica, convulsionada por guerras, catástrofes, tiranias, e abominações, e também rica de mil potencialidades, que ficará na História como paradigma do mais infausto e nefasto que a humanidade conheceu, a par do mais promissor. Mundo de contrastes, lírico e atormentado, de ascensões e quedas, onde a esperança, apesar de sucessivamente desiludida, deu sempre um ar da sua graça, e que não trocaria por nenhum outro, se tivesse de escolher."
Coimbra, Julho de 1984

Prefácio do autor à tradução francesa da obra "A Criação do Mundo", Vol I (1931)

Led

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Waiting and groaning

Silverchair - Waiting All Day (live Sydney 2007)

Led

Grandeza de espírito

“Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.”

em "O Livro do Desassossego" - Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.
Ser um moralista por falta de coragem. Ter o horizonte curto por precaução. Andar à procura da primeira ideia que lhe sirva como um farrapo pelos caixotes do lixo. Uma forma de um medíocre convencido a imitar a grandeza de espírito é não criticar nada nem ninguém e regressar carimbado na fronte como algo a imitar pelos inferiores de espírito que lhe advenham. Qualquer um o impressiona logo que entre no seu código. Mas não te julgues superior ou inferior, julga-te só quem és se algum dia o chegares a saber. Defende essa ideia com unhas e dentes e depois é aguentar a arrochada. Então serás feliz na única dimensão da felicidade que é a de te saberes e ficares sereno com o que escolheste. Porque o inferior e o superior não são tua propriedade mas dos outros, ou seja, da relação de humilhação que estabeleceste perante eles. Mas não te humilhes. Sê homem.
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terça-feira, 31 de julho de 2007

Vergonhoso


Sinonimo: Pedir por esmola, solicitar, suplicar... Infinitivo impessoal, mendigar, Gerúndio, mendigando, Particípio, mendigado ... Infinitivo pessoal, mendigar, mendigares, mendigar, mendigarmos, mendigardes ...


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segunda-feira, 23 de julho de 2007

Pausa

Saturado de lutares, cansado de te procurares no que em ti é de mecânico e em exterioridade sociável. Mas agora esquece o que te é em obediência proletária. Escreve em abandono e desapego, qualquer merdice plausível e aceitável. Mas escreve. É a pressão enorme de criar, sem razão de haver barro para a criação... Quantos te ouvem? Para quantos és audível? Não o és para quase ninguém. E que isso interessa? Aquieta-te no sem-fim do lembrar. Sossega no teu nada tranquilo, não voltes mais. O silêncio é o teu lugar. Fala nele para ti, desfaz-te no teu linguarejar interminável e estéril. E cumprirás o teu destino de Homem como a loucura cumpre sempre o seu numa sala vazia.
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domingo, 15 de julho de 2007

Deve ser do tempo

12 candidatos , 6 propostas efectivas de governação, semanas e semanas de algazarra e lamaçal político nos telejornais e uma abstenção final de 62,6%. Que agradável ver daqui da província a democracia participativa a funcionar em todo o seu esplendor na cidade mais informada do país.
E agora chega de farófia de político que já não posso mais.
Led

Não percebo

Se é uma derrota política, partidária, pessoal e assumida com coerência de princípios pelo Marques Mendes porque razão é que ele é novamente candidato para o congresso do partido?
Led

Futuro "Negrão" para PSD

O Marques Mendes vai pôr a liderança em jogo no seu partido. O Menezes até deve espumar de excitação...

Led

Mais contas

Curioso verificar que toda a “raia miúda” de candidatos obteve menos votos do que o número de assinaturas necessárias para a apresentação da candidatura.
Led

Sempre a partir

Pretenso “mega-centralismo intelectual de Lisboa”, expressão do Sousa Tavares a terminar a sessão da TVI. Os jornalistas até reviraram os olhos.
Adorei.

Where is Wally?

Onde andará o Paulo Portas nesta altura? Será que vai assumir a derrota da liderança PP tal como prometera e desafiara?
Afinal já discursou e eu não notei...vai ficar a reflectir nos resultados, ou melhor, na falta deles.
Led

Bem derrotados

Todos os que tiveram como discurso o oportuno de confundir a autarquia com o governo.

Led

A dúvida

Será que foram recrutados militantes de Felgueiras para se juntarem à festa socialista?

Led

Cortes em cadeia

O Pacheco Pereira aqui ao lado queixou-se da interrupção engendrada pelo António Costa durante o discurso da Helena Roseta (tal como Sócrates havia feito com Manuel Alegre), será que notou com a mesma capacidade de observação que o Carmona interrompeu o Costa?
Led

Ora esta!

Mas porque é que ser candidato apoiado por um partido é um acto menos meritório de cidadania do que ser virtualmente independente?

Led

Contas

De 200 mil votantes nestas eleições da capital cerca de 1520 (0,76%) votaram no José Pinto Coelho e cerca de 760 (0,38%) no Gonçalo da Câmara Pereira. Taxistas, membros de claques, monárquicos, retornados e toureiros deverão assim contabilizar 1% do estrato social de Lisboa. Sendo a população actual da capital cerca 564 477 (wikipedia), poderão existir cerca de 4290 apoiantes do PNR e 2145 fadistas desvairados na cidade de Lisboa...um nadinha assustador, não?
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sábado, 14 de julho de 2007

O novo populismo

"(...) Este novo populismo prolifera onde está instalada a incerteza, o medo, a ignorância e a crendice. Antipoder por argumento é a rampa de lançamento ideal para aqueles que mais do que tudo estão ávidos de poder. Helena Roseta é neste sentido o melhor exemplo. Ao falar em nome dos cidadãos, como se estes fossem a sua coutada particular, não consegue disfarçar a ansiedade de um protagonismo e poder que claramente não conseguiu conquistar por meio do muito exigente crivo partidário."
Leonel Moura - Jornal de Negócios

Um excelente artigo mesmo aqui!
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Memorable quotes


"Lucy: You know that was really hard for me to say? I mean...what are you trying to do? Scare me? Well congratulations!

Carter: I'm trying to wake you up! There's a big fucking world out there. It's messy, and it's chaotic, and it's never, it's never ever the thing you'd expect. It's ok to be scared but you cannot allow your fears to turn you into an asshole, not when it comes to the people that really love you, the people that need you.

Lucy: So I guess we're done right?

Carter: Yeah, we're done."

from "In The Land Of Women" (2007)

Led

sexta-feira, 13 de julho de 2007

A religião da paz no seu melhor


A polémica continua passados quase 20 anos...

Em 1988 o escritor indo-britânico Salman Rushdie publica o livro "Versículos Satânicos" em que seria “ofendida” a religião islâmica. De acordo com a lenda, Maomé adicionou versos ao Corão admitindo (além de Alá) três deusas que seriam anteriormente veneradas em Meca como seres divinos. Ainda segundo a lenda, mais tarde Maomé revogou estes versos, dizendo então que o diabo (o próprio!) o tinha aliciado a incluir estas linhas para satisfazer os Mecas. Contudo, no livro ficcionado o narrador revela ao leitor que estes tais versos polémicos teriam de facto origem no Arcanjo Gabriel e não em Satanás...
E de imediato cai o “Carmo e a Trindade” (antes fosse) no mundo muçulmano! ”Blasfémia contra o Islão”! “Fatwa”! Em face disso, o tarado do Khomeini do Irão (o respeitável líder espiritual da altura) condenou à morte o escritor, que vivia na Grã-Bretanha, prometendo mesmo a recompensa de quatrocentos e tal mil contos a quem o executasse. E a mesma sentença de morte estender-se-ia aos editores que publicassem o livro. Nessa altura, muçulmanos de todo o mundo apelaram à sua rápida execução. Editores seus foram atacados à bomba de Inglaterra à Califórnia. O editor japonês foi assassinado, e o norueguês saiu gravemente ferido de um atentado. Muitas mais pessoas morreram em conflitos pelo mundo muçulmano. O livro foi queimado em autos-de-fé em sítios tão improváveis da África do Sul ao Reino Unido e EUA. Por causa disto o Irão chega mesmo a quebrar relações diplomáticas com o Reino Unido durante meio ano.
Todo o mundo ficou siderado. Como é que no nosso tempo era possível condenar-se alguém à morte por motivos religiosos? Decerto poderia ser grave ofender-se a sensibilidade de um crente. Mas em que tempos estaríamos nós para ser possível pagar isso com a vida? E sobretudo como era possível que um louco criminoso se permitisse mandar executar alguém fora do seu país. Como se tinha a desfaçatez de alargar a países estranhos a sua acção judiciária?

Rushdie nunca chegou a ser distinguido com o Prémio Nobel porque a Academia Sueca nunca se atreveu a afrontar o Islão. A perseguição arruinou a sua vida pessoal, obrigando-o a viver clandestino e protegido pelos serviços secretos britânicos durante nove anos. Uma das consequências dessa reclusão foi ter sido abandonado pela segunda mulher, a escritora Marianne Wiggins. E acabou por definir o exílio, pois Rushdie mudou-se para Nova Iorque. Há poucos dias, em reconhecimento da sua obra literária, a rainha de Inglaterra fez dele cavaleiro, decisão que o Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha considerou “uma afronta”.

Curiosa situação esta. Só no passado a fé ia a África e ao Oriente matar mouros. E são eles agora que repetem a malfeitoria da questão. E é toda esta confusão que ainda nos deixa siderados 500 anos depois das nossas arremetidas. Onde estávamos nós que tínhamos anulado o poder religioso? Que nos arrepiávamos com os crimes da Inquisição? Que os integrávamos, quando muito, na óptica de há séculos? Que a julgávamos impossível neste início do terceiro milénio? Porque é como se descobríssemos um exemplar de uma espécie já extinta há milhares de anos. Ou mais. Mas sobre tudo o que nos desvaira de assombro é que exista ainda uma religião, disseminada pelo Mundo, que possa chamar a si um projecto de domínio temporal, que possa trespassar praticamente todos os islâmicos de uma crença religiosa em tempos de agnosticismo ao ponto de fazer disso uma arma de extermínio e muito possivelmente de expansionismo.

Há um mês, no Paquistão, o ministro dos Assuntos Religiosos lembrou ao Ocidente que é este tipo de “atitudes” que justifica o terrorismo: «If someone commits suicide bombing to protect the honour of the Prophet Muhammad, his act is justified.».

E é este o horror que de todo o modo vamos acabando por admitir, com medo de represálias e de epítetos islamofóbicos!

Led

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Mudhoney + D3O – Almada (11-07-07) : review

Expectativas “gripadas” a meio da A1....

Sorte miserável ou os miseráveis motores franceses?

O concerto? Bem, esse deve estar a ser super-espectacular....

Bahhh...

Led

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Das máscaras

“Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste (...) Na realidade isto é como Pompeia, um vasto sepulcro: aqui se enterraram todos os nossos sonhos… Sob estas capas de vulgaridade há talvez sonho e dor que a ninharia e o hábito não deixam vir à superfície. Afigura-se-me que estes seres estão encerrados num invólucro de pedra: talvez queiram falar, talvez não possam falar.(...) Estamos enterrados em convenções até ao pescoço: usamos as mesmas palavras, fazemos os mesmos gestos. A poeira entranhada sufoca-nos. Pega-se. Adere. Há dias em que não distingo estes seres da minha própria alma; há dias em que através das máscaras vejo outras fisionomias, e, sob a impassibilidade, dor; há dias em que o céu e o inferno esperam e desesperam. Pressinto uma vida oculta, a questão é fazê-la vir à supuração.”

Raul Brandão – Húmus, 1917

Led

terça-feira, 26 de junho de 2007

À atenção do Público

O jornal Público ficou escandalizado com a queixa crime por difamação feita pelo cidadão José Sócrates ao blogger responsável pela divulgação de notícias e documentos respectivos à carreira académica do mesmo cidadão José Sócrates. Rapidamente se apressou a colocar uma setinha no sentido descendente na última página relativa à prestação de José Sócrates. O próprio José Manuel Fernandes, numa das suas brilhantes crónicas que recentemente nos tem brindado, vestiu a farda da compreensão palaciana e considerou que essa queixa só vinha a acicatar um processo já de si sobejamente negativo para a imagem do primeiro-ministro e do governo. Santa compaixão. Entretanto, e sem muito alarido, souberam-se notícias acerca de uns determinados pagamentos obscuros a Marques Mendes pela empresa proprietária da Universidade Atlântida, quando este era ainda ministro dos Assuntos Parlamentares no Governo liderado por Durão Barroso. O José Manuel Fernandes não quer saber. Depois vieram as notícias acerca de umas determinadas falsificações das contas do CDS-PP. O José Manuel Fernandes não acha valer a pena fazer manchetes com disparates como esses.

