terça-feira, 30 de janeiro de 2007

History I've seen so much I'm going blind

I think I need a damn coffee and watch much less tv...



Led

Do Prós e Contras

É fantástica a quantidade de tinta e cuspo que se gasta na contenda da despenalização do aborto. Além da disputa hipócrita e manipuladora de desvirtuar a simples questão numa aparatosa dita defesa honorífica de um dito ser humano (sem se perceber exactamente o que andaram a fazer os coerentes defensores do não durante 23 anos de existência de um lei que, segundo o seu austero e preocupado juízo religioso - que curiosamente impede os funerais dos mesmos fetos- , imperiosamente homicida), chega-se mesmo ao cúmulo estupendo de aflição argumentativa ao invocar razões consequentes de carácter demográfico. Ai, apaixonada Katia Guerreiro, que o fado é sempre o mesmo! Se rodos os casais, em generalizada obediência católica ou ainda no mais honroso e patriótico acto diligente produzissem a filharada que a fisiologia consentisse, só fornicassem para haver produção, em menos de poucos anos não haveria para cada indivíduo um metro quadrado de território. É evidente que tudo isto se enlameia em fanatismo rançoso, porque para haver equilíbrio demográfico e não haver aborto, há a pílula e o preservativo que a Santa Igreja não consente. É óbvio que, dado tudo isto, o que a Igreja e os seus súbditos apenas visam é uma afirmação de força e a imposição de uma moral fatigada para se saber que ela existe. A questão do aborto é assim e incrivelmente neste início de século, mais uma questiúncula escolástica, com gastos de palanfrónio que era talvez mais justificável se se discutissem questões mais urgentes. Que vão então para o diabo que os carregue, incluídos todos os senhores dignitários eclesiásticos, que, aliás, não se deverão entender mal com ele!
Led

domingo, 28 de janeiro de 2007

Como baralhar as coisas

“Adaptação livre [muito livre!] do espírito do Marcelo:

- Está a chover?
[Ora, está a chover a potes, mas, dizendo eu que sim, ele vai querer levar o meu guarda-chuva... e eu não quero isso, portanto, para evitar discussões posteriores...]
- Não!
[... ele que se molhe!]”


Retirado daqui

Led

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

O Marcelo não confia nas mulheres


Decidi publicar na íntegra uma resposta interessante ao Prof. Marcelo da conhecida jornalista Fernanda Câncio (Glória Fácil), desmontando todo o malabarismo intelectual mais desonesto e cínico vindo de certos sectores dos defensores do não que usam e abusam com uma esperteza perversa da lógica dual do referendo. É esperto porque acicata a desconfiança inerente dos portugueses nas instituições, no Estado, nos governantes, nos políticos... e todos sabemos como o português gosta de esquemas, de manhas , de enredos obscuros e de agendas escondidas de partidos, abraçando rapidamente a desfaçatez e a renúncia do que à partida parecia uma escolha natural. Sendo que o principal intuito dessa lógica inversa é claramente a confusão do eleitorado flutuante e desmobilização do eleitorado do sim . Mas quanto à posição em si, que tenta falsamente demarcar-se da beatice bafienta dos movimentos religiosos por ser dirigida a uma camada mais sensata e informada da sociedade...Não vejo como se pode defender que as mulheres que abortam prematuramente não devam ser presas e, ao mesmo tempo, anunciar que se votará contra a descriminalização proposta. Alguém o tinha escrito e é verdade, é certo que, e como em tudo, poderá haver sempre casos de desmazelo e irresponsabilidade de mulheres que fazem aborto, ou ainda prematuramente que engravidam devido a negligência, mas a irresponsabilidade moral não pode ser legislada, é para ser lidada pela consciência ética de cada um, ou não estivéssemos a falar de mulheres emancipadas. Até porque certamente essa não será experiência mais preponderante. Poucas mulheres farão aborto levianamente. O normal é o aborto levar a sofrimento, angústia e uma humilhação profunda. E é exactamente e não mais sobre esse drama que vamos votar, impedindo que permaneça criminalizado.
Mas vejam o que escreveu a Fernanda, é que vale mesmo a pena ler tudo:

O professou Marcelo tem, diz ele (acabou de dizer na RTP), uma posição heterodoxa. Um NÃO heterodoxo, muito especial, verdadeiramente extraordinário. E porquê, explica ele? Porque ele é ‘contra a penalização da mulher. Às dez semanas, aos cinco meses, aos oito meses.’Se a pergunta fosse, portanto, ‘está de acordo que a mulher que aborta – no limite, até aos 9 meses – deixe de ser criminalizada?’, o professor Marcelo responderia SIM, concordo. Mas, explica o professor, o que a pergunta do referendo pergunta é ‘muito mais que isso’. Porque ‘a mulher pode abortar sem causa nenhuma –- não há período reflexão nenhum nem aconselhamento nenhum --, para uma lei de liberalização nestes termos sou NÃO’.

E portanto, diz o professor Marcelo, que ninguém sabe onde foi buscar esta ideia de ‘não haver período de reflexão nenhum nem aconselhamento nenhum’ – vai-se a ver o professor Marcelo queria um boletim de voto com umas cinco páginas e uns trinta artigos a especificar as exactas condições em que se poderia interromper a gravidez, o número de dias de reflexão, a composição dos gabinetes de aconselhamento, etc -- ‘é muito claro: eu até sou SIM à despenalização mas sou contra uma lei que vai mais longe que a despenalização, que é permitir uma livre escolha sem justificação nenhuma. Um estado de alma permite à mulher abortar. Porque lhe apeteceu, põe em causa uma vida humana’.E acrescenta que ‘os progressistas espanhóis, que legalizaram o casamento dos homossexuais, não fizeram isto, têm uma lei como a nossa actual e não quiseram mudá-la’.

Ainda bem que o professor Marcelo é tão claro. Eu, por exemplo, que nem sou professora nem formada em leis e tenho as minhas muitas e muito óbvias limitações, fiquei a perceber que o professor Marcelo acha que interromper uma gravidez até às 10 semanas deve continuar a ser crime porque a pergunta permite que a mulher escolha. Já interromper uma gravidez até aos 8 meses, desde que não fosse a mulher a escolher, não seria crime.

Ou seja: interromper até às 10 semanas por decisão (‘estado de alma, apetecimento’, como diz o professor) da mulher não pode ser porque põe em causa uma vida humana. Perseguição penal e pena de prisão com ela (e não venham com a conversa de que elas não vão presas. Não vão presas porque a pena foi nos últimos anos suspensa, mas a sentença ninguém lhes tira). Já aos 8 meses de gravidez, desde que interromper seja por decisão de outrem (o professor Marcelo não explicou de quem, mas isso agora não interessa nada), não põe em causa uma vida humana. Ou melhor, põe, mas não faz mal. Deve ter sido por uma boa causa, sem estados de alma, porque não foi uma mulher a escolher.

Claro que o professor Marcelo não se deu ao trabalho de explicar o que é que ele acha que são razões e motivos atendíveis, que não estejam já na lei em vigor, para se interromper uma gravidez, como ele diz, aos 8 meses (altura em que, como toda ou quase toda a gente sabe e presume-se que o professor Marcelo também deve saber, já se fala de bebé e não de feto e há quase generalizada viabilidade). E claro que também não interessa nada em que condições se faz uma interrupção de gravidez: nunca houve mulheres a morrer disso, como se sabe (invenções da malta fracturante) nem a ficar estéreis ou a passar uma temporada nos hospitais por complicações abortivas. Nada disso. Além de que, se morreram ou ficaram com problemas de saúde, é bem feita, não fossem abortar por ‘estados de alma’ ou porque, de repente, lhes ‘apeteceu’ dar cabo de uma vida humana.

O professor Marcelo tem de facto um NÃO extremamente (como diria o maradona) especial. Extremamente. Um NÃO em que a vida humana – a tal vida humana às 10 semanas -- só é um valor a preservar se estiver em causa a decisão da pessoa que é suposta tê-la dentro de si durante nove meses, amá-la e cuidá-la. É de facto um NÃO extremamente claro, e estou muito agradecida ao professor Marcelo por esta clarificação, que é tão tão claramente clara naquilo que recusa.

Simplificando, o professor Marcelo criou um slogan que é o inverso, o espelho do tão odiado ‘na minha barriga mando eu’: ‘na barriga da mulher só não pode mandar ela’.

