terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Do Prós e Contras

É fantástica a quantidade de tinta e cuspo que se gasta na contenda da despenalização do aborto. Além da disputa hipócrita e manipuladora de desvirtuar a simples questão numa aparatosa dita defesa honorífica de um dito ser humano (sem se perceber exactamente o que andaram a fazer os coerentes defensores do não durante 23 anos de existência de um lei que, segundo o seu austero e preocupado juízo religioso - que curiosamente impede os funerais dos mesmos fetos- , imperiosamente homicida), chega-se mesmo ao cúmulo estupendo de aflição argumentativa ao invocar razões consequentes de carácter demográfico. Ai, apaixonada Katia Guerreiro, que o fado é sempre o mesmo! Se rodos os casais, em generalizada obediência católica ou ainda no mais honroso e patriótico acto diligente produzissem a filharada que a fisiologia consentisse, só fornicassem para haver produção, em menos de poucos anos não haveria para cada indivíduo um metro quadrado de território. É evidente que tudo isto se enlameia em fanatismo rançoso, porque para haver equilíbrio demográfico e não haver aborto, há a pílula e o preservativo que a Santa Igreja não consente. É óbvio que, dado tudo isto, o que a Igreja e os seus súbditos apenas visam é uma afirmação de força e a imposição de uma moral fatigada para se saber que ela existe. A questão do aborto é assim e incrivelmente neste início de século, mais uma questiúncula escolástica, com gastos de palanfrónio que era talvez mais justificável se se discutissem questões mais urgentes. Que vão então para o diabo que os carregue, incluídos todos os senhores dignitários eclesiásticos, que, aliás, não se deverão entender mal com ele!
Led

4 comentários:

Bárbara disse...

Argumentos vazios foi aquilo que tivemos de ouvir pela boca dos defensores do não, já não há paciência sequer para este tipo de coisas, alguns deles até trataram as mulheres como se fossem algumas incapacitadas mentais. Não existiu sequer o senso do ridículo!!
Fica os meus parabéns ao Professor Vital Moreira.
Fica bem!! Bj.

Ledbetter disse...

Pois...já sabíamos que o Não é deficitário na argumentação.Mas também não era preciso fazerem aquela figureta. Já não há mesmo pachorra que aguente...e a campanha só agora começou...bahhh!
Kiss!

Carreira disse...

E que bons argumentos ouvimos do Sim? Eu vi o prós e contras do início ao fim e não me lembro de ouvir falar em Igreja nem na Santa Sé!

Ledbetter disse...

Não sei que te diga…parece-me no mínimo ingénuo da tua parte, propositadamente ou não. Respeito a tua escolha mas não me peças para dissertar sobre o que me parece intuitivo sobre os fundamentos éticos da maioria dos defensores e dos grupos organizados de defesa do não. Abraço.