quarta-feira, 18 de outubro de 2006

A Europa, a França e o Genocídio Arménio


O que se inventa para embargar a entrada da Turquia no selecto clube da UE...
“É defensável que as democracias tenham leis que proíbem as manifestações de ódio racial. É admissível que as democracias tenham leis a reconhecer crimes por elas próprias cometidos. Contra os judeus, por exemplo. Não é admissível que, do alto de uma qualquer superioridade moral, decretem que ninguém pode debater a natureza de um crime contra a humanidade cometido por uma país terceiro.
(...)
A liberdade de expressão, de pensamento, de discussão é, como dizia recentemente o historiador britânico Timothy Garton Ash, “ o oxigénio de que dependem todas as outras liberdades”. Por isso, a Europa tem insistido, e bem, junto do Governo turco para que elimine da lei todas as limitações ainda existentes à liberdade de expressão. Por exemplo, aquelas que permitem condenar o escritor Orhan Pamuk por dizer que houve um genocídio arménio, ou que impedem inúmeros historiadores turcos de debater livremente a questão nas suas universidades.

O que a Europa deve exigir à Turquia não é que reconheça oficialmente o genocídio, é que reconheça o direito ilimitado a discuti-lo, com a mesma liberdade para os que aceitam e os que recusam. O que a França fez foi o contrário: tal como na Turquia, a questão não pode ser discutida em França. Acto de bravata lamentável de um país que continua a pensar que é o centro do universo e que, ao fazê-lo, se arrisca a matar aquilo que verdadeiramente foi, um dos centros de irradiação dos direitos fundamentais e universais.”
Teresa de Sousa , Público 1710/06 : Sobre a aprovação no Parlamento Francês de uma lei que penaliza quem se atrever a negar ou a debater o genocídio arménio, perpetuado pelos turcos do final do Império Otomano, entre 1915 e 1917.
Led

Sem comentários: