terça-feira, 22 de abril de 2008

Love will tear us apart

O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.” - Miguel Esteves Cardoso

Um amigo diz-me que a namorada de longa data o atraiçoou com um colega seu um dia antes de acabar com ele e que, apesar do desfecho ter sido profundamente doloroso e vexatório, e contrariamente às suas expectativas doridas, acabou por ainda estimular uma atracção maníaca e raivosa pela agora ex-namorada. O parceiro atraiçoado tem pelo outro (traidor) ainda mais amor. Diz um adágio popular parecido. Porque a traição distancia e o que está distante é que é bom. É bem verdade. Mas essa tensão emocional não advém do amor, é o inferno aberto da paixão negativa e portanto muito mais poderosa. É o luto da perda do monopólio de direitos sobre alguém. É todo um império que resvala para a autodestruição. É o hipnotismo doente que advém da submissão ao poder do outro e do sufoco da intransmissibilidade desse sentimento monopolizador. Não é apenas o desgosto que é: é acumularem-se nele todos os outros que foram e mesmo aqueles que ainda hão-de ser... Além de que na traição há a “pilhagem” do que é “nosso” e a estima subsequente do que não estimávamos. E o sentido de propriedade é o mais forte, algum psicanalista deverá defender...
i
Led

Sem comentários: