sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

6 canções para o fim-de-semana


Thom Yorke - Jetstream.mp3
God Is An Astronaut - Post Mortem.mp3

Led

E então o situacionismo, Dr. Pacheco?

"Alguém queixava-se de que estava a ser vítima de extorsão e quis ir ao ministério para denunciar isso. Segundo Pacheco Pereira o ministro deve ser suspeito porque não foi ao Ministério Público. Pacheco Pereira deveria fazer um esforço para ser, ou pelo menos para parecer mais honesto.

Também é estranho que Pacheco Pereira que anda sempre tão preocupado com a central de comunicação que controla os órgãos de comunicação social não se pronuncie agore sobre quem os controla, principalmente os que pertencem ou são dirigidos por gente do PSD."

in, Jumento

Led

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Do histerismo

Uma trampa vergonhosa, esta perseguição a José Sócrates. E mais uma vez, tal como o houvera sido em 2005 e mais recentemente no caso dos processos relacionados com a suspeita de ilegalidade nas habitações projectadas pelo mesmo José Sócrates (ultimamente arquivados mas estranhamente esquecidos pelos mesmos que levantaram as suspeitas), o mesmo irremediável provincianismo e academismo de toda uma imprensa nacional sequiosa pelo mais pequeno indício de escândalo alheio. E a oposição secretamente regozijada no interior da sua carapaça de formalismo institucional, inebriada com a dádiva fortuita. E de imaginar que todas estas suposições tiveram a sua origem numa denúncia anónima (como é próprio de gente idónea e corajosa) enviada para o Ministério Público que associava o nome de Sócrates e de sua mãe no processo de um suposto licenciamento danoso do Freeport mas de uma forma descontextualizada com o resto do documento ... Sim, uma denúncia anónima, senhores astutos jornalistas! Esse é um pormenor importante, ou não interessa para vender uns minutos de exaltação e desconfiança? Uma carta enviada em 2005, num período de plena disputa eleitoral. E agora, convenientemente recuperada, novamente em ano de eleições, novamente quando não se entrevê uma oposição política credível capaz de vencer José Sócrates nas urnas, novamente a mesma fuga de informação, deliberadamente arrastada para amplificar o desgaste, selectiva e dirigida com o mesmo fim. Mas querem mesmo fazer de nós meros imbecis? Nem sequer a menor suspeita, hipótese, lampejo, fímbria de faísca de que tudo isto seja (também) uma campanha orquestrada? Mas é demasiada tanta parvalheira presuntiva. O exemplo de Ferro Rodrigues não fez esta gente repensar os perigos que advêm do manuseamento (ilegal) de fugas de informação e do deslumbramento com o poder gratuito que a imprensa ainda conserva neste país. Excesso de jornalistas para o país que consomem. Excesso de jornalistas para o jornalismo de sempre. Excesso de pensadores-analistas-comentadores-críticos-observadores para as mesmas conclusões enxutas afinadas no mesmo tom. Excesso de alarmismo e tremendismo para a alarmante e tremenda falta de substância. Esses gazeteiros inúteis e aduladores do justicialismo novelesco. Esses vitelinhos instrumentalizados que mal conseguem esconder o histerismo de um novo caso para preencher o vazio noticioso. Essa tecnocasta de papagaios excitados e encarrapitados nos poleiros da televisão e da imprensa escrita, muito sofisticados e muito preocupados, muito desafrontados e despachados, todos iguais entre si, traficando manchetes cínicas sem nunca se comprometerem absolutamente. Dispondo cuidadosamente os elementos da neblina de desconfiança na extensão que pretendem, para que o bovino espectador chegue ao desenlace que ambicionam. Teóricos sintéticos das presunções-supeitas-hipóteses-suposições-conjecturas. Teóricos do teatro e da novela sul-americana. Esses muito satisfeitos asnos besuntados de estrangeirismos e de lugares comuns, todos esses parasitas sem escrúpulos do mediatismo informativo e dos podres que a democracia participativa lhes oferece, a esburgarem os ossos de um país já sem ossos, e deliciadamente entretidos em repulsivas e garganteadas campanhas pela demolição do bom nome das pessoas. “Até quando é que pode lutar contra as manchetes, Sr. Primeiro-ministro?”, pergunta um néscio da Sic Notícias. “Já ponderou em demitir-se, Sr.Primeiro-ministro?”, pergunta outro autómato da TVI. Tudo isto num país em crise em ano de eleições e a carecer de seriedade e estabilidade…tanta bestialidade civilizada por metro quadrado. Então aqueles remelosos chorões e populistas da TVI…sempre a malharem impunemente. Tanta indecência revanchista. Santo país da coscuvilhice comadreira do maldizer, agora sem quaisquer vestígio de valores. Repito, sem quaisquer valores.

