terça-feira, 25 de julho de 2006

Notas soltas...


"Em Portugal, como provavelmente noutros sítios, o ódio a Israel tem muitas causas. O ódio ao povo perde-se na noite dos tempos. O ódio ao Estado começou há 60 anos. Há nisto muito de ignorância e futilidade. Mas nem toda a gente é ignorante ou anti-semita. Argumentar com a soi disant “desproporcionalidade” não deixa de ser uma infantilidade. Insistir nessa tecla é uma forma naïf de dizer o indizível. Podiam assumir de uma vez por todas o anti-semitismo larvar."
"Ao contrário de Pedro Lomba, não nutro nenhuma simpatia especial por Israel, não sendo propriamente de "esquerda" ou "amigo" de bandidagem política. Isto é, respeito o estado e a nação judaicas e o seu direito óbvio à existência, mas não nutro nenhum tipo de temor reverencial ou "ternura" pela "causa". Têm, eles e os palestinianos, o mesmo direito à terra, a uma terra. Neste contexto difuso, o melhor de Mário Soares veio, de novo ao de cima, com uma entrevista dada a um jornal espanhol. Ao fazer o que está a fazer - invadir e destruir uma nação independente e tudo o que apanha pela frente em nome do seu doentio niilismo umbiguista - Israel limita-se a acicatar o que os seus inimigos mais gostam, o puro terror e a pura destruição."
"A causa de Israel é existir. Nas fronteiras actuais. Nas fronteiras da independência. Ou em outras que resultem de conversações sérias, com interlocutores que respeitem o direito de Israel à existência.Por motivos que me escapam, “o insuspeito Vital Moreira”, quase todos os meus familiares e amigos, com destaque para a minha Mãe, acham que Israel é um país beligerante, expansionista, que sonha com as fronteiras bíblicas e não perde uma oportunidade em agredir as populações vizinhas. Eu tenho dúvidas. Como Israel é uma democracia, conheço quem tenha esse programa político em Israel. Muitos desses nem combatem, porque as suas crenças religiosas recusam o serviço militar. Mas em Israel existem várias formações políticas com posições muito diferentes relativamente à guerra e à negociação. E, ao contrário da Síria e da Jordânia, ao contrário do Líbano, os israelitas de esquerda, os pacifistas, não costumam ser assassinados."
"Sejam quais forem os erros cometidos por Israel, os argumentos e as razões invocadas de parte a parte, a origem da conflitualidade do Médio Oriente foi e é, desde sempre, esta. Na sua cavalar boçalidade, Mahmud Ahmadinejad acaba por dizer em voz alta o que os outros líderes regionais pensam em voz baixa. O resto é conversa."
"Destruir o terrorismo e os seus sequazes não pode ser um pretexto cego para matar indiscriminadamente pessoas que não têm nada a ver com isso e para fazer uma nação regressar a um patamar pouco mais do que primitivo. Eu, no meu desprezo geral pelo mundo, ainda consigo pensar em israelitas e em libaneses como homens, como individualidades que a minha formação obriga a proteger da crueldade. E quando se trata disso, não se podem aplicar critérios matemáticos. Ter sido ao longo da história vítima da crueldade, não desculpa "mais" crueldade. Nenhuma vida humana é uma proporção."
"A Somália e a Etiópia estão, uma vez mais, muito próximo de entrar em guerra. Sobre isto o Bloco de Esquerda nada teve até ao momento para dizer. A explicação é muito simples: o potencial conflito não é mediático, não envolve os EUA e/ou a UE, nem existe a possibilidade de Portugal participar numa intervenção internacional. Logo, a potencial destruição de infra-estruturas e a morte de inocentes não justifica a indignação selectiva do BE. Ponto. O Bloco só se preocupará com este conflito se as condições acima referidas se alterarem: se a coisa passar a ser mediática, se envolver os EUA e/ou a UE, ou se existir a possibilidade de Portugal participar numa intervenção internacional.Caso o conflito se circunscreva apenas a um massacre entre etíopes e somalis, sem interferências externas -- dos EUA e da UE, claro... -- não há problema..."
Led

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