segunda-feira, 29 de agosto de 2005

O argumento de Marcelão



“Enquanto não são produzidos materiais actuais parece que a luta entre as campanhas de Cavaco e Soares recorre ao que resta de outros tempos; animados pela preocupação de Marcelo com a saúde de Soares, os cavaquistas parece exigirem a apresentação de um atestado médico comprovando que Mário Soares está e plena forma física, devendo o atestado ter uma validade de cinco anos.

O argumento repetido por Marcelo Rebelo de Sousa de que a idade resulta na perda de qualidades intelectuais é um argumento sacana, que levado ao extremo obrigaria a que qualquer candidato apresentasse um atestado médico garantindo que manter-se-ia vivo e no uso pleno das suas faculdades durante todo o mandato. Já quanto às dúvidas de Marcelo quanto à capacidade física para fazer uma campanha já estamos no domínio da idiotice, até porque foi Cavaco que todos os portugueses viram desmaiar numa cerimónia oficial; além disso, Soares não será parvo ao ponto de se armar em Mao, como Marcelo fez há uns anos atrás, e ir dar um mergulho no Tejo. Enfim, do cimo da sua inteligência Marcelo revela uma grande dificuldade em encontrar argumentos credíveis para apoiar Cavaco.

António Mendonça desmonta alguns dos argumentos que Marcelo tem lançado contra a candidatura de Soares e avança com um argumento de peso em favor da sua eleição:

«Uma das grandes debilidades estruturais da economia portuguesa reside, como é sabido, no défice de produção de bens transaccionáveis pelo que qualquer estratégia de recuperação económica e de crescimento sustentado deverá passar em larga medida pela reorientação de recursos e energias para o desenvolvimento de empresas e sectores competitivos e com forte capacidade exportadora. No plano de afirmação da dimensão nacional da economia portuguesa e da sua projecção internacional é indiscutível que o exercício da presidência por Mário Soares constituirá um bem transaccionável de grande valor acrescentado e é, precisamente, esta qualidade que a diferencia à partida de todas as outras alternativas em presença e a torna fortemente competitiva no plano interno e externo.» de Jornal de Negócios

Aceito o único argumento de Marcelo Rebelo de Sousa que até ao momento apresentou a favor de Cavaco Silva, que o próximo Presidente da República deve ter muitos conhecimentos de economia. Mas para ser consequente terei que propor que em vez de se eleger um presidente se passe a eleger uma bolsa de presidentes.

Basta olhar para os últimos tempos, alguém falou de economia? Não, do que se falou foi de incêndios, o grande problema do país são as florestas. Seria desastroso se tivéssemos um presidente que não percebesse nada de florestas. Portanto, de Junho a Agosto o Presidente da República deveria ser um bombeiro ou, pelo menos, um oficial de marinha com formação no domínio da limitação de avarias, já que nestas coisas o homem do leme de pouco serve.

E se os Estados Unidos da América decidirem invadir o Irão? Sem um general em Belém ficamos descalços, num contexto de guerra um economista de pouco nos serviria.

E se ocorrer um maremoto? Teríamos que optar entre alguém para fazer as contas ao prejuízo e um especialista em socorrismo, e se um Presidente só serve para fazer contas seria muito provável que no final não houvesse ninguém para socorrer.

E se a seca persistir? Para além de Cavaco já ser ele próprio uma grande seca teríamos toda a vantagem em ter em Belém um engenheiro especializado em recursos hídricos.
Desta vez Marcelo tem razão.

Led
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