sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Muse - Campo Pequeno (26/10/06)

Não há muito a dizer para não correr o risco de deturpar a indistinta experiência individual. A recém reconfigurada Praça de Touros do Campo Pequeno estava esgotada (cerca de 7 mil pessoas) e revelou-se um espaço interessante e capaz de rivalizar em certa medida com o atlântico apesar de algumas carências (alguns ecos e perdas de som inconvenientes) em termos de suporte sonoro para concertos de grande envergadura como este. Mas vamos ao concerto em si. Passado o torpor enfadonho dos catalães Poet in Process com o seu seu pop-rock higiénico e pacato, o momento mais que aguardado. A entrada apoteótica do mais famoso trio de Devon, iniciada com um Matthew solitário no piano ensaiando os acordes do tema que principia também o último album. Com “You'll burn in hell for your sins “ chegamos todos ao derradeiro momento de abertura oficial do espectáculo com o apelo para o enlouquecimento rítmico da bateria de Dominic (escondida por detrás de uma cobertura movível) e para o peso majestoso do baixo de Chris. “Pay, You Must Pay, You Must Pay for you’re Crimes against the Earth”, e está feito o mote para o que aí vem a seguir. Pura adrenalina até aos confins do cosmos .
A setlist não trouxe grandes surpresas é certo, dando claro ênfase aos períodos criativos dos dois últimos álbuns ( 8 canções do “Black Holes..”, 5 do “Absolution”, 4 do “Origin of Simmetry” e 2 do “Showbiz") .
Mas havia quem no fim se atrevesse a dizer que o concerto foi curto (1:30, mais coisa menos coisa), o que, apesar de uma evidencia, denuncia uma ignorância audaz se analisarmos com frieza as songlists dos espectáculos anteriores - a verdade é que , mais uma vez bateu-se o record de canções tocadas em comparação aos concertos precedentes da tourné (20 temas contra a média de 15 dos restantes). Mas os Muse sempre foram assim, força sónica, um furacão de adrenalina musical.
Não há tempo para grandes colóquios com a audiência pois o tempo é de imediatismo e urgência . A única excepção foi mesmo a apresentação da “Starlight” em Português e um momento de repouso com “Forced In”, o brilhante tema instrumental a la Mogwai do single Uno.
O resto foi o já se estava à espera de uma das melhores bandas dos últimos 8 anos: a amálgama esquizofrénica de punk, heavy metal e rock progressivo em canções épicas, repletas de orquestrações colossais, bramidos, sussurros, falsetes, distorções e riffs explosivos.
O rock psicadélico até ao limite do universo que entoa ao puro princípio vital de nós, marcando as barreiras da inovação e do engenho tecnológico ao serviço da comoção cantada.
Knights of Cydonia e todo o mundo em uníssono seguindo o montruoso ecrã frontal:
No-one's gonna take me alive
The time has come to make things right
You and I must fight for our rights
You and I must fight to survive
Desfez-se o palco em fumo e neblina, qual D.Sebastião renascido e tudo em nós rendido, extático, arrebatado.
Setlist:
01. Take a Bow
02. Hysteria
03. Map of the Problematique+ Maggie's Farm riff
04. Butterflies and Hurricanes
05. New Born
06. City of Delusion
07. Plug in Baby
08. Forced In
09. Bliss
10. Apocalypse Please
11. Hoodoo
12. Invincible
13. Supermassive Black Hole
14. Starlight
15. Time is Running Out
16. Stockholm Syndrome
Encore:
17. Citizen Erased
18. Muscle Museum
19. I Want To Break Free (Riff)
20. Knights of Cydonia
Temas da noite: Hysteria, Map of the Problematique, Forced In, Starlight, Stockholm Syndrome, Knights of Cydonia
Led

3 comentários:

Anónimo disse...

fico ainda mais lixado por não ter podido ir mas ainda bem que foi tão bom...

faltava(-me) o feeling good e o absolution, mas parece-me que roçou o orgásmico!


abraço, beja

Ledbetter disse...

Faltou muita coisa, mas foi óptimo na mesma! Puro rock!
Fizeste mal não ir.
Abraço.

Anónimo disse...

Subscrevo tudo o que escreveste. Pessoalmente gostei também muito de Hysteria e Citizen Erased para além das que referes no final do post.

:) Excelente concerto.