O professor Marcelo não confia nas mulheres portuguesas. Vidas humanas nas mãos -- nas decisões -- delas, nem pensar. É por isso que o professor Marcelo vota NÃO. É um 'NÃO, não confio nas mulheres'.

Ainda bem que o professor Marcelo explica as coisas tão bem explicadas. É que há gente que vota NÃO que se calhar ainda não tinha percebido porquê -- agora ficou a saber.

Ah, é verdade -- mas isso agora também não interessa nada -- os tais ‘progressistas espanhóis’ querem mesmo mudar a lei e propuseram-no no programa eleitoral. Mudar a lei para algo parecido com o que o referendo propõe, e precisamente porque consideram que a decisão deve pertencer à mulher. Mas para quê informar-se alguém antes de perorar na TV perante uns milhões de portugueses quando pode inventar o que lhe vier à cabeça enquanto fala?

Fernanda Câncio - Glória Fácil

Led

From the “Silverlake/Echo Park music scene”:

Pois é, parece que uma certa cena musical de um certo lado este de Los Angeles que tanto tem brindado o meu entretenimento mais recente já tem uma designação jornalística (a da praxe) e inclui bandas como Autolux, Silversun Pickups, Earlimart , Giant Drag ou Hit Me Back. Hoje mesmo andei com esta nos phones...

Earlimart – We Drink On The Job

Este pequeno tema é o único videoclip que encontrei da banda e é retirado do seu 2º álbum ( "Everyone Down Here", de 2002). Positivo, não? Humm...investigar...melhor...quero...rock....

De qualquer maneira é assim que se vai curando a ressaca de expectativa musical até que venha o novo registo dos Autolux, anunciado no my space oficial do grupo como tendo saída prevista para o mercado discográfico lá para os meados deste ano (Julho-Agosto). Será que escaparão ao síndroma destrutivo de 2º álbum? Esperemos que sim.

E hoje fico-me mesmo por aqui!

Led

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Ideia

O prazer que por vezes nos dá uma ideia com que concordamos, vem-nos da ilusão de que fomos nós que a inventámos. Até porque fomos. Mas só agora o soubemos.

Led

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

22 anos de Stand-up comedy

Led (Tb "gosto de tomar o meu vinho")

Paixão segundo São Mateus

Foto - Nebulosa de Hourglass
A noite corre. Ouço sinfonias para concerto de Bach. Deus fecha os olhos de serenidade a toda a imensidão deste céu glacial e adormece, regressado à sua infância, no seio desta música mais poderosa e divina do que ele. Deus é a invenção do excesso de nós...

Led

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Espaço Mistério Juvenil: Creek (but not from Dawson's)

Quem se lembra, quem se lembra?



Precisamente! A melhor publicidade de sempre para as Levi’s 501!

O nome do clip? 'Creek' (Shrink To Fit. 501. The Original Jean.)

Made in? Europa, Reino Unido ( quebrou-se assim o mito da puritana família Amish numa qualquer paisagem campestre norte-americana).

A altura? Estava(mos) no início de 1994, remoendo o recente luto causado pelo fim abrupto de um época (?) conturbada e fecunda de rock.

A banda? Stiltskin.

O tema? "Inside", o único hit digno de relevo retirado do álbum "The Mind’s Eye" . Mas quantas vezes não tentei eu e muitos reproduzi-lo com a banda da adolescência...

No activo? Recentemente voltaram às luzes da ribalta. O vocalista Ray Wilson fez uma banda nova mantendo o nome inicial e gravaram um segundo disco de seu nome "She"...

O clip em si? Verdadeiramente genial.

Recomendo ainda..? Que vejam o videoclip completo da banda escocesa.

and If you think that I've been loosing my way
that's because I'm slightly blinded

yeah!

Led

domingo, 21 de janeiro de 2007

Os 10 mais

“(... ) Já a escolha de Salazar e Cunhal entre os ‘10 mais’, devo reconhecer que faz todo o sentido e corresponde ao sentimento profundo que uma larga parte dos portugueses tem sobre a liberdade: um bem acessório. Salazar governou em ditadura durante quarenta e tal anos; Cunhal só não o fez porque foi impedido pela parte sã da nação. Salazar fez de nós o país mais retrógrado e subdesenvolvido da Europa; Cunhal tentou o que pôde para nos transformar numa Albânia. Ainda hoje pagamos a factura, económica e intelectual, das suas heranças. Que uma grande parte dos portugueses ache que eles são dos maiores de sempre entre nós explica a razão pela qual somos actualmente o mais atrasado país da Europa. Mas escusavam de nos relembrar isso, com a grande fanfarra de um programa ‘de serviço público’.”

