De vez em quando, um medo incerto, um pânico sem razão, a presença de uma ameaça que não sabemos de onde vem. Toda a nossa vida é um rede de apoios, de suportes que nem imaginamos, que não sabemos que existem, mas que nos dão tranquilidade como a uma criança a família. As nossas ligações estendem-se assim para todo o lado, não estamos sós, num momento difícil basta darmos um sinal. Mas de vez em quando é como se subitamente nos víssemos num mundo deserto. Reduzidos a nós, o pavor assola-nos, mais espontâneo, porque é como se não houvesse ninguém para o testemunhar e nos faltasse a razão do pudor para o não mostrar-mos. O terror maior é esse – sermos só nós a nossa testemunha. A velhice deve ser isso. Estarmos sozinhos em face da dor e da morte para sempre intransmissível.
Led
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