terça-feira, 7 de agosto de 2007

Grandeza de espírito

“Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.”

em "O Livro do Desassossego" - Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.
Ser um moralista por falta de coragem. Ter o horizonte curto por precaução. Andar à procura da primeira ideia que lhe sirva como um farrapo pelos caixotes do lixo. Uma forma de um medíocre convencido a imitar a grandeza de espírito é não criticar nada nem ninguém e regressar carimbado na fronte como algo a imitar pelos inferiores de espírito que lhe advenham. Qualquer um o impressiona logo que entre no seu código. Mas não te julgues superior ou inferior, julga-te só quem és se algum dia o chegares a saber. Defende essa ideia com unhas e dentes e depois é aguentar a arrochada. Então serás feliz na única dimensão da felicidade que é a de te saberes e ficares sereno com o que escolheste. Porque o inferior e o superior não são tua propriedade mas dos outros, ou seja, da relação de humilhação que estabeleceste perante eles. Mas não te humilhes. Sê homem.
Led

2 comentários:

Simplicitas disse...

Bem dito, sim senhor. Não anda o Mundo cheio de Patrões como o Vasques? Tudo manda e tudo critica, mas ninguém vê nisso a inferioridade. Se calhar nunca ter razão, dizê-lo e sabê-lo bem, é mesmo o melhor de tudo, porque requer coragem e não impressiona ninguém...
... mas não se lê também pelo dito “desassossego” que o mal desta gente é o de não sentir? Se calhar, se não fosse pelos olhos que vissem o Mundo, saberiam que não há erro que não dê um dia razão...

Beijinhos :)
Fica bem!

Ledbetter disse...

Toda a certeza segura e persuasiva cria logo apóstolos e seguidores. Ainda que estereotipável e trivial. É o que impressiona e cria reputação, o tom vivaço e dominador. Porque o que conquista realmente no furor das certezas, não é a verdade da sua certeza mas a certeza do seu furor. E essa se torna verdade. E as verdades fazem a história do mundo. Mas o mundo que há em nós é infinitamente mais vasto do que o mundo das verdades adquiridas e proclamadas ao ouvido fácil. Mas morre-se quase sempre e para sempre sem o ter percorrido. Por receio do oculto de nós e abnegação comodista. Habituamo-nos há muito a ver pelos olhos dos outros. E assim é mais fácil. Ou não vivêssemos nós no paradigma do facilitismo.

Mas isso já nós o sabemos,mas não o compreendemos. Espero que aceites o que te digo!:)

Bjitos e boas férias