Uma fadiga imensa, os nervos em desalinho e uma zoeira de febre gripal no toutiço. Desligar a televisão, sair da internet, arrumar o jornal. Desanuviar…

Led

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Um país viciado

(...) Este tem sido, indiscutivelmente, o Governo que mais tentou reformar o que precisava de ser reformado, mexer nos famosos 'direitos adquiridos' das corporações que vegetam à custa do Estado e que são o factor primeiro para o nosso eterno subdesenvolvimento. Sócrates tem esse mérito, o mérito de o ter tentado, sozinho e contra todos. Mas, assim, não podia vencer e não venceu.

Vieira da Silva, talvez o melhor ministro deste Governo, conseguiu levar a cabo provavelmente a única reforma conseguida e essencial: a do financiamento da Segurança Social, que evitou que, num horizonte de não mais do que dez ou quinze anos, não houvesse dinheiro para pagar pensões a ninguém. Mas falhou na ténue revisão da legislação laboral, que os sindicatos e o PCP combateram por todas as formas. Agora, por exemplo, o Tribunal Constitucional veio declarar a inconstitucionalidade da norma que previa o alargamento do período experimental de 90 para 180 dias, antes da passagem de um trabalhador a efectivo. Orgulhosamente, o TC defendeu os princípios do "direito ao trabalho" e da "segurança laboral", tão caros à nossa patética Constituição. Magnífico! E saberão os excelentíssimos juízes quais serão as consequências disso, num momento em que, no mundo inteiro, as empresas despedem e fecham, porque a economia estagnou e não há trocas nem o dinheiro circula? As consequências é que haverá ainda menos empresas a admitir trabalhadores ou, as que o fizerem, findo o período de 90 dias, despedem-nos ou passam-nos a recibo verde - sem direito a Segurança Social, férias, pagamento de horas extraordinárias ou quaisquer outras regalias de que beneficiam os privilegiados que, como os juízes, têm emprego certo e garantido para toda a vida e salários pagos religiosamente no final de cada mês.

Oiço também Manuel Carvalho da Silva (que tenho por pessoa séria e preparada) anunciar um ano de luta dos "trabalhadores" em defesa do aumento de salários e pensões, porque, sem isso, diz ele, a crise não será ultrapassada. Ora, ele não ignora que, com isso, é que a crise explodirá, com mais e mais empresas a falirem e mais e mais trabalhadores e famílias lançadas para o desemprego. E quando se sabe que este ano, e em resultado da crise, não há inflação a comer salários - pelo contrário, o perigo é a deflação e o desemprego - a sua proposta só pode visar uma política de terra queimada. Não por acaso, em ano de eleições.

A política de reformas e a própria necessidade de cerrar fileiras para enfrentar os tempos difíceis que aí vêm encontram pela frente uma grandiosa e organizada resistência de vários interesses contraditórios confluentes: a cartilha leninista do PCP, seguida à letra pelos sindicatos que lhe prestam obediência, num quadro político que hoje é verdadeiramente terceiro-mundista; a resistência tenaz de todas e cada uma das corporações em aceitar abrir mão de privilégios imorais e insustentáveis para o país; a cumplicidade activa de um corpo judicial que ignora como funciona o país real e que protege das reformas tentadas todas as outras corporações, com receio de que finalmente chegue a sua vez; a atitude acrítica de muita imprensa que adora a rua e o conflito como fonte de notícia e a quem os sindicatos e as corporações servem prestimosamente variadíssimas photo-oportunities e motivos de primeira página; e, enfim, a absoluta falta de sentido de Estado das oposições e, em particular, do PSD, que não resistem à mentalidade de que quanto mais complicada for a vida do governo melhor é para eles. Todos partilham da crença suicida de que pior do que tudo é o país poder tornar-se governável e alterarem-se coisas que são um adquirido nacional: termos a saúde mais cara do mundo, o maior e mais inútil desperdício de dinheiros públicos numa Educação que não funciona, uma Justiça que se arrasta em autocontemplação incapaz de cumprir o essencial daquilo que justifica a sua existência, uma produtividade laboral que é sistematicamente das mais baixas da Europa e que parece querer assim justificar uma economia com lugar para salários indecentes e livres tropelias do capital.