A imparcialidade da informação é um estrado, só dá direito a indignação se o governo ou o PS estiverem metidos na confusão.
Led

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Dançando no escuro da noite

Björk ft. Thom Yorke - I've Seen It All ( "Dancer in the Dark" OST)

Led

Pessoal e Intransmissível

De vez em quando, um medo incerto, um pânico sem razão, a presença de uma ameaça que não sabemos de onde vem. Toda a nossa vida é um rede de apoios, de suportes que nem imaginamos, que não sabemos que existem, mas que nos dão tranquilidade como a uma criança a família. As nossas ligações estendem-se assim para todo o lado, não estamos sós, num momento difícil basta darmos um sinal. Mas de vez em quando é como se subitamente nos víssemos num mundo deserto. Reduzidos a nós, o pavor assola-nos, mais espontâneo, porque é como se não houvesse ninguém para o testemunhar e nos faltasse a razão do pudor para o não mostrar-mos. O terror maior é esse – sermos só nós a nossa testemunha. A velhice deve ser isso. Estarmos sozinhos em face da dor e da morte para sempre intransmissível.
Led

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Noite quieta.

Noite quieta. Silêncio. Um cão ladra ao longe ao mistério da cúpula sideral. E ao alto, sempre, ressoando a legenda de horizontes, o murmúrio do vento. Senti-lo de novo na face, recriá-lo de novo. O que me transmigra à imaginação em imagens, ideias, farrapos, esboços de uma memória longínqua irreal que nunca aconteceu para ter um propósito de acontecimento. Um eco que se estende para o passado até onde já se não ouve nem vê, se confunde no silêncio e na neblina do sem fim da memória desta noite. O encantamento é isso - escutar e ver para lá do que se vê e escuta e pressentir o anúncio do enigma e da interrogação que emerge de uma comoção profunda irreal e indecifrável. O olhar deslumbrado das coisas. Se eu soubesse a palavra, a inaudível, a que para sempre longínqua, a que nem os sucedâneos de deuses, a derradeira, e pudesse depois ficar em silêncio para sempre...
Existo.

Led

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Análises técnicas puras não existem

"De uma confederação de capitalistas como a CIP esperar-se-ia que defendesse o capitalismo. Mas no momento em que esta entra no debate sobre o novo aeroporto, o que nos diz? Que os patronos de um estudo sobre o assunto são empresários anónimos "que não têm quaisquer interesses na localização do novo aeroporto". E a pergunta é: como raio os foram descobrir? Há empresários de referência em Portugal a quem a localização de um novo aeroporto é indiferente? E que, mesmo nesse caso, gastam dinheiro num estudo sobre o assunto? Fui de fim-de-semana pensando que os nossos empresários são, então, piores do que eu pensava.
Mas entretanto descobriu-se que a Lusoponte ajudou a pagar o estudo; faz sentido, porque seria uma das principais beneficiárias da localização a sul. E descobriu-se que o governo acompanhou o estudo desde o início; lá se foi a bela desculpa de que os empresários eram anónimos porque temiam represálias do Estado. O mundo entrou nos eixos, e uma nova semana começou. "
Rui Tavares, Público (18/06/07)

A razão é uma marafona, abre a perna a quem lhe paga.
Led

terça-feira, 19 de junho de 2007

Claustrofóbica oposição do claustrofobismo

Desde há uns tempos para cá se tem vindo instaurar na opinião pública a ideia de que a liberdade de expressão está sendo posta em causa por este governo ou ainda, como recentemente Rui Moreira se referiu na entrevista concedida à RR, de um clima generalizado de opressão e “claustrofobia democrática.” Os sindicatos gritam em greve pela direito indissolúvel à greve, o professor Fernando Charrua consegue captar a generalidade dos meios de comunicação social e até do Presidente da República ao queixar-se de falta de liberdade de expressão e da candura dos seus comentários jocosos (maneira aprazível de se referir às origens maternas do primeiro ministro) em relação ao patrão que lhe paga e lhe merece reverência. Na televisão, feirantes apanhados a vender contrafacções gritam contra a proibição da liberdade de vender falsificações. Todos os dias, a direita partidária apregoa que o intervencionismo do Estado asfixia a liberdade individual (até o PCP, vergo-me à ironia) e que a subida de sondagens para o PS e o seu líder é apenas sinónimo do célebre gosto cultural do português ignorante pelo autoritarismo. Os donos das universidades encerradas concluem que o vergonhoso desenlace só pode ser uma violação da liberdade de ensino. A recém instaurada e agressiva linha editorial do jornal Público (pelas mãos de um irreconhecível José Manuel Fernandes) todos os dias propagandeia a ideia de asfixia e condicionamento pelo estado na opinião pública.(Mas aqui estranhamente já ninguém pergunta se a falha do processo de aquisição da PT pela Sonae tem alguma coisa a ver com a súbita mudança de alinhamento ideológico do jornal). Lendo alguns comentadores mais entusiasmados pela escalada emocional generalizada, verifico que até já analogias ao que se passa na Venezuela e mesmo referências ao estado novo fazem parte deste novo dialecto oposicionista. Depois do governo ter cedido a um hiato com o objectivo de realizar mais estudos sobre o futuro aeroporto internacional, eis que, surpreendentemente, verifica-se o efeito oposto, a generalidade dos comentadores verga-se à tese de manipulação obscura do estudo realizado pelo CIP e todo um processo de debate que teoricamente deveria apaziguar a malta que aponta o dedo à obstinação autoritária do governo, rapidamente inquinado. Meus caros, tenhamos calma! Terem liberdade para exaustivamente se queixarem de falta de liberdade de expressão é exactamente um exemplo de quê?

Led

domingo, 17 de junho de 2007

An End Has A Start

I don't think that it's

Gonna rain again today

There's a devil at your side

But an angel on her way

Someone hit the light

'Cause there's more here to be seen

When you caught my eye

I saw everywhere I'd been

And wanna go to

You came on your own

That's how you'll leave

With hope in your hands

And air to breathe

I won't disappoint you

As you fall apart

Some things should be simple

Even an end has a start...

Riffs melosos e inspiradores de grandes espaços combinados com letras negras e pungentes. A celebração do triunfo estúpido da vida sobre a estupidez da morte. Gosto. Rock do efémero para embalar num argumento nocturno e a 200 à hora. Não é original, mas deixo para os catedráticos da opinião esse entretém. Eu gosto e recomendo vivamente.

Led

sábado, 16 de junho de 2007

Dos moralistas

Um moralista, em sentido lato, é um tipo de vistas curtas, puritano para os outros, manhoso para uso próprio, ou um tipo que escolhe a moral por complexo de inferioridade, já que o seu devaneio era a capacidade de transgredir como aqueles que critica e pelos quais se deixa perversamente fascinar. Não sou. Tenho a minha tolerância para o pecado alheio e não sou um inquisidor de fraquezas próprias. Mas sobretudo já não sei como é possível aplicar toda a retórica de menoridade moral nos dias que correm sem causar a indignação moralista dos anti-moralistas que no fundo idealizam ser moralistas para poderem dar largas à moralização alheia e serem elogiados dentro do seu bloco pela coerência do seu código moral, de bem com a sua consciência conservadora ou liberal, conforme o gosto moral vigente...
Há duas formas de se ser abominável. Uma é a da absoluta perfeição.
Led

Da auto-satisfação

“Conheço algumas mulheres assim, sem nenhum talento em particular, a não ser o de esgravatar com ambição.”

Margarida Rebelo Pinto, no Sol de hoje.


Tinha a certeza de me lembrar de uma determinada "escritora" assim...
E foi tudo o que reti desta valiosa e influente fonte de informação semanal.
Led

sexta-feira, 15 de junho de 2007

A must have!

...o novo álbum do dueto britânico UNKLE, de seu nome War Stories e com saída prevista para o dia 9 de Julho, apesar de ter sido largado na net no início deste mês...esses malandros!
Para não fugir à regra, este 3º álbum colecciona variadas colaborações vocais que vão desde Josh Homme dos Queens of the Stone Age, passando por Ian Astbury dos The Cult, 3D dos Massive Attack (responsável ainda pela pintura que serve de rosto ao álbum) ou ainda os Autolux por inteiro. Como a própria escolha de vocalistas pode sugerir, War Stories afasta-se da toada dos discos anteriores seguindo um trilho mais "rock" , sendo a maior parte da instrumentação gravada ao vivo.
Aqui vos deixo um cheirinho com o tema “Persons and Machinery”, com a colaboração especial dos igualmente especialíssimos Autolux.

