terça-feira, 1 de agosto de 2006

A pianista


Acerca da polémica em torno desta notícia o sempre desenvolto Eduardo Prado Coelho escreve no Público de ontem (31-07-06) o seguinte:

“É claro que houve de imediato reacções sobre a miséria destes governantes e a incompetência reinante neste país em que ninguém tem uma política cultural. Talvez a política cultural exista pouco. Mas a demagogia irrompe com a naturalidade do costume, e uma leitura superficial do acontecimento conduzirá forçosamente a ela. O quê? São tão desastrados que deixam partir uma das nossas maiores artistas, uma efectiva glória internacional? Ora por uma vez os governantes não têm culpa. São vítimas do que deverá ser considerado uma verdadeira chantagem : eu sou uma grande vedeta, não preciso de ter uma contabilidade, não preciso de apresentar papéis das minhas despesas, nem muito menos justificá-las. A verdade é que o Ministério da Cultura, quer o Ministério da Educação, quer a autarquia de Castelo Branco e mesmo outras entidades, deram rios de dinheiro para Belgais, alimentando a família, familiares actuais e ex-familiares. A sua concepção de gestão era nula. Percebe-se qual era a sua ideia: uma espécie de comunidade rural, uma regresso à terra, com crianças e pianos, e Maria João Pires em cima de um tractor. Uma espécie de utopia sem dinheiro, sem uma gestão económica minimamente programada e sem papéis organizados, sem um simples “deve e haver”, que parecia desconhecido da pianista. Tudo baseado na ideia de que “ eu sou uma grande artista internacional, não tenho que prestar contas a ninguém, tudo me é devido portanto”.

(...) Maria João Pires foi de uma enorme leviandade, que se prolonga quando vem falar nessa coisa espantosa que é a tortura física que desde sempre sofreu. Como disse, há aqui uma verdadeira chantagem face ao trabalho notável de outros criadores, face aos nossos governantes, e aos portugueses em geral. Portugal merecia mais.”


Afixe-se em local bem visível.

Led

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