quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

D.Sebastião



Não é fácil de entender Manuel Alegre, como pode o candidato a Presidente da República explicar as suas ausências nas 2 votações do Orçamento de Estado? Independência em relação ao PS não faz sentido! Não faz Manuel Alegre parte do dito “sistema” partidário há já mais de 30 anos? Alegre candidatou-se nas listas do partido e tanto quanto se sabe não o foi na condição de independente, e, além disso, tem a obrigação de representar os cidadãos que o elegeram.

«Entrevistado na RTP por Judite de Sousa e confrontado com o facto de a “votação do OE” ser um momento crucial na função de deputado, Alegre garantiu ter enviado uma carta à Assembleia da República, dirigida a Alberto Martins, líder parlamentar do PS, disponibilizando-se a votar o OE, se “for necessário”. Isto porque, entende, “cabe a um candidato a Presidente da República contribuir para a estabilidade do País”. Desta maneira, Alegre considera justificada a falta: “As pessoas que façam o seu juízo político”.»

Se for necessário? Que quer ele dizer com isto?? Não tem ele responsabilidades enquanto deputado do hemiciclo? Qual é a sua verdadeira posição quanto ao orçamento de estado e mais genericamente, quanto à actuação global do governo? É contra? Abstém-se? É a favor? Que pensa ele realmente? A minha opinião é que nem ele sabe realmente…

A ausência de Alegre na votação do Orçamento de Estado é uma decisão que em nada abona a credulidade de um candidato a Presidente da República, comprometendo a sua candidatura e a sua credibilidade política.

Se está tão descontente com o aparelho “inflexível” partidário porque não toma a medida mais coerente (como Francisco Salgado Zenha tomou para apoiar Ramalho Eanes nas presidenciais de 1980) de se afastar dos órgãos do partido socialista de uma vez? Falta de coragem? Receio de não ganhar as eleições presidenciais e perder o “tacho” no partido? Temor de perder o eleitorado socialista se falar mal do governo ou o restante eleitorado à sua esquerda e direita se apoiar a administração liderada por José Sócrates?

Manuel Alegre é sem dúvida um político profissional! Usar o estratagema emblemático do bloco de esquerda dizendo-se anti-sistema (seja ele qual for) é de facto um slogan (não passará disso) espectacular, vistoso e cativante para o eleitorado jovem ou para o povo revoltado com o governo ou com a política em geral. Mas é uma estratégia populista fácil e cheia de fragilidades. Pior ainda quando se ainda faz parte do partido em governação…

Led

2 comentários:

Lunapapa disse...

"One has to be a lowbrow, a bit of a murderer, to be a politician, ready and willing to see people sacrificed, slaughtered, for the sake of an idea, whether a good one or a bad one. "
Henry Miller

Ledbetter disse...

Bons olhos te vejam! Obrigado pela citação consequente.
Bjinhos!