Numa notável entrevista ao último número do "Sol", Eduardo Barroso explica de forma arrasadora como é que as reformas tentadas pelo ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, eram essenciais para melhorar o serviço e conter gastos. E como é que elas foram derrotas "por pressão da rua e da imprensa". O mesmo destino terão grande parte das reformas tentadas por Maria de Lurdes Rodrigues na Educação. Não porque não tenha razão, mas precisamente porque a tem. Mas isso é o pior que pode acontecer a alguém em Portugal: ter razão contra os interesses instalados. “

Miguel Sousa Tavares, Expresso (05-01-09)

Led

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Evangelho Segundo Pacheco Pereira

Sinceramente já fatiga a constante verborreia paranóica e vitimizante de Pacheco Pereira… Ele é o incessante queixume em relação a uma suposta instrumentalização à esquerda no DN, ou de um excesso de propaganda governamentalista na RTP ou ainda a contínua desclassificação de todo e qualquer jornalismo que não obedeça à sua própria agenda política (o mesmo Pacheco Pereira que acha que a imprensa é tendencialmente de esquerda em Portugal…só para rir). Qualquer jornalista tem agora de inteirar-se antecipadamente onde vive o grande Pacheco Pereira antes de escrever seja o que for que possa ser apreciado como suspeito pelo grande guru político da blogosfera, o grande detentor do exclusivo da verdade. Mas são compreensíveis este toques burgueses de censor informativo dada a sua função de director espiritual do “insuspeitíssimo” jornal Público do igualmente do “insuspeitíssimo” José Manuel Fernandes, a parelha neo-purista (e “neo-” muitas outras coisas) do momento. Mas por vezes chega a ser patética tanta lamúria conspirativa a roçar a histeria monomaníaca. E queixa-se e lamenta-se e aponta o dedo ao silenciamento das opiniões contrárias (a dele, claro…que opina com tão pouca frequência) e ao jornalismo de causas dos outros que não é verdadeiro jornalismo e à contínua perseguição política de que o próprio é sujeito por essa turba desmiolada (de esquerda, claro), sempre resmungando rabugento pelo seu blog, na Quadratura do Círculo, no jornal Público… Todos os outros coniventes com as forças do mal e ele, orgulhosamente só no seu distinto palanque, o grande herói na sua destemida cruzada pela pureza de princípios, ele sabe o que é fundamental e o que não é. Grande ovação ao nosso ideólogo de serviço! Naturalmente, e se calhar, humanamente, procura convencer-nos de que pretende apenas a defesa dos princípios: ele defende são os fins. O que lhe interessa, na realidade, e aqui entre nós, é que vamos todos a par ou, se possível ele um bocadinho adiante. Ele que é hábil, sabe que acusações deste género não se pode responder, porque há sempre curiosos à volta que vão aproveitar-se do que ouviram. Mas o que toda a gente que o lê ou ouve já se apercebeu há muito é que ele pretende sempre apresentar-se como vítima e dar largas ao seu complexo de perseguição. Mas esta é uma questão recorrente de quem já foi da esquerda radical, decidiu transmutar-se para a direita e nunca mais descansou, ao longo da vida, de esconjurar em público os espectros ideológicos do seu passado. Há uns tempos envolveu-se involuntariamente (e aqui involuntário significa somente usando como intermediário José Manuel Fernandes) numa polémica com a jornalista Fernanda Câncio, tudo porque houvera admitido numa entrevista ao DN que existia uma cruzada declarada contra José Sócrates no jornal onde escrevia e que até concordava com ela (espanto dos espantos!). A análise da frase feita pela Fernanda está aqui no blog 5 dias e aconselho a todos os interessados a leitura. A frase acabou por dar azo a uma acesa discussão, da qual José Manuel Fernandes acabou por aceitar o papel medíocre de defesa da sua dama. O que é facilmente reconhecível é que o Público está neste momento a viver da memória, a degradação editorial e a obsessão patente com o papel de opositor ao governo fazem-nos ter saudades do antigo Público de Vicente Jorge Silva, pelo menos este sempre se esclareceu ideologicamente e conseguia tudo o que o jornal actual não consegue, definir uma posição institucional e ser verdadeiramente pluralista. Mas cansa-me este mau hábito de Pacheco Pereira de envolver sempre tudo numa névoa de suspeição para fugir à política real dos números e dos factos (as lições que leva de António Costa na Quadratura do Círculo chegam a ser confrangedoras). Cansa-me que volte mais uma vez à carga falando da falta de isenção no DN, como se ele não fosse parte da parcialidade do Público. Cansa-me vê-lo a falar de política doméstica e cumprir uma agenda política, ainda por cima fazendo-se sempre crer como estando acima das ideologias. Cansam-me estas manobras surdas para defesa de Manuela Ferreira Leite, uma líder visivelmente fraca e sem estaleca para liderar o maior partido da oposição. Um outro Pacheco Pereira conseguiria facilmente reconhecer isto a milhas. Mas esse é outro Pacheco Pereira, um notável historiador.

