sábado, 23 de maio de 2009

The truth will set u free. Receita para a minha estima eterna:

O Dr. Marinho Pinto aponta o dedo aos magistrados como centros cardinais da corrupção e decadência do sistema judicial e atraso nacional.
O Dr. Marinho Pinto é execrado diariamente pelas elites da advocacia.
O Dr. Marinho Pinto aponta o dedo aos magistrados como centros cardinais da corrupção e decadência do sistema judicial e atraso nacional.
O Dr. Marinho Pinto não nasceu em berço de ouro e tem o sotaque que lhe embarga a possibilidade de admissão no clube das castas dengosas da advocacia.
O Dr. Marinho Pinto aponta o dedo aos magistrados como centros cardinais da corrupção e decadência do sistema judicial e atraso nacional.
O Dr. Marinho Pinto foi eleito para a Ordem pela maioria silenciosa de advogados independentes e em início de carreira.
O Dr. Marinho Pinto aponta o dedo aos magistrados como centros cardinais da corrupção e decadência do sistema judicial e atraso nacional.
O Dr. Marinho Pinto não depende do estado para o poder defender com unhas e dentes.
O Dr. Marinho Pinto aponta o dedo aos magistrados como centros cardinais da corrupção e decadência do sistema judicial e atraso nacional.
O Dr. Marinho Pinto transmite uma imagem de honestidade e transparência pouco habitual às lides judiciárias.
O Dr. Marinho Pinto aponta o dedo aos magistrados como centros ...

E o Dr. Marinho Pinto respondeu assim à principal equimose do populismo arrogante, manipulador e calunioso dissimulado de jornalismo em Portugal.


PS: Visto em directo e a ferver de prazer revanchista.


Led

7 comentários:

Unknown disse...

Eh pá, com esta é que me lixaste! Nunca te imaginei como defensor do Dr. Marinho Pinto!
Lamento informar-te, mas apesar do prazer que pode dar-te a ti e a muita gente vê-lo a fazer mais uma peixeirada - por acaso à Manuela Moura Guedes até dá um certo gozo - este é um homem que vai sair da ordem dos advogados sem deixar mais nada do que polémica atrás dele. Conseguiu hostilizar todas as classes dentro do sistema judicial - e fora dele também irritou muita gente - com a atitude populista de defensor dos desgraçadinhos e de campeão do povo e, graças a isso e à nítida vontade de não reformar coisa nenhuma, não vai trazer nada de novo ou de produtivo à ordem. Desculpa dizer-te isto, mas és extremamente injusto a falar dos magistrados deste país. Conheço vários casos e digo-te que em muitos casos, talvez a maioria, são pessoas que trabalham muito e que se preocupam com fazer justiça todos os dias. Nunca te esqueças que o que chega aos jornais é quase sempre o que corre mal, quase nunca o que corre bem!
O Dr. Marinho Pinto é bastonário da ordem dos Advogados e o que é que ele já fez?!!! Os maiores problemas, litigância de má-fé, corrupção, etc..., podem ser resolvidos disciplinarmente no seio da Ordem e o que é que ele faz? NADA! Diz que não pode!!!...Não pode?...Não quer!
Por outro lado, faz uma à Hugo Chavez e altera o estatuto da Ordem para ficar com mais poder para o bastonário e menos para as distritais.
É um pouco como o bloco de esquerda, muito protesto , mas uma vez numa posição de poder, não fazem pôrra nenhuma. Não quer dizer que tanto uns como outros não possam ter razão, aqui e ali, mas as coisas não se fazem à peixeirada, na T.V., e pondo toda a gente no mesmo saco (o dos desonestos e dos corruptos!).
Concluíndo: o actual bastonário é tão populista como a Manuela Moura Guedes, só não é tão óbvio como ela e aparece mais na TV do que ela.

Abraço,
Tiago

Ledbetter disse...

