Em todo o caso o redemoinho bate-te à porta. Guerra, ódio, sangue, a técnica e a ciência e a religião e a história ou a falta dela ao serviço do crime, e do culto obsessivo do corpo e do ego, bombas atómicas ou biológicas, demanda obstinada e feroz pelo ouro negro, e o fanatismo ideológico, e o racismo selvático, e as valas comuns, e o sexo descabelado e progressista instalado no novo convencionalismo de pedagogia americana despachada, e a impregnação violenta do cérebro pela imprensa, rádio, TV, internet, redução do mundo a um palmo de terra destrutível pelo capricho de um homem, e a incorporação em comunidade para sermos menos eu e mais nós cheios de intrepidez e positivismo quanto baste para a firmeza de princípios e opiniões para camuflar a cobardia e a estupidez e a indisponibilidade intelectual, e a intolerância crescente do planeta marimbando-se para tudo e para todos, fome, superpopulação, catástrofes naturais, doenças esquisitas, efeito de estufa, aquecimento progressivo global, destruição de todos os valores, morte da Europa, regresso ao primarismo tecnificado, raiva e aniquilação de todas as artes e sensibilidades e fraquezas, e o medo, e a morte por aprender, e o amor de agenda e centro comercial, e a angústia, agonia de toda uma civilização em escombros com abismo a olhá-la bem de frente. A suspensão no susto, a impensibilidade. O vazio. Acreditar no impossível. E não porque esse impossível de hoje possa ser o real de amanhã, mas porque acreditar no impossível é não o realizar nunca, mesmo que se realize. Que fazer quando nem sequer se pode realizar?
Esquece entretanto . Que te interessa tudo isso? Sentado no escritório- esquece. Dissipa-te no apelo da noite. Nos espectros nocturnos de uma alegria ida nesta cidade morta....Esquece....
A palavra. O regresso a ela e a tudo o que vem nela – a única realidade disponível. Contra o real que a desmente, contra o sorriso e o enfado ciumento e despeitado dos que a ouvem.
Entretanto esquece.
Esquece entretanto . Que te interessa tudo isso? Sentado no escritório- esquece. Dissipa-te no apelo da noite. Nos espectros nocturnos de uma alegria ida nesta cidade morta....Esquece....
A palavra. O regresso a ela e a tudo o que vem nela – a única realidade disponível. Contra o real que a desmente, contra o sorriso e o enfado ciumento e despeitado dos que a ouvem.
Entretanto esquece.
O vento...e espraiado nele, a memória de uma ribeira longínqua abandonada...E uma pequena melancolia intersticial, fumo-a . A vida existe e tu és pleno de ser. Agora, agora.
3 comentários:
Submerso na pressa do mundo, eihn?!
...e cansado de o ter de acompanhar na mesma medida
Abraço
às vezes cansa...
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