Led

Palo Alto

In a city of the future It is difficult to concentrate Meet the boss, meet the wife Everybody's happy Everyone is made for life



Please press the tag above for some minutes of pleasurable well-educated urbanized experience (and then you should go to work as a good and proficient employee)


Led

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Change We Can Believe In

O pior pré-julgamento criado com a entrada de Obama na Casa Branca será a expectativa de que a radicalização de posições em torno dos EUA diminua instantaneamente com o início de funções. Para já a mudança tem sido do campo do abstracto, todas as conjecturas permissíveis porque a política ainda passeia de mão dada com os chavões excelsos com os quais todos concordamos (a aura de optimismo atinge contornos raros: o seu índice de popularidade chega aos 84%). Mas o ódio institucionalizado anti-americano é ideológico e por isso de teor emocional. E não há razão iluminista que nos proteja da abnegação ao ódio grosseiro da última década. Por outro lado, a UE é uma Grécia antiga estiolada em jogos de sofismas. Sem unidade e sem capacidade de mobilização poderá recair no erro de deixar a iniciativa de resolução dos conflitos externos de novo para os EUA, a projecção formatada da nossa impotência e culpa reprimida no país do pragmatismo e dos hambúrgueres. E esta é uma das maiores mistificações do nosso tempo (e a mais sedutora). Mas um homem precisa de um mito para ir vivendo. E no meio de tamanha crise de valores que convivemos todos os dias (económica, política, social, religiosa, ambiental) e em face da hostilidade universalizada facilitada com a incompetência grosseira do período “W” dos últimos 7 anos, dificilmente descortino um caminho de ampla aceitação (como a que assistimos nos 2 meses precedentes) para a administração Obama ultrapassar os espinhosos obstáculos que se lhe deparam no horizonte imediato. Obama já tem um lugar na história pelo significado cultural da sua eleição mas o risco é tanto mais elevado consoante a fasquia gerada em torno dele. Será ele capaz de corresponder? Seremos nós capazes de o equivaler e de responsavelmente separar o essencial do acessório? Esperemos que sim. Num tempo de desnorte e descrença disseminada, acreditemos por uma vez que sim. Talvez seja esse meio caminho andado para a mudança que todos desejamos mas da qual ainda desconhecemos os reais contornos.

Led

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Neil Finn and friends - 7 worlds collide


Da esquerda para a direita: Ed O’Brien (Radiohead - Guitar), Phil Selway (Radiohead - Drums), Neil Finn (The Crowded House - vocals, guitar), Tim Finn (ex-Split Enz - vocals), Johnny Marr (ex-The Smiths - Guitar), Eddie Vedder (Pearl Jam - vocals, guitar), Sebastian Steinberg (Soul Coughing - Bass), Lisa Germano (vocals).

