Crepúsculo dourado. Frases calmas.
Gestos vagarosos. Música suave.
Pensamento arguto. Subtis sorrisos.
Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos, e amávamos serena e docemente.
Uma angústia delida, melancólica, sobre ela sonhareis.
E as tempestades, as desordens, gritos,
violência, escárnio, confusão odienta,
primaveras morrendo ignoradas
nas encostas vizinhas, as prisões,
as mortes, o amor vendido,
as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
-apenas uma angústia melancólica,
Sobre a qual sonhareis a idade de oiro.
E, em segredo, saudosos, enlevados,
Falareis de nós – de nós!- como de um sonho.
Jorge de Sena – “Ode para o futuro”, Pedra Filosofal, 1950
Led
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