quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Flutuo

O regresso ao trabalho e o consequente apelo agudo para a demissão disto tudo. Vontade de escrever, de ler, de ouvir, de amar, de estar vivo – Aí... longe. A noite que mergulha pela janela do tecto, o rumor do vento quente e a cumplicidade das sombras a envolver o halo onde se começa a ser mais humano...

Para desequilíbrio da minha harmonia interna musical repleta de cismas e estrangeirismos, lá cedi com uma réstia de humildade a uma canção ( e quase ao album) cantada em português e que, à custa de tanta repetição se vai degradando na rádio até à aridez habitual... Resta saber se no fim consigo manter a ilusão de alguma dignidade.

Porquê não sei... (ou sei embora não me apetecesse muito racionalizá-lo) mas comovi-me com a honestidade simples do tema, com a sequência de palavras cantadas que o vão definindo e com um vídeo excepcionalmente bem conseguido. Merece a pena. Simplicidade. Uma paz. Beatitude. Ascensão até à iluminação comovente.
Ouvir bem não é ouvir bem mas sentir bem.
Oh...mas para quê justificar o meu mecanismo de sentir!
No fim de contas, metido na engrenagem da estrutura, não se é livre.
Sorrir por dentro ao que é simples e belo.
Que estou a dizer?

O link.

Led

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Inbetween

Entardece devagar. Por entre as poucas nuvens, o Sol brando do Outono que aí vem. Uma melancolia vaga poisa lenta nas coisas, procura incerta a razão de ser triste. E o signo da juventude perene que aí se inscreve...

Led

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

The Empire State

Times Sq 42 St

(Naked Cowboy)

Decidi colocar mais duas fotos das seleccionadas para referenciar a Big Apple, a cidade do tudo em excesso. Em breve também postarei algumas sobre o estado do espírito da América, Massachusetts e a sua capital, Boston. Quanto às fotos em si..não me perguntem porquê, mas de vez em quando preciso de colocar um pouco de ridículo aqui talvez para me demarcar com erudição ...Duvido que queiram saber mais sobre a “distinta” figura texana da Times Square que tantas vezes ia disparatar para o igualmente disparate medíocre e confrangedor e antro de freaks televisivo e radiofónico do Howard Stern , mas mesmo assim aqui fica a ligação para o seu site oficial.

Wondering where’s MJ, Peter?

How come my youth’s main comic superhero turned into this tramp…?

Financial District from Brooklyn Bridge

Wall Street facing Trinity Church

E Pluribus Unum

Central Park

448m and 102 floors

9/11

(With the “typical” Portuguese breakfast, right Alex?)

Lost..." somewhere nice, where the land meets high tide…”

Resurrection

Then again, Ressurection...

Led

Radiohead : Marlay Park / Dublin 24/08/06

I go
Where I please
I walk through walls
I float down the Liffey


Com apenas dois dias de permeio entre a longa viagem que me trouxe de Boston até aquela que me levou de novo à ilha dos duendes verdes, da cremosa stout e dos arco-íris em céus pardacentos, dou conta da fugacidade das minhas férias quando me deparo com os acordes iniciais de Airbag…estou prestes a iniciar apenas o concerto mais aguardado do ano…

Sem querer entrar por uma análise muito detalhada dos 115 estonteantes minutos da música mais absorvente e alucinada que podem ser presenciados ao vivo, apenas uma constatação final : os Radiohead são, sem alguma dúvida, a banda rock (?) que produz o som mais refinado e envolvente desta complicada actualidade. Exímios na metamorfose de um espaço com 20 mil almas ruidosas para uma atmosfera de intimismo e de confidência das experiências sonoras e visuais mais vertiginosas, eclécticas e profundas que podem ser produzidas por 5 artistas num palco de espelhos partidos. A desmontagem, a decomposição do rock como género e público alvo. Mas também a desconstrução de uma sociedade ocidental doente em que o quotidiano, tomado pela tecnologia e padrões neuróticos de consumo e comportamento, é um completo desastre emocional. Tudo isso se respira ao vivo, os perigosos antagónicos: a energia e a depressão, a dor e o prazer, a melodia e o ruído, o vazio e a aparição.


Fazer música não é ficar aquém daquilo de que se ouve, mas transpor, em íntima vibração, o limiar do mistério que estremece no coração de tudo – de um ser humano a uma pedra. Não é justapor a minha comoção à música: é ser comovido nela, é descobrir nela a vibração misteriosa que me há-de envolver. Em que medida são inúmeras, não decerto as emoções, mas a forma de as despertar? Eu não o sei, mas eles certamente devem estar perto da fórmula.

Só mesmo vivido para acreditar.

Bandas de Suporte : Deerhoof (não vi) , Beck

A canção da noite: Climbing up the walls (simplesmente divinal)

O melhor do melhor da noite: Lucky, Like Spinning Plates, Nude, Idioteque, Paranoid Android, How To Disappear Completely ; a companhia...

A surpresa da noite : Creep a terminar (terá Tom Yorke ultrapassado o seus históricos demónios interiores em relação aos “hits”? Parece que sim.)

