quarta-feira, 12 de julho de 2006

Privilegiados

O sempre competente e honesto e também recém-aloirado intelectual do futebol nacional que se dá pelo nome de sr. Gilberto Madaíl acaba de exigir ao Governo que "os 50.000 euros que cada jogador irá receber como prémio do Mundial fiquem isentos de IRS".
Uma afronta escandalosa para o ingénuo e dócil povo português que paga impostos , ganha baixos salários e os poupa por vezes durante uma vida inteira para não alcançarem metade do valor exigido, e que ainda tem tempo para receber e apoiar a selecção com veneração e comoção desde o início .
Mas óbvio que não prémio suficiente para os novos semideuses nacionais! Pobres dos jogadores que recebem 300 a mais de 600 mil euros por mês para chutarem numa bola . Bem precisam de mais uma ajuda do abnegado contribuinte. Os portugueses são mesmo ingratos. Então os badamecos dão o litro, estiveram acomodados em asilos da pior classe, comeram mal e porcamente e agora ainda querem que paguem IRS sobre o desprezível prémio de 50 mil euros? Com franqueza !
Um exemplo de aproveitamento deplorável e vilipendioso do ambiente histérico e comovido de patriotismo cego e descabido que se tem vindo a criar desde o início deste mundial (de paupérrimo futebol, diga-se em boa verdade). Como dizia há algum tempo, já lá vai de facto o tempo em que representar o país era por si mesmo uma honra e um privilégio que dispensa qualquer outra contrapartida...
Mas enganem-se os analistas mais levianos, a proposta Madaíl é inaceitável por uma questão de princípio em qualquer circunstância, não é por estarmos em crise...
Bahhh!
Haja decência!
Led

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