Miguel Sousa Tavares – Expresso(20-01-07)

Foto retirada de : Blasfémias

Led

Chris Cornell - Seasons

Summer nights and long warm days
Are stolen as the old moon falls
My mirror shows another face
Another place to hide it all
Another place to hide it all

And I'm lost, behind
The words I'll never find
And I'm left behind
As seasons roll on by

Sleeping with a full moon blanket
Sand and feathers for my head
Dreams have never been the answer
And dreams have never made my bed
Dreams have never made my bed

And I'm lost, behind
The words I'll never find
And I'm left behind
As the seasons roll on by

When I wanna fly above the storm
But you can't grow feathers in the rain
And the naked floor is cold as hell
This naked floor reminds me
Oh the naked floor reminds me

That I'm lost, behind
Words I'll never find
And I'm left behind
As the seasons roll on by

If I should be short on words
And long on things to say
Could you crawl into my world
And take me worlds away
Should I be beside myself
And never even stay

And I'm lost behind
Words I'll never find
And I'm left behind

As the seasons roll on by


05 - Seasons (Cornell Solo).mp3

Led

sábado, 20 de janeiro de 2007

Babel


Decerto, um filme nunca resultará numa emulação nem sequer próxima do entrelaçado da realidade desde o comportamento das sociedades até à impenetrabilidade da natureza humana. Mas como uma forma de arte por excelência deverá ser esse o seu intuito mais subliminar, ainda que para sempre limitado aos contornos de representação sintética ficcional. Não acompanho por isso esse argumento fugitivo de que se assim não o é, um filme não é viável de ser desconstruído pela crítica se esta pautar por uma comparação com a vida real . Eu penso que esse deverá ser mesmo o legado inevitável que o realizador nos quis deixar com a película. Não tem nada de mal em não inovar, talvez...Depende das perspectivas e das nossas exigências particulares. O sabor dele é o que lá está e o que lá pomos, é o real que é dele e o espírito que é nosso. Mas o pendor reflectivo do filme – mais rigorosamente um romance-ensaio- propunha-se a mais do que repetir ou instrumentalizar velhos cânones e considerações politico-sociológicas. Esta perspectiva torna-se relevante nos protagonistas que “constrói” pois eles tornam-se, muitas vezes, pretextos para o verdadeiro objectivo da obra: a discussão da ideia do absurdo e do ruído que asfixia as nossas vidas. Deste modo, inovar era impreterivelmente o que se esperava do filme e por isso é para mim um desapontamento que na minha óptica o não tenha conseguido. E o filme até é extremamente interessante na sua génese, mas porque raio de consenso divino é não devemos exigir mais? Cada vez acho mais que os filmes de topo e que se propõem a algo mais do que entreter – a isso se chama inovar- devem por isso ser julgados a outros níveis, sendo o foco de análise a comparação com a complexidade do homem e no que o rodeia. Esperava-se com certeza mais pois o conteúdo inelutavelmente oferecia muito por onde pegar. Não se olha e valoriza “Babel” como se o fizéssemos para “Um Polícia no Jardim Escola” ou “ O Dia da Independência”, discute-se e dá-se-lhe outra importância porque ele pretendeu elevar o nível de discussão para os problemas de uma sociedade globalizada, onde a razão já não tem nada para combater e nos deixa pendurados no vazio, sem uma ideologia que nos unifique. “Babel”, pretendia ser um filme importante e inovador a diferentes níveis e os globos de ouro atribuídos – mais do que chamarem a atenção para o fetiche inconfessável de um novo filme do Brad Pitt- assim evidenciaram a singularidade da película. Tentava ser inovador no estilo, num formato mosaico e circular e de tempo fracturado distendido ainda para pontos longínquos do globo, a intersecção de planos remotos que, ao invés de os separar, mais os ligam entre si; Arriscava ser inovador no objecto de análise – a falta angustiante de comunicação e o caos niilista-; Arriscava ser inovador no elenco arrojado, sem protagonistas primários óbvios e direcção intuita – pena que tenha achado as personagens quase totalmente referenciáveis e tipológicas ( excepção seja feita à mini-história de apartamento japonesa, a única que na minha opinião merecia mais destaque e aprofundamento) ; Arriscava comover os diferentes grupos e camadas da sociedade para a dimensão trágica e unificadora da acção – provavelmente até conseguiu mesmo cativar ampla parte do grande público. Mas haverá sempre duas maneiras de olhar as obras de arte, como há duas maneiras de as não olhar. Ou se olham pondo-nos de fora dela ou pondo-nos dentro delas. Só no segundo caso as vemos bem, porque só então nos vemos mal ou simplesmente nos perdemos a nós de vista. Foi assim que eu tentei ver o filme (e sempre), deixando que ele me envolvesse e me absorvesse de comoção. O filme pretendia ser reflexivo como também auto-reflectivo, interrogando-se (-nos) na busca de respostas para o destino da sociedade do século 21, da sua finitude e do absurdo que dela emana, mas também procurava um pathos e um lugar da transcendência de nós num mundo angustiante onde os antivalores imperam . Mas falhou no requisito primordial de uma película, não me atingiu e mobilizou, senti-me sempre de fora e à espera de qualquer coisa incerta e original que demovesse a minha objectividade. O filme era ambicioso e até serve o momento com a sua indiscutível piscadela de olho que faz ao “social”, mas não fica para a história. A arte superior começava aí. Quando a obra realizada viver por si e for incomparável. Não é para estas que servem as condecorações?
Led

