segunda-feira, 26 de maio de 2008

Bamo lá, cambada!

Acabaram de perguntar ao Tony Carreira no jornal da noite da RTP1 (enquanto o Mister Scolari, no pano de fundo, prosseguia a sua habitual romaria de exibicionismo) se ele se sentia o Cristiano Ronaldo da música portuguesa...(???)

Indício claro de mais uma silly season fora de época que se aproxima.

E eu acéfalo e saloio assistindo do sofá a mais uma experiência do fácil mediatismo e de patriotismo rançoso televisivo. Já não chegava a “Praça da Alegria”, o “Só Visto”, o “Preço Certo em Euros” ou toda a restante programação da RTP internacional. Faltavam os telejornais afinarem pelo discurso do Portugal “unido nunca será vencido”, com os respectivos representantes canonizados a valentes heróis e ídolos da nação. Tudo embutido no mais honroso e lacrimejante sentido cívico (e cultural, como algum devoto mais arrojado deverá garantir). Perdoai-me o sacrilégio, Ó Senhor Do Bom Patriotismo! Como tudo isto me ultrapassa! Prometo usar cachecol enquanto durmo e colocar um retrato do Ronaldo e da querida e indispensável mana Ronalda na mesinha de cabeceira!
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E, subitamente, surge-me a foto desmaiada e vincada do Portugal centralista, provinciano, atrasado e bafiento da primeira metade do século XX. Da TV rural, dos pescadores a saírem para a faina num dia de borrasca enquanto as mulheres subservientes vão preparando a salmoura, do Eusébio e da Amália, dos moinhos de vento, dos campos de arroz e dos campanários em pôr do Sol, das peregrinações a Fátima, do fado da Mouraria, dos emigrantes e todos os restantes elementos simbólicos deste épico glorioso.
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Fecho os olhos e respiro fundo...venha então a algazarra folclórica!
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Led

2 comentários:

Jp disse...

Quando te vir na praça a comemorar mando-te um biqueiro, pra te lembrar que não é aquele o teu lugar...

Agora a sério, concordo. Este país é atrasado e gosta de se manter agarrado ao que o mantém atrasado. Enfim, escolhas...

Ledbetter disse...

É patético que as excrescências mediáticas em torno de uma selecção de jovens milionários num país pobre sejam idolatradas e exploradas na televisão pública. É a lógica voyeurista do mercado e das audiências, claro. Mas o futebol joga-se nos relvados e aí deveria sempre permanecer.
E pronto, tenho dito do meu fundamentalismo soviético.