Não pertenço à área de Direito nem me arrisco entrar em pormenores (sobre a questão das delegações regionais) que francamente desconheço as vantagens ou desvantagens. Mas para mim uma coisa me parece óbvia, todos essas corporações de virgens ofendidas que por aí formigam pela imprensa a destruir o bom-nome do homem, talvez fosse melhor preocuparem-se menos com o estilo burlesco e bacalhoeiro de Marinho Pinto e mais com o conteúdo. É que o conteúdo reflecte o que 99,9% da população portuguesa pensa acerca da justiça neste país e talvez seja tempo de começarem a interessar-se menos com a defesa corporativa e mais com os sinais alarmantes de insuficiência genérica que vem afectando todo um sistema (que tem sido exposto ao público nestes casos mais mediáticos). E não se pode ignorar que o incomparável défice de crédito na justiça pelo cidadão comum ameaça os mais basilares fundamentos de um estado de direito. Acredito que Marinho Pinto quer uma Ordem dos Advogados funcional, activa e interveniente. Essa nova ordem só pode ser uma associação profissional democrática regenerada dos formalismos do passado, a maioria dos quais, ineficientes e eivados de um conservadorismo umbiguista e falta de transparência inadmissível com um estado democrático. Todos assistimos a uma guerrilha impiedosa que, desde o dia da sua eleição começou no interior da corporação, guerrilha esta a que não são obviamente estranhos os grandes escritórios de advogados (de Júdices e afins). Estes tem acesso – quando querem e como querem – aos media e, em momentos críticos, intensificam a guerrilha e ameaçam-no com a destituição. O que pode Marinho Pinto fazer quando todo um sistema há muito instituído está contra ele e inclusive os ex-bastonários e delegações regionais se reúnem secretamente para planear a sua destituição? O que pode fazer é denunciar situações chocantes e reunir apoios junto dos advogados sem voz e junto da opinião pública cansada de tanta inépcia e conivência ilegítima. Já não é pouco, tendo em conta o imobilismo centenário. É que ele foi nomeado e eleito não para agir como sindicalista dos advogados mas para zelar pela ética da classe e assim o tem feito, ainda que com um estilo menos delicado e floreado, concordo. Também acho que o que preocupa realmente muitos políticos é que ele tem defendido publicamente o primeiro-ministro no caso Freeport. Talvez não esteja de acordo com a equanimidade da sua função mas também te digo que estou cansado dos rituais de discrição e mutismo a que estes agentes influenciadores se sujeitam para não se incomodarem. Prefiro largamente o abalo ao imobilismo.
(continua)

Ledbetter disse...

Mas voltando, claro que nem todos os advogados e magistrados são corruptos assim como nem todos os deputados, dirigentes políticos, governantes, banqueiros, engenheiros ou patrões (ou médicos dentistas;)) são desonestos e corruptores. Mas assumir isto como uma evidência é fazer muito pouco. A questão é que a corrupção na justiça (ainda que residual em número de advogados, como admito que possa ser) tem um impacto incomparável em todo o sistema de poderes nacional. O que ele diz (e sempre o disse convictamente, muito antes de ser eleito) é chamar a atenção para a existência de advogados (de grandes escritórios, como é óbvio que todos abrangemos) que são corruptos e que coabitam à margem da lei. Que há uma maioria silenciosa de advogados competentes e honestos que é desfavorecida todos os dias em proveito dos grandes escritórios e companhias. Que este país está minado pela falta de ética e pela corrupção infiltrada a altos níveis do estado; pela promiscuidade entre políticos, deputados (muitos deles advogados) e todo o tipo de traficantes de influências; pelas aviltante remunerações e privilégios e concessão de férias judiciais dilatadas de magistrados; que o nome dos advogados (e dos réus) e dos escritórios para que trabalham tem mais influência nas deliberações finais dos magistrados do que a competência dos primeiros; mas, sobretudo, pela gritante impunidade – judicial e política – em que tem vivido a maior parte de corruptos e corruptores neste país, os maiores ladrões e desfalcantes do Estado, além de todos os que têm grosseiramente desbaratado o erário público por desleixo ou incompetência. Mais, o que ele tem dito clarifica-o arriscadamente em casos específicos, desde o processo Casa Pia, passando pelo Freeport e outros.