As novas: Videotape, Nude, All I Need, Bangers N’ Mash

A comédia da noite: A sátira protagonizada pelas marionetes de Beck

O pior da noite: As dores que me torciam o pescoço e as costas e a distância em relação ao palco


Setlist Completo

01 Airbag
02 2+2=5
03 The National Anthem
04 My Iron Lung
05 Morning Bell
06 Videotape Unicron
07 Nude (Big Ideas)
08 There There
09 The Gloaming
10 Paranoid Android
11 All I Need/Analyse
12 Pyramid Song
13 Climbing up the walls
14 How to Disappear Completely
15 Just
16 Lucky
17 Idioteque

Encore 1:

18 Like Spinning Plates
19 Bangers 'n Mash
20 Karma Police
21 Everything In Its Right Place

Encore2 /Pausa Breve:

22 Creep

Uma lembrança desta noite maravilhosa:



Videotape (live)

Led

sábado, 5 de agosto de 2006

Rusty Wheels

“To my desk:
I leave you my patchwork back cushion you were always so fond of. In our day we were never designed as ergonomically as today’s office furniture. I just can’t compete and my old rusty wheels just won’t take the place anymore. Remember me my friend when your own Bafo chair arrives in Monday morning.”

Led

Nacreous Cloud

… a nacreous cloud forms 20 kilometres above Australia's Mawson station in Antarctica.

Link

Led

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Like Spinning Plates

Led

Soluço

Em todo o caso o redemoinho bate-te à porta. Guerra, ódio, sangue, a técnica e a ciência e a religião e a história ou a falta dela ao serviço do crime, e do culto obsessivo do corpo e do ego, bombas atómicas ou biológicas, demanda obstinada e feroz pelo ouro negro, e o fanatismo ideológico, e o racismo selvático, e as valas comuns, e o sexo descabelado e progressista instalado no novo convencionalismo de pedagogia americana despachada, e a impregnação violenta do cérebro pela imprensa, rádio, TV, internet, redução do mundo a um palmo de terra destrutível pelo capricho de um homem, e a incorporação em comunidade para sermos menos eu e mais nós cheios de intrepidez e positivismo quanto baste para a firmeza de princípios e opiniões para camuflar a cobardia e a estupidez e a indisponibilidade intelectual, e a intolerância crescente do planeta marimbando-se para tudo e para todos, fome, superpopulação, catástrofes naturais, doenças esquisitas, efeito de estufa, aquecimento progressivo global, destruição de todos os valores, morte da Europa, regresso ao primarismo tecnificado, raiva e aniquilação de todas as artes e sensibilidades e fraquezas, e o medo, e a morte por aprender, e o amor de agenda e centro comercial, e a angústia, agonia de toda uma civilização em escombros com abismo a olhá-la bem de frente. A suspensão no susto, a impensibilidade. O vazio. Acreditar no impossível. E não porque esse impossível de hoje possa ser o real de amanhã, mas porque acreditar no impossível é não o realizar nunca, mesmo que se realize. Que fazer quando nem sequer se pode realizar?

Esquece entretanto . Que te interessa tudo isso? Sentado no escritório- esquece. Dissipa-te no apelo da noite. Nos espectros nocturnos de uma alegria ida nesta cidade morta....Esquece....

A palavra. O regresso a ela e a tudo o que vem nela – a única realidade disponível. Contra o real que a desmente, contra o sorriso e o enfado ciumento e despeitado dos que a ouvem.

Entretanto esquece.

O vento...e espraiado nele, a memória de uma ribeira longínqua abandonada...E uma pequena melancolia intersticial, fumo-a . A vida existe e tu és pleno de ser. Agora, agora.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Jeff Buckley: The Film

Jeff Buckley's life story is set to become a film.

It will be masterminded by writer/director Brian Jun (Steel City). Jun is collaborating on the project with Buckley's mother Mary Guibert, who is producing the biography.

It will be the second time a biopic has been attempted. Last year, the writer/producer Train Houston secured the rights to 'Dream Brother: The Lives & Music of Jeff & Tim Buckley', the book by David Browne.

This event spurred Guibert, who controls the rights to Buckley's songs, to start her foray into the movie world.

"Over the years, the number of offers were unceasing," she said. "I had resisted for so many reasons, one being that Hollywood, traditionally, did a lousy job of realistically portraying the life of people like Jeff. But the possibility that it could happen without my participation set me back to re-examine why I wasn't doing it."

Seeing films like 'Ray' and 'Walk The Line' convinced Guibert that "the time was right to have a project where integrity could be built into the script and that we could wrangle it so that it didn't get co-opted or changed in getting to the screen".

Reuters reports that the film will play on Buckley's relationship with his father, singer/songwriter Tim Buckley, who died in 1975.
Co-producer Michelle Sy said: "It is really about how music is so much a part of this person's identity, and there are so many ironies in his life. For example, he was constantly being compared to his father, but he only met his father twice. He had the trajectory of someone who gains a certain amount of success in a short period of time, and there (are) some downsides to that. And it was music that guided him through that."
It is not known who will be cast in the role of Buckley.
Source : NME

Led

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Band Aid - Oh God, If Only Life Was That Simple

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It's a fragile world out there ...

