Nascido na Suécia, e filho de pais argentinos, José Gonzalez trouxe de Gotemburgo para Dublin a graciosidade e beleza da guitarra clássica combinada com a fogosidade controlada do Flamengo, com alguns toques de bossa-nova, folk e claro rock, e os ecos literários sombrios reminescentes de um Nick Drake, Elliot Smith e até de um certo modo de Simon and Garfunkel.
No palco apenas três microfones: um posicionado para as suas vocalizações simultâneas, outro posicionado na boca da sua guitarra clássica e um terceiro deitado no chão envolvido numa luva preta para capturar o bater compassado dos seus pés. Quando o concerto começou apenas o primeiro microfone estava a ser usado para a voz calma e gentil de José. Este facto não deixa de ser surpreendente dado que as cerca de 2 mil pessoas que encheram o antigo teatro do Olympia não me pareciam ao início adultas o suficiente para conseguirem conter o silêncio necessário para o concerto intimista e cúmplice que se seguiria. Bem, o público felizmente provou-me estar errado logo após os acordes iniciais plangentes de “Deadweight on Velveteen”. José exala uma confiança calma e fala muito pouco durante o set , mas o que diz é profundamente genuíno e recebido com calor pelo público. As canções seguiam-se com uma fluidez e naturalidade espantosa, interligadas apenas pelos aplausos eufóricos que se formavam entre os mundos criados em cada tema. A música flutuante de José consiste na sua maior parte de meramente uma guitarra ( de cordas de nylon) que emula o baixo e mesmo a percussão e da sua belíssima e despretensiosa voz, acompanhada por vezes de dois percussionistas/ vocalistas.
Apesar do formato humilde e despido da sua performance, o público permaneceu completamente encapsulado e perfeitamente silencioso durante cada canção, o que parece ser muito raro num país onde o consumo de álcool não obedece a regras e princípios limítrofes, sendo consumido praticamente em qualquer lugar com as consequentes euforias e exaltações resultantes .
Um tema favorito mais óbvio foi a cover dos The Knife “Heartbeats”, mas surpreendentemente a sua versão sombria e etérea de “Teardrop” dos Massive Attack pareceu-me ser a canção mais apreciada pelo público. Outros predilectos incluíram os temas “Crosses”, “Lovestain” e a “Put Your Hands on Your Heart” de Kylie Minogue, captando brilhantemente uma canção que não poderia ser esteticamente mais distante do seu próprio estilo.
A sua música não exige apenas silêncio e quietude, ela própria o cria, fazendo cessar qualquer ruído provindo do mundo convencional. Tal é o controlo de Gonzalez deste reino celestial que existem mesmo certos momentos de uma intensidade suprema quando sentimos o bater do coração parar (Heartbeats?)- um tipo de leveza que se converte rapidamente num alvoroço transcendente quando nos recordamos e sentimos o terror espectacular e excessivo de simplesmente estar vivo..
Setlist:
1. Deadweight on Velveteen
2. Storm ( não tenho a certeza se foi esta ou não)
3. Hints
4. All You Deliver
5. Stay in the Shade
6. Broken Arrows
7. Send Someone Away (from DJ Embee)
8. Slow Moves
9. Sensing Owls
10. Lovestain
11. Remain
12. Down the Hillside
----------------------------------- Encore 1
13. Hand on your heart (Kyle Minogue cover)
14. Teardrop (Massive Attack cover)
------------------------------------ Encore 2
15. Suggestions
16. Heartbeats (The Knife cover)
17. Crosses
1. Deadweight on Velveteen
2. Storm ( não tenho a certeza se foi esta ou não)
3. Hints
4. All You Deliver
5. Stay in the Shade
6. Broken Arrows
7. Send Someone Away (from DJ Embee)
8. Slow Moves
9. Sensing Owls
10. Lovestain
11. Remain
12. Down the Hillside
----------------------------------- Encore 1
13. Hand on your heart (Kyle Minogue cover)
14. Teardrop (Massive Attack cover)
------------------------------------ Encore 2
15. Suggestions
16. Heartbeats (The Knife cover)
17. Crosses
18. Old Town boy (new) - thanks Alexia!:)
Led
2 comentários:
Led, obrigada pela fabulosa descrição do concerto. Eu própria estive lá, no Olympia, emocionada, perdida na sua voz mas, agora que li as tuas palavras, ainda me alegro mais por ter ido. Tens um raro dom meu filho..
Obrigado pelo comentário, cara lilácea amiga!;)
Foi de facto um bom concerto, não estava à espera!
Só foi pena termos ficado no balcão em vez da plateia...mas a música ultrapassa sempre barreiras, né?
Bjitos**
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