Percebo que incomode a muita gente a personalidade férrea, arrojada e determinada de Marinho Pinto. Mas são atributos que, em meu entender, não pretende arremessar em floreados populistas na comunicação social, mas principalmente para a utilizar como meio externo de reforma de uma Ordem caduca. Não alcanço as possíveis jogadas de bastidores que poderão estar por detrás das suas decisões e da resistência às mesmas, mas o simples facto de ele ter tido a arte de me fazer acreditar na regeneração da justiça, não pode ser pouco. Marinho é talvez populista e demagógico, mas só se for porque foi dos poucos a afirmar aquilo que o povo diz à boca cheia e esses agentes judiciais fingem que não ouvem, onde a corrupção e os lobbys ganham cada vez mais poder em Portugal. É talvez um assunto demasiado sério para me preocupar com a cosmética e o estilo, seja este Chaveziano ou Mussoliniano.

Abraço

Unknown disse...

Não é uma questão de estilo, é uma questão de eficácia. Não basta ser denunciante! O que é que adianta vir o bastonário dizer que há escritórios de advogados que são procurados para ajudar clientes a cometer crimes. Qual é o efeito? Não é a ordem dos advogados a instituição que tem que zelar pelo cumprimento dos príncipios deontológicos da profissão? Não é a ordem que exerce disciplina profissional? Então se o bastonário nada pode fazer quanto a este assunto quem é que pode? As ordens profissionais são autónomas e só elas podem agir disciplinarmente sobre os seus elementos - obviamente que estes podem ser processados pelo sistema de justiça de forma independente, no entanto, é também nas ordens que está o tal imobilismo de que falas. Por outro lado, algumas coisas que indicas como perturbadoras e/ou perturbantes na justiça, escapam-me! Dás a ideia que os magistrados deste país são uma cambada de corruptos. Sinceramente, parece-me que esse é dos poucos problemas de que não padecemos. O conselho superior de magistratura é anquilosado e retrógrado? É sim senhor! Há para aí juízes a mais com juisite? Certo!O supremo tribunal de justiça fornece excelentes textos de humor? É verdade! Mas estou certo que isso não está ancorado na corrupção, mas sim num fortíssimo corporativismo que, tens toda a razão, existe.
Mas, voltando ao Dr. Marinho e Pinto, também me parece um homem de princípios. Não é obviamente isto que me opôe à sua figura. É sobretudo a forma como pega em qualquer caso particular e o generaliza para exemplificar algo que ele julga de errado na justiça portuguesa (ou até na cena política portuguesa), é a forma como como tenta impôr a sua própria agenda ideológica(apartidária é verdade, mas política)nos assuntos judiciais, mas sobretudo, o que mais me impressiona no homem é sua enorme capacidade de reunir hordas e hordas de inimigos, auto-manietando-se, impedindo-se de fazer seja o que for de útil na justiça em Portugal. É isso que mais me choca. Parece-me que ele se satisfaz apenas com a denúncia. Sente o seu dever cumprido e a consciência tranquila. Para mim, quem está verdadeiramente interessado em melhorar as coisas não se limita à denúncia e tenta mudar algo, mesmo que seja pequeno, mesmo que seja dentro da sua própria classe profissional. Talvez eu esteja errado, talvez as denúncias bastem, mas não me parece!

Grande abraço,
Tiago

Ledbetter disse...

Não vou acrescentar argumentos porque concordo em absoluto com tudo o que dizes. Talvez uma questão de perspectiva e de ênfase em diferentes aspectos...e também porque eu acho que a maioria dos magistrados (inclusive a minoria excedente) é tudo uma cambada de gatunos, uma cambada de ladrões e uma cambada de chupistas. Como vês, sou uma pessoa francamente razoável.;)

Abraço cheio de personalidade jurídica

Mooncry disse...

Já andava para comentar isto há imenso tempo mas precisava de algum tempo para escrevinhar. Aqui vai:

* Não acho que o Marinho Pinto tenha feito uma peixeirada, mas o "ponteiro" dele chegou ao limite (e não é preciso mto com a Manuela M. Guedes). Ele simplesmente disse tudo aquilo que a maioria dos portugueses, ou gosto de pensar assim, pensam. Algo está mal na classe dos jornalistas quando deixam que uma gaja daquelas tenha uma carteira profissional (que tem um código deontológico por detrás que tem de ser escrupulosamente cumprido, no caso de alguém naõ saber), deixam que um telejornal daqueles seja feito, já para não falar das entrevistas ou reportagens que por ali passam. Algo está muito mal, e temo que até as entidades que deveriam pôr mão naquilo estejam, de uma forma estranha, controladas por uma qualquer politiquice que os deixa de mãos atadas.

* Nem todos os advogados do país são corruptos, e os mais "pequeninos" trabalham imenso e são bons profissionais (também aqui há excepções...). Mas desculpem-me a sinceridade, mas ou é ingenuidade ou ignorância, não saber que há uma imensa quantidade de escritórios de advogados (alguns bem conhecidos, e até há um que já foi big boss da ordem e inimigo acérrimo do Marinho Pinto quando este se candidatou e que agora anda muito caladinho... porque será?) que estão metidos em negócios super obscuros, e que não aparecem nos media porque... enfim, nem tdo aparece nos media por variadas razões que agora não são para aqui chamadas.

* O Marinho Pinto vai passar pela Ordem dos Advogados como o Salgueiro Maia e outros capitães de Abril passaram pelos dias que se seguiram ao 25 de Abril (foram afastados porque aquilo pelo qual tinham lutado e quase dado a vida não estava a ser feito). Como símbolo! O problema é que está, neste momento, a causar demasiados problemas por falar demais, e terá de ser afastado por isso mesmo.

(continua)

Mooncry disse...

* Não acho que ele consiga mudar a Ordem dos Advogados ou fechar os escritórios dos profissionais corruptos, mesmo sendo bastornario. Não é um homem que acuse A ou B sem provas, como advogado e jornalista que é sabe-o bem que não o pode fazer ou mete-se em problemas sérios. E talvez por isso, tenha falado na corrupção e não tenha dado exemplos. Mas há um facto muito importante: ele foi eleito democraticamente (se há assim tanta gente contra ele... quem o elegeu? se calhar os advogados pequenos que sabem de tudo o que ele fala...), e apenas há umas distritais que o querem depôr... sabe-se lá porque! Até o antigo bastonário lhe deu razão, um bocadinho indiscretamente mas deu. E ele "comanda" a distrital de Lisboa, e deve saber melhor do que ninguém do que fala o Marinho Pinto.

* A justiça, os advogados, os juízes precisam todos de uma remodelação às raízes. Infelizmente acho que o Marinho Pinto não o vai conseguir, porque há muitos que estão contra ele e lhe puxam o tapete constantemente, mas gabo-lhe a coragem pelo que fez. Sobretudo ao criticar o jornalismo deplorável que se faz na TVI à sexta-feira. É vergonhoso para a classe jornalistica.

E agora um P.S.: Tive aulas com este Senhor, convivi de perto com ele, não sou amiga dele e não o conheço assim tão bem. Mas eu, como qualquer pessoa do meu curso, posso assegurar que ele é íntegro, autêntico, diz o que pensa, não tem mínimas papas na língua (não imaginam o que alguns de nós ouviamos...)e não anda aqui apenas para ganhar dinheiro ou fama. É um profissional, em termos de advocacia e jornalista (sim, ele é/foi jornalista ao contrário do que a ignorância da Manuela Moura Guedes crê) e respeita todas as regras da profissão ao pormenor. Luta imenso pelos direitos humanos. Admito que tem um estilo meio brejeiro, mas a história da vida dele talvez o tenha feito assim. Gosto dele porque é sincero como há poucos, corajoso e lutador, e isso consigo assegurar. Consigo dizer isto com toda esta certeza porque as aulas não se limitavam à matéria mas a muitas outras coisas, como as condições em que ele estudou em coimbra, quando foi preso, os processos mais complexos, e até a corrupção, entre milhentas outras coisas. Em "off" muita coisa é contada.

Que testamento. Ainda aconselho a lerem uma crónica do meu mui querido Miguel Carvalho na Visão sobre este caso, nunca é demais e ele escreve bem melhor do que eu. Apesar de tudo espero ter sido esclarecedora nas minhas ideias, concordo com o Marco, isto é mais uma resposta para o Joe que não conheço por isso também não julgo, tal como acho que não devemos julgar o Marinho Pinto.

Bjoo