terça-feira, 12 de setembro de 2006

Justificar o ódio


Ontem à noite num arrepiante documentário na TV evocativo do 11 de Setembro...Como é que o fanatismo pode assanhar tanto ódio? Ou como é que, para legitimar o ódio, se aviva o fanatismo? É impressionante até onde pode ir o apetite de odiar, a equidistante e exaltada satisfação com o drama do adversário. O ódio que se anseia e ama, assenta a sua retórica na retórica do que se pretende que o justifique. Por isso o extremo da religião é o que de melhor serve o extremo do ódio. Não é assim de estranhar que as religiões venham ao de cima com a sua fácil redenção ou sedução. É à hora da morte e debilidade que há mais conversões. E à falta disso, a política da simplificação fácil serve perfeitamente para deslumbrar de esperteza a malta dormente já com o ódio germinado. Após o 11 de Setembro, as multidões de bestas submissas que rebentaram numa alegria imensa pela rua árabe ou marxista-leninista-estalinista-trotskista-antiamericanista-progressista, conforme o caso...a beber chá verde ou champanhe e um charuto cubano para comemorar. Não é isto tenebroso? O homem não tem limites. Para o bem e para o mal. Assim ele se compara a Deus e com o mais abjecto dos diabos. Arre, que é de mais tanto excesso de boçalidade.
Led

5 comentários:

nuno disse...

não faças como os judeus que mandam nesta terra e metas a religião ao barulho. areia para os olhos é o que a religião é neste caso. areia, meu caro! um atentado bárbaro e nojento, sim, mas motivado por tudo menos religião.

e até tu serás incapaz de dizer que atacar um país para instalar uma democracia ocidental não é começar uma guerra por motivos religiosos. o Deus é que é diferente... menos Deus, mais Deu$...


foram os judeus! ouve o que te digo, marco matos. os judeus!

Ledbetter disse...

Não falava como é óbvio no Iraque ou nos motivos do 11 de Setembro mas nos festejos que se lhe vieram a seguir e no fanatismo actual que se lhe resolve em religião ou política.

Mas as religiões (como o Comunismo, na sua essência) têm a debilidade de se resolverem num ser débil. Débil está o mundo inteiro – a emergência da religião é a prova da debilidade desse mundo. O moribundo aferra-se ao que tiver à mão, nem que sejam as dobras do lençol. Não prova isso que a salvação esteja lá.

Quantos aos Judeus olha, por mais racistas, mesquinhas e oportunistas teorias de conspiração que agora vão aparecendo, a verdade é que morreram 400 soterrados nas torres, como os outros todos desconhecidos onde se incluem muçulmanos e cristãos.

nuno disse...

a esses 400 judeus contabilizados, podes juntar o par de milhares de latinos ilegais que estavam a fazer a limpeza das torres e que, como ilegais que sao, nao tem papeis nem registos da sua presença no local dos atentados, logo nao existem nem morreram la. pq, como se sabe, a vida de um branco, seja ele de que religiao for, vale 3 ou 4 vidas de uma qualquer raça inferior.
seja essa raça habitante da palestina, de dafur, do irao, de nova orleaes ou do chile.

ontem fui ver um documentario sobre a cena de israel e dos territorios ocupados. um documentario simples, com os factos chapados no ecra, com uma certa dose de imagens chatas de se ver e o camandro. basicamente, um documentario para educar americanos. sabes qual as partes em que se notou uma maior reacçao do publico? nao foi no numero de mortos de crianças palestinianas nem nada disso. foi quando apresentaram quanto do dinheiro dos impostos dos gringos iam direito para israel. isso e quando contaram a noticia de uma americana loira que foi assassinada pelo exercito israelita...

nao ha religioes envolvidas nisto. isto e' tudo menos religiao. a religiao e' apenas o simplificar de uma cena complexa. e' o gringanizar o que nao se entende ou nao se quer entender. ja dizia o saudoso poeta social do sec. XX, "as mentiras de hoje serao as verdades de amanha". ah, pimenta, se tu soubesses...

alias, e agora que penso nisso, a culpa disto tudo 'e dos Insane Guys! guimaraes na segunda para sempre!!!!

Ledbetter disse...

Como sempre, a disparar em todos os sentidos até perderes a ti e a mim de vista. Não percebo porque tens que trazer para aqui o conflito israelo-palestiniano ou porque és tão escasso e circunspecto em palavras a falar do fundamentalismo islâmico que esteve na base deste atentado horripilante... Todo o maniqueísmo e o mais indecoroso malabarismo intelectual serve, desde que aponte a Israel e aos EUA, os grandes Satãs imperialistas! Onde é que eu já vi este tipo de raciocínio ? O poderio norte-americano, a democracia representativa, a civilização ocidental , o desfrutar de bem-estar, a liberdade de pensamento e expressão, a desopressão sexual e religiosa, que coisa imoral e indecorosa!

É óbvio que a religião é só um pretexto para muita coisa, inclusive no plano mais negativo, o ódio mais visceral...foi aliás exactamente isso que eu disse. Os motivos do 11 de Setembro são conhecidos e os mesmo de sempre , a demência assente na tirania, inveja ,na intolerância e na irracionalidade. Mas não desprezes a religião (não era esta o “ópio do povo” ou aqui já não é conveniente?), pois o Islamismo fanático estabelece-se sobre os mesmos medos e frustrações que desencadeiam estas atrocidades . Os pregadores do ódio apostam nesses sentimentos para formar batalhões destinados a impor um mundo de opressão ,decapitação, lapidação e tortura. Nos países islâmicos que os albergam, centenas de políticos, intelectuais, escritores ou clérigos estão nas prisões por defenderem a separação entre a religião e o estado. Tudo em nome da inquestionável submissão a Alá e à Sharia. Porque, ao invés do que afirmas , são crenças individuais assentes num determinado código moral que estiveram e estarão em causa na mente dos suicidas do 9/11 e nos vários fanatismos religiosos do nosso tempo e de tempos pretéritos. Os homens sempre mataram e continuarão a matar por «amor a Deus ou a uma ideologia», como o fazem, de resto, por amor (e ciúme) aos outros (como os Insane Guys do Guimarães). Porque têm a "verdade" na sua mão direita. Porque sentem um "chamamento". Porque lhes dizem que têm de se matar em nome de uma causa colectiva mas porque o suicídio os aproxima de uma qualquer divindade e sobrenaturalidade gigantesca tão certa no seu delírio particular . O que há de trágico na vida não é o podermos explicá-la: é não podermos dar-lhe uma significação. Porque o fim último de servir o seu “Deus ou causa” é sempre “maior” do que os crimes que cometem. Em nome do seu “Deus”. Seja ele qual for. O servir de uma causa (política, territorial, etc) até aos limites da existência humana é um sentimento escrupulosamente religioso, não tenhas dúvidas.

Entrei no puro devaneio metafísico e não me apetece ir mais longe.. Fico-me por aqui.

Abençoado seja o livre- pensamento!

Ledbetter disse...

Abraço Rambaldi!