Agora é esperar pela versão 2008...

Led

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Momento delirante de fim-de-dia : Kibe Loco

Tocava seu timbal o ano inteiro...alegrando todo esse povo incógnito...

Toda uma densa camada de erudição metafísica num só vídeo.

Led (sim, queimei de vez...)

O PEV é um partido sério

Há algo que se corrompe inelutavelmente no caminho entre o ser-se fiel a princípios e o ser-se fiel a ideais. A firmeza de ideais pode ser uma forma vistosa de camuflar a falta de substância intelectual. Assim o é frequentemente na política. Apesar de todo o histórico convénio tácito e rico em virtudes que envolve a expressão, ter firmeza de ideais é muitas vezes reconhecer uma asneira mas permanecer nela. Na condição, todavia, de nunca reconhecer a asneira publicamente. Ninguém exalta a firmeza de ideais de alguém, se nada põe em causa as doutrinas que defende. Não se diz de ninguém que tem firmeza de ideais, se toda a vida afirmar que a terra é redonda. Só há firmeza de ideais, se uma doutrina se mostrou errónea e se persiste nela (como o benfica). A firmeza de ideais (não a de princípios) é portanto um acto de orgulho (ou de pedantismo, ou de estupidez ou de ridículo, consoante o tamanho do valor que é posto em causa). Mas o ser-se sério (e inteligente) é de outro calibre. Ser-se sério na política é antes de mais, o ser-se disponível.

E todo este longo raciocínio defeituoso e grosseiro porque o primeiro-ministro denunciou hoje no debate parlamentar o PEV como um apêndice camaleão do partido comunista em resposta a uma acusação de Heloísa Apolónia de falta de seriedade. A resposta da líder parlamentar foi a esperada (a mesma dos últimos 30 anos), “Falta de seriedade é prometer governar à esquerda e depois direita, direita, direita...” E nesta velha cortina anacrónica politiqueira e catequista se esbate a discussão política em Portugal desde o 25 de abril. "Esquerda"-"Direita"-"Esquerda"-"Direita"-"Esquerda"-"Direita"...sempre o mesmo discurso maníaco e quadrado! Como não perceber que não há somente uma forquilha para a esquerda e a direita? Raio de tísicos ideólogos vaidosos mais a prosápia pueril e os dividendos morais da coisa! Como não perceber que as questiúnculas algébricas sobre a posição precisa e milimétrica da ideologia são tudo menos essenciais? Há nuances e tendências e deflexões e inflexões “ideológicas”, cujas poucas fronteiras se diluem cada vez mais como o próprio mundo. Perder tempo com isto é que é ser-se pouco sério. Sejamos competentes antes de mais, pode ser? O resto são reminiscências retóricas e decorativas de um mundo há muito prescrito.

Led

sábado, 10 de janeiro de 2009

O lugar ideológico dos insurgentes de sofá

“(...) Maior silêncio ainda caiu sobre os responsáveis pela morte da família de Huda Ghaliya, a menina que o mundo inteiro viu chorando sobre os cadáveres de toda a sua família, numa praia de Gaza, em 2006. Os jornais ocidentais, com a mesma diligência com que a promoveram o novo ícone palestiniano, também o esqueceram quando se soube que a sua família não morrera vítima de um ataque israelita mas sim de armas palestinianas.

Os exemplos desta fábrica mediática de mártires para ocidente consumir levam-nos invariavelmente à constatação de que existe no ocidente uma espécie de "insurgentes de sofá".

Tal como os treinadores de bancada raramente praticam qualquer desporto, também estes "insurgentes de sofá" jamais pegariam numa arma ou fariam um atentado. E não o fariam porque moralmente não seriam capazes e também porque este mundo ocidental do qual dizem tanto mal lhes tem proporcionado invejáveis padrões de vida.

Israel torna-se assim no "lugar ideológico" que lhes permite acharem-se ideologicamente coerentes enquanto usufruem o que de melhor a democracia a que dantes chamavam burguesa tem para oferecer.”

Led

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009