Cabala


Como se por vezes houvesse um conluio entre toda a gente, no integrar-se cada um no direito que é seu, nas palavras trocadas quando há necessidade disso, no cruzarem-se na rua, seguros da sua importância, da propriedade de si e do mundo, no simples estar ao pé uns dos outros nos lugares em que se está ao pé uns dos outros – e eu estivesse fora de todas as combinações.
Led

Receita


Se me pedisses a opinião e eu tivesse coragem e credibilidade para te ser sincero dizia-te para deitares fora tudo o que é de exibicionismo sintáctico mais sedutor e metesses na tua escrita livre tudo quanto pudesses de observação, inteligência e profundeza humana. Depois simplificava-a ao máximo e deixava arrefecer. Estaria então pronta a ser servida. Dificílimo aliar os quatro elementos, com certeza. Mas por alguma razão Caeiro era o seu mestre...
Led

domingo, 14 de janeiro de 2007

Long Gone Before Daylight

Do álbum mais ambiental, experimental e obscuro dos The Cardigans (como os cabelos louros tingidos de negro da sensualíssima Nina Persson o poderiam simbolizar), e curiosamente (ou não) o meu predilecto, - Long Gone Before Daylight – trago-vos o videoclip do tema “You're The Storm”, o segundo single retirado do 5º álbum da banda sueca.

Led

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Ex-lamb not sheep

Lou Rhodes - Beloved One

Durante 10 anos , a belíssima Louise Rhodes foi a principal letrista e vocalista dos Lamb, o famoso duo de Manchester que produziu temas únicos como Cotton Wool, Gorecki, B Line, Little Things, All In Your Hands , ou o mais estupidamente difundido em Portugal até à mais maliciosa subversão comercial, Gabriel.

Contudo, e como é conhecido, Lou decidiu separar-se do seu parceiro de produção, Andrew Barlow, para perseguir uma distinta direcção musical – uma que se despia dos intricados ritmos drum ‘n’bass e big beats de cunho “Bristoliano” em favor de um suave folk, alusões campestres, ecos espaçosos, percussão manual, violinos Chineses e guitarras Tuvan.

Gravado numa pequena comunidade rural no sul da Inglaterra (onde a própria reside com os filhos), o álbum conduz-nos portanto pela jornada de auto-descoberta que Louise encetou após saída dos Lamb, trazendo-a de volta à terra mãe e à enraizada espiritualidade hippie tão evidente na candura e sinceridade inocente das sua letras . O resultado é uma audição absolutamente encantadora e serena – uma que personifica o estilo vocal fantasmagórico, delicado e hipnótico que podia ser encontrado nos melhores momentos dos Lamb, mas que se inspira aqui em frágeis trilhos sonoros e melancólicos que nos transportam para paisagens bucólicas envolventes e apaziguadoras. Uma audição calma e contagiante que se vai tornando cada vez melhor à medida que nos deixamos invadir pela sua magia orgânica e terrena, frémitos melancólicos e cadenciados batimentos cardíacos da doce Louise.

É obviamente bem mais simples do que a maior parte das composições dos Lamb (exceptuando o tema Til The Clouds Clear, do último disco), com Lou tocando guitarra acústica durante todo o álbum, apesar de raramente faltar um beat, mantendo ainda o nível de qualidade e envolvência que nem sempre foi constante durante a carreira dos Lamb.

Enfim...um encanto, um verdadeiro hino ao amor.
É Folk...mas não um folk qualquer...ok,...folks? Ohh...Folk off!
Led

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Faces of the Dead

Uma iniciativa interessante do diário The New York Times que, numa animação dividida em pequenos quadrículos, mostra os rostos, nomes, moradas, idade, data de óbito, e todo um sumário demográfico dos cerca de 3000 soldados norte-americanos mortos no Iraque.
Led

domingo, 7 de janeiro de 2007

Lição de humildade


Excesso de confiança (e tranquilidade), efeito Torreense, muita farra e demasiadas rabanadas no bucho por vezes juntam-se e dão nisto...

"Estamos envergonhados. Pedimos desculpa a todos pela eliminação e pela fraca exibição. Não jogámos como equipa. Queríamos ganhar esta competição e fomos eliminados. Os jogadores têm de ser sérios e fundamentalmente jogar como equipa. O Atlético foi humilde e sério... Quando sofremos o golo perdemos tudo: organização, capacidade ofensiva... tudo. A vitória é correcta para o Atlético e para a história fica um registo muito negativo do FC Porto".

Bahh..!!!

Da incredulidade generalizada entre sócios e simpatizantes se verifica que o Porto faz história/record a vários níveis, um deles é fazer manchetes de certos e determinados jornais...

Led

Snowden

Led

Useless

Que triste estar para aqui sem uma razão qualquer, um motivo que a oriente e justifique, nem sequer o desejo de me queixar disso. A passividade, o vazio no alma, a incapacidade de criar uma ideia, encontrá-la numa prega da mente como um grão de pó que nos esquecemos de escovar. Mas estar assim é ser mais inútil do que um animal. Porque esse, onde quer que esteja a cumprir-se animalmente, realiza-se completamente sem margens de disponibilidade, sem se chatear por não saber o que fazer. Sou inútil com um gadanho de uva espremida. E que só talvez sirva para estrume.
Led

sábado, 6 de janeiro de 2007

In Illo Tempore

Mas eis que vens de novo pela avenida fora, deve agora ser Verão. Estou sentado na murada de uma das divisórias do jardim em frente, tu vens no teu vestido vaporoso, sobes os patamares até ao portão de entrada. Mas qual memória fotográfica paralisada no sem-tempo, não te deixo agora subir. Não te movas. Todo o universo cabe no intangível de existires. Imóvel, um pé no degrau, vejo-te o modelado brando da perna sob o vestido, o pé subtil pousado adiante, o rosto doce breve, aberto na sua brandura que é demais para a brevidade do teu ser. Uma luz solar que te inunda, no vago de sonho que transborda de ti. Não te movas. Decerto não existes, não exististe nunca. Minha memória doente. Quanta coisa me regressa na distracção de um cigarro e se dissipa no fumo que nele vem. Mas só o que nunca existiu é que vale a pena existir. Sou eu que te faço existir na obsessão de uma incerta eternidade que é o que está certo para o excesso da minha. Tudo é pretexto para isto que o não é. E então não pode ser ilusão. É bom que a realidade nunca tenha existido. Porque só essa poderia ser ilusória. Toda a beleza tem um além de si. E esse além é que é. Recolhida. Leve. Doce. Uma fragilidade de graça num movimento alado. Mas não te movas. Até que os meus olhos se esgotem no olhar. E a cegueira seja a sua luz.
Led