quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Evangelho Segundo Pacheco Pereira

Sinceramente já fatiga a constante verborreia paranóica e vitimizante de Pacheco Pereira… Ele é o incessante queixume em relação a uma suposta instrumentalização à esquerda no DN, ou de um excesso de propaganda governamentalista na RTP ou ainda a contínua desclassificação de todo e qualquer jornalismo que não obedeça à sua própria agenda política (o mesmo Pacheco Pereira que acha que a imprensa é tendencialmente de esquerda em Portugal…só para rir). Qualquer jornalista tem agora de inteirar-se antecipadamente onde vive o grande Pacheco Pereira antes de escrever seja o que for que possa ser apreciado como suspeito pelo grande guru político da blogosfera, o grande detentor do exclusivo da verdade. Mas são compreensíveis este toques burgueses de censor informativo dada a sua função de director espiritual do “insuspeitíssimo” jornal Público do igualmente do “insuspeitíssimo” José Manuel Fernandes, a parelha neo-purista (e “neo-” muitas outras coisas) do momento. Mas por vezes chega a ser patética tanta lamúria conspirativa a roçar a histeria monomaníaca. E queixa-se e lamenta-se e aponta o dedo ao silenciamento das opiniões contrárias (a dele, claro…que opina com tão pouca frequência) e ao jornalismo de causas dos outros que não é verdadeiro jornalismo e à contínua perseguição política de que o próprio é sujeito por essa turba desmiolada (de esquerda, claro), sempre resmungando rabugento pelo seu blog, na Quadratura do Círculo, no jornal Público… Todos os outros coniventes com as forças do mal e ele, orgulhosamente só no seu distinto palanque, o grande herói na sua destemida cruzada pela pureza de princípios, ele sabe o que é fundamental e o que não é. Grande ovação ao nosso ideólogo de serviço! Naturalmente, e se calhar, humanamente, procura convencer-nos de que pretende apenas a defesa dos princípios: ele defende são os fins. O que lhe interessa, na realidade, e aqui entre nós, é que vamos todos a par ou, se possível ele um bocadinho adiante. Ele que é hábil, sabe que acusações deste género não se pode responder, porque há sempre curiosos à volta que vão aproveitar-se do que ouviram. Mas o que toda a gente que o lê ou ouve já se apercebeu há muito é que ele pretende sempre apresentar-se como vítima e dar largas ao seu complexo de perseguição. Mas esta é uma questão recorrente de quem já foi da esquerda radical, decidiu transmutar-se para a direita e nunca mais descansou, ao longo da vida, de esconjurar em público os espectros ideológicos do seu passado. Há uns tempos envolveu-se involuntariamente (e aqui involuntário significa somente usando como intermediário José Manuel Fernandes) numa polémica com a jornalista Fernanda Câncio, tudo porque houvera admitido numa entrevista ao DN que existia uma cruzada declarada contra José Sócrates no jornal onde escrevia e que até concordava com ela (espanto dos espantos!). A análise da frase feita pela Fernanda está aqui no blog 5 dias e aconselho a todos os interessados a leitura. A frase acabou por dar azo a uma acesa discussão, da qual José Manuel Fernandes acabou por aceitar o papel medíocre de defesa da sua dama. O que é facilmente reconhecível é que o Público está neste momento a viver da memória, a degradação editorial e a obsessão patente com o papel de opositor ao governo fazem-nos ter saudades do antigo Público de Vicente Jorge Silva, pelo menos este sempre se esclareceu ideologicamente e conseguia tudo o que o jornal actual não consegue, definir uma posição institucional e ser verdadeiramente pluralista. Mas cansa-me este mau hábito de Pacheco Pereira de envolver sempre tudo numa névoa de suspeição para fugir à política real dos números e dos factos (as lições que leva de António Costa na Quadratura do Círculo chegam a ser confrangedoras). Cansa-me que volte mais uma vez à carga falando da falta de isenção no DN, como se ele não fosse parte da parcialidade do Público. Cansa-me vê-lo a falar de política doméstica e cumprir uma agenda política, ainda por cima fazendo-se sempre crer como estando acima das ideologias. Cansam-me estas manobras surdas para defesa de Manuela Ferreira Leite, uma líder visivelmente fraca e sem estaleca para liderar o maior partido da oposição. Um outro Pacheco Pereira conseguiria facilmente reconhecer isto a milhas. Mas esse é outro Pacheco Pereira, um notável historiador.

Led

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