Enjoy!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Alive em avulso

Pearl Jam – Os 30 mil ansiosos, o Ed ,o vinho tinto e o diabólico George Bush, o Mike e as guitarradas sónicas, o Stone e o chapéu alternativo, o Jeff e o mítico contrabaixo, o Boom e as suas raízes lusas, o surf em Portugal em jeito de Big Wave, Portugal é que é bom e “que se foda a Madrid”, “see u next year”, alegria calma de existir, uma guitarra ondeia no espaço da minha emoção. É de lá. Não é de parte alguma. É só da eternidade de nós que é o instante em que a nossa vida se cumpre... Why Go Home?

Set: Interstellar Overdrive/Corduroy, Do The Evolution, World Wide Suicide, Animal, Small Town, Severed Hand, Even Flow, Big Wave, Daughter, State Of Love And Trust, Life Wasted, Alive, Given To Fly, Why Go?, Betterman, Crazy Mary, Rearviewmirror

Encore: Black, Rockin' In The Free World, Yellow Ledbetter

Best tracks: Corduroy, State of Love and Trust, Why Go?, Rearviewmirror, Black

Smashing Pumpkins – Os 20 mil e a nostalgia a pairar na chuva miudinha, Today é mesmo verdade!, o Billy sorumbático , o Chamberlin convulso na bateria , as formas femininas da sorridente Ginger , o chapéu militar e trendy da Lisa, Silverfuck eléctrico e como deve ser, Uma sombra que se apaga numa luz que se apaga... The beginning is the end is the beginning?

Set: Today, Stand Inside Your Love, Orchid, United States, Bullet…,1979, Home, Silverfuck/ The End (The Doors), 33, Rocket, To Sheila, Tonight…,Tarantula, Starz, Zero, Disarm, Untitled

Encore: Cherub Rock, Gossamer

Best Tracks: Today, Silverfuck/The End, Rocket (acoustic), Tarantula, Gossamer.

O mergulho no rock que importa foi feito aqui. O grunhido de conceitos ficou para os outros. Que se cozam.

E agora estou triste. Não sei. Estou. É aliás uma tristeza calma e tépida. Não se está lá mal. Vou mesmo na corrente...

Led

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Zeitgeist revelado


Ora aí estão 9 (mais um outtake) dos esperados 12 novos temas para o 7º álbum dos Smashing Pumpkins – Zeigeist (i.e. “Espírito do Tempo”) - com saída prevista para cerca daqui a um mês (10 de Julho).
O primeiro single de avanço – “Tarantula”- já anda a rodar pelas rádios norte-americanas e parece fazer a banda recolher ao rock mais duro e progressivo visível em certos temas do MCIS (Where Boys Fear to Tread ou Bodies) e Machina II (Cash Car Star e outras).
Sem quaisquer surpresas, dada a recusa de reconciliação por parte de James Iha e D’Arcy, o dueto original (Corgan e Chamberlin) decidiu contratar o guitarrista Jeff Schroeder ("The Lassie Foundation") e a lindíssima baixista e vocalista de apoio Ginger Reyes ("Ginger Sling"). Será portanto este o provável alinhamento de músicos (onde se adiciona a provisional teclista Lisa Harriton) que estará connosco no próximo fim de semana. Alguns dos temas foram graciosamente retirados do site Culture Bully:

A maioria das canções acima deverão estar apenas disponíveis aqui no máximo até segunda-feira da próxima semana por isso,..right click and save now!
Para já não consigo ter uma opinião formada do que ouvi, parece-me tudo ainda um pouco estranho e fraccionado. Mas o provável lado-b do Zeigeist, o espantoso jam de guitarra “Gossamer”, o delírio espacial "Bleeding the Orchid" e o prog. rock “Starz” parecem para já oferecer bons indicativos quanto à qualidade do novo som "pumpkiniano". O tom de voz incomparável do Billy continua lá e o poderoso ritmo vindo da bateria do Jimmy também...e isto por si só define Smashing e eu estou feliz!
Esperemos então para ver como se portam no sábado.
Ah, e este é o vídeo oficial de promoção à tourné mundial Zeitgest com fotos do concerto de Paris em 25 de Maio deste ano:


Led

terça-feira, 5 de junho de 2007

Pearl Jam - Love Reign

Imperdível no magazine Blitz deste mês uma das melhores entrevistas ao Eddie que li nos últimos anos, feita desta vez pelo jornalista dinamarquês que escreveu o livro sobre a tragédia ocorrida no festival Roskilde de 2000 durante uma actuação dos PJ . Assombroso verificar que passados 16 anos de relação apertada com esta banda e o seu líder natural continua-me tudo inexplicavelmente na mesma. A mesma admiração pelos seus princípios vitais, o mesmo arrepio na espinha a ouvir a pureza invencível da sua música, a mesma submissão natural. Tão inata entrega que por vezes preciso de me afastar para a entender. Há muito que deixou de ser uma banda para se tornar parte da minha elementaridade, agora o consigo admitir não sem algum embaraço...Mas uma presença viva, vivíssima, todos os dias. Sim, é possível que a música de uma banda se prolongue na pessoa que somos. Os milhares de fãs dedicados (e milhões de apreciadores) desta banda o podem comprovar. Mas quem diria que aquela cassete roufenha onde mal se percebiam a Oceans e a Wash iria conseguir mudar tudo. A vida é tão espantosa de mistério. Mas raramente temos tempo e capacidade de a saber.
"(...) nunca se sabe quando dobraremos essa esquina. É tão difícil lembrarmo-nos disso enquanto o estamos a viver... Como disse o Tom Waits: «Sabias que, estando no fundo de um poço, mesmo assim consegues ver as estrelas?». É muito difícil, e não podes contar com isso enquanto o vives, porque perdeste literalmente tudo e o teu coração está partido. O teu corpo e o teu espírito, as reacções químicas que acontecem dentro de ti – simplesmente não sabes como ultrapassá-lo, é como se fosse um testemunho de que, somente por viver, por passar cada dia, o chão que outrora foi a cinza do que um dia foi queimado, se transforma em solo fértil. Incrível, a vida é incrível.

(...) Depois de teres estado muito próximo da morte, ficas com uma espécie de luxúria pela vida – pura e simplesmente não queres desperdiçar nem mais um segundo. Por isso esta canção (Life Wasted) serve para relembrar."
Eddie Vedder

Como convite para o concerto de sexta, aqui vos deixo a versão orquestral de um tema dos The Who retirada directamente do último single de natal do clube de fãs:


Love Reign O'er Me (Ten Club Single 2006)
Demora um pouco a fazer download ("press stop followed by play and wait a few minutes, please!") mas vale bem o tempo de espera.
Enjoy!
Led

segunda-feira, 4 de junho de 2007

PJ-SP

Parece que o melhor festival de 2007 tem hora marcada às 23:40 dos dias 8 e 9.


Que me desculpem os fãs dos Beastie Boys ou dos The White Stripes ou ainda do Rui Veloso do Hip-Hop nacional (o atormentado patriotista Sam,The Kid) – o resto é trivial.

Led

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mercenários da vergonha

Só dá vontade de chorar! A SAD perdeu definitivamente toda e qualquer réstia de vergonha que ainda conservava. O constrangimento financeiro porque passa o clube (com origem nas trapalhadas contratuais da mesma SAD nas últimas épocas) e o campeonato ganho não podem legitimar tudo. O miúdo de 19 anos teve apenas 3 meses para encantar adeptos, críticos e rivais...e assim brusca e tristemente se apagou um dos últimos fachos de genuinidade do Dragão! Uma autêntica vergonha! Dos 30 milhões da venda, 24 vão para o FCPorto e apenas 13 milhões constituem o ganho líquido da compra de 80% do passe do jogador. Miserável negócio! Não podiam ter esperado mais um ano para valorizarem o puto! Que esses cavalheiros e o presidente encham bem as carteiras e vendam ainda o Quaresma, Lucho, Pepe ou o Bosingwa e comprem mais uns quantos Marrequos, Tariks e Alans para compensar! Rendi-me por completo à vossa falta de respeito pelo futebol e pelos adeptos. A industrialização do futebol é uma realidade incontornável? Não chega. Interesses obscuros? Pois então, façam bom proveito!
Acabou-se, não volto a falar de futebol neste blog.
Led