Led

Coexistence

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Led

Silverchair Comeback

Estão de volta!

Em novembro de 2005, os Silverchair confirmaram rumores que estariam juntos a ensaiar temas antigos. Recorde-se que após a saída do seu quarto album – "Diorama" - de 2002, e a consequente tourné mundial de 2003 - “Across The Night Tour” ( de que eu fiz parte!:)) – o trio australiano entrou num hiato indeterminado continuando cada membro a trabalhar em projectos paralelos. Destes, e conforme aqui fiz menção na altura, o mais famoso foi naturalmente o do vocalista Daniel Johns que se associou ao amigo, produtor e artista de música electrónica Paul Mac com resultado no projecto (bem sucedido na minha modesta opinião) “The Dissociatives” , de 2004. Contudo, desde 2003 que a banda tinha vindo negar rumores acerca de uma separação definitiva mas a indiferença entre os membros e o sucesso crescente do projecto “The Dissociatives” deixava os fãs dos Silver muito apreensivos. A resposta do grupo à ansiedade crescente tomou corpo já antes do início deste ano após a ocasião de um concerto de beneficência (Waveaid) às vítimas do Tsunami asiático que se realizou em Sydney, no final de Janeiro:

Waveaid was an amazing experience and it was really the catalyst that made us all want to start making music together again” diz Daniel Johns à revista Rolling Stone. “We’re totally enjoying playing together at the moment.The group is currently working up lots of new material, which has been written over the last two years. ”We’re looking forward to eventually doing some gigs to try out the new songs and to then hopefully start making a new album around May.

Aqui estava o anúncio que todos os fãs queriam ouvir pelas palavras do genial embora algo polémico vocalista e núcleo de inspiração da banda australiana de "Freak Show". O que não parecia ser possível hás uns tempos atrás tornou-se assim realidade. Confesso que pessoalmente nunca esperei este regresso surpreendente de uma banda que produziu seguramente um dos álbuns de top10 da minha vida... Falo do magnífico intemporal “Diorama”, sem qualquer hesitação ou constrangimento elitista.

O quinto album dos Silverchair promete sair já no final deste ano (pelo menos no continente australiano) com um single precedente com saída prevista já nos próximos meses. A banda completou recentemente gravações de demos em Sydney disponibilizando os vídeos no site oficial. O disco, ainda sem nome, está nos passos finais de gravação e a banda encontra-se actualmente com uma orquestra em Praga gravando alguns fragmentos sinfónicos de 3 temas antes de regressar definitivamente a Los Angeles para as misturas finais. Cinco canções já têm um nome provável: “The Man That Knew Too Much”, “Sleep All Day”, “Straight Lines”, “Mind Reader” e “If You Keep Losing Sleep”.
Assim, e enquanto não sai o altamente aguardado quinto album de estúdio da banda de Newcastle aqui vos deixo uma pequena recordação do primeiro projecto (ainda em fase amadora) de Daniel Johns e Paul Mac (actualmente “The Dissociatives”) “ I Can’t Believe It’s Not Rock” com o tema bem conveniente “Rain”.



It’s been raining fire
Far too long
Led

A pianista


Acerca da polémica em torno desta notícia o sempre desenvolto Eduardo Prado Coelho escreve no Público de ontem (31-07-06) o seguinte:

“É claro que houve de imediato reacções sobre a miséria destes governantes e a incompetência reinante neste país em que ninguém tem uma política cultural. Talvez a política cultural exista pouco. Mas a demagogia irrompe com a naturalidade do costume, e uma leitura superficial do acontecimento conduzirá forçosamente a ela. O quê? São tão desastrados que deixam partir uma das nossas maiores artistas, uma efectiva glória internacional? Ora por uma vez os governantes não têm culpa. São vítimas do que deverá ser considerado uma verdadeira chantagem : eu sou uma grande vedeta, não preciso de ter uma contabilidade, não preciso de apresentar papéis das minhas despesas, nem muito menos justificá-las. A verdade é que o Ministério da Cultura, quer o Ministério da Educação, quer a autarquia de Castelo Branco e mesmo outras entidades, deram rios de dinheiro para Belgais, alimentando a família, familiares actuais e ex-familiares. A sua concepção de gestão era nula. Percebe-se qual era a sua ideia: uma espécie de comunidade rural, uma regresso à terra, com crianças e pianos, e Maria João Pires em cima de um tractor. Uma espécie de utopia sem dinheiro, sem uma gestão económica minimamente programada e sem papéis organizados, sem um simples “deve e haver”, que parecia desconhecido da pianista. Tudo baseado na ideia de que “ eu sou uma grande artista internacional, não tenho que prestar contas a ninguém, tudo me é devido portanto”.

(...) Maria João Pires foi de uma enorme leviandade, que se prolonga quando vem falar nessa coisa espantosa que é a tortura física que desde sempre sofreu. Como disse, há aqui uma verdadeira chantagem face ao trabalho notável de outros criadores, face aos nossos governantes, e aos portugueses em geral. Portugal merecia mais.”


Afixe-se em local bem visível.

Led