quarta-feira, 5 de novembro de 2008

História feita - o 44º

E imaginar que há 40 anos isto seria não só imoral como ilegal...Uma lição gigantesca de tolerância e de progresso da democracia. Agora falta o resto...E eu vou dormir que estou quase a cair para o lado. O resto fica para amanhã.

Led

22 comentários:

nuno disse...

e culpar o nader pela derrota de 2000 é das coisas mais ridículas de sempre da politica daquele país.
o que fez perder aquelas eleições foi a falta de tomates dos democratas, que se preocuparam mais com a eventualidade de serem acusados de "anti-patriotas" do que com a verdade.
mesmo agora, 8 anos depois dessa vergonha, ainda nenhum democrata se levantou contra a limpeza dos cadernos eleitorais de tudo quanto é preto, mexicano, branquelas fumador de ganzas, paneleiro e/ou bêbado. mas passados 8 anos, continuam a culpar o nader de tudo. por causa de 535 votos... esses 535 votos jà tinham sido anulados qd os democratas abdicaram da contagem e acataram a decisão do irmão do w. o nader não foi tido nem achado nisto tudo.


e se quiseres procurar culpados da cena da flórida, olha para a história toda desde o início. algures durante a noite, o gore estava à frente, em todas as televisões.
de repente, sem qualquer mudança dos números que chegavam das contagens, sem nada de extraordinário acontecer, o canal de televisão interno do wal-mart é o primeiro a dar a notícia que o bush tinha ganho a flórida, seguindo-se a fox news 5 segundos depois.
(explicação: a fox news é a fonte de noticias do canal do wal-mart, e calhou, por causa duns anuncios, a ter saído a notícia em primeiro no supermercado que no resto do mundo. adiante.)
a partir desse momento, e repito, sem que nada o tivesse indicado, todas as TVs decidiram seguir a fox. ninguém queria ser o "canal que se enganou"...

o gore acreditou nisto tudo e ligou ao bush a conceder a derrota. isto tudo antes de começarem a chegar as noticias de problemas nas contagens... qd essa bomba rebentou e o gore quis pedir a recontagem, as TVs caíram-lhe em cima, acusando-o de mau perdedor. os opinion makers e a falta de coragem do partido democrata para ir contra as TVs e levar aquele processo até ao fim fizeram o resto do trabalho.
foram os próprios democratas que perderam a flórida em 2000. os 535 votos de diferença são completamente arbitrários, pq dos milhares de votos que não foram sequer contados pq se mandou parar as recontagens não se pode falar. é mais fácil culpar o nader, cimentar o bipartidarismo e esperar 8 anos, né?



irrita-me esta a falta de coragem de um partido podre. um partido que foi capaz de perder 2 eleições contra o bush. um partido que é incapaz de combater as jogadas sujas dos republicanos, nomeadamente os referendos anti-gays, anti-aborto, anti-qq merda que apenas servem para atrair o eleitorado indeciso mais inclinado para o lado republicano. um partido que em 2006 recebe de mão beijada o controlo da câmara dos representantes, mete uma mulher cheia daquilo que mete medo à américa, os san francisco values, à frente daquilo, promete que tudo vai mudar e sabes qual foi a primeira coisa que fizeram? meter meio dia de férias para ver um jogo de basket, seguido de meio dia de discussão sobre o jogo. isto são os democratas e a mudança deles.


espero sinceramente que o preto se porte bem. que não tente fazer uma administração mista e plural. e que tenha tomates para mudar alguma coisa là dentro.
a parte cá de fora, bem, essa não deve mudar muito.


e mais uma vez na américa, ganhou o mais rico. :)

Ledbetter disse...

Convém dizer que a questão súbita de Nader levantada pelo Nuno começou aqui:

http://issodepende.blogspot.com/2008/11/grande-notcia-da-noite-para-mim.html

Ledbetter disse...

Tens razão na essência de injustiça que ocorreu na Flórida mas não é verdade que nenhum democrata não se tenha levantado contra a decisão. Aliás, fez mesmo parte dos discursos de campanha de Hillary e de Obama. Logo em 2000, o próprio Gore levou imediatamente o caso a tribunal (e ganhou na Florida mas perdeu no Supremo tribunal) por ser uma violação de uma das emendas da constituição americana! Cinco dos 9 juízes do supremo tribunal votaram contra o recurso de Gore estupidamente concluindo que não existia nenhum método alternativo de recontagem dos votos nos limites de tempo impostos pelo estado da Flórida (6 dias). O problema reside na legislação do estado da Flórida que choca inevitavelmente com a constituição americana. Acho que é consenso geral que os democratas sempre criticaram o supremo tribunal nesta decisão injusta, raramente os vi falar de Nader (um político insignificante para estas andanças, por muito que tu gostes dele e eu não). O que se pode fazer contra uma decisão de um supremo tribunal? Nada senão tentar alterar a lei da Florida para eleições futuras. Mas é difícil num estado desde sempre governado por republicanos. Mas sejamos justos, Gore não perdeu na Flórida mas no seu estado natal, Tennessee. Tivesse ele sido mais hábil durante a campanha e não precisava da Flórida para nada. Mas isto são contas de outro rosário...sempre achei o Gore um incapaz.

A vitória dos democratas na câmara dos representantes foi uma viragem importante num ciclo negro da democracia americana. O problema é que não basta ter maioria para grande parte das questões que falas (os casamentos gays, o aborto em alguns estados, o aumento de tropas no Iraque, Guantanamo, a construção da parede de segurança etc), sendo por vezes necessário uma maioria de 2/3 de senadores ou uma influência grande no supremo tribunal para fazer passar legislação.

Quanto ao resto da tua análise às eleições actuais. Nada de novo no Reino da Dinamarca. Sempre o mesmo preconceito e a necessidade de arranjares razões para o expressar. Conto os dias para começares a falar mal de Obama...mas qual é o mal dele usar o dinheiro de quem o apoia? Não é dinheiro dos contribuintes, ao contrário de McCain...Mas sim, o preto como tu dizes tinha tudo do lado dele desde o início. Um afro-americano pobre criado pela avó, de nome Hussein e Obama, criado na Indonésia...foi mesmo a vitória do facilitismo e dos lobbies...

Para mim a eleição de Obama representa o regresso e a vitória de uma parte da América que estava adormecida e que francamente admiro. Uma América que se revê na tolerância, no espírito de diálogo, na generosidade e no respeito pela diferença. A eleição de Obama não mudou muito a América (sempre foi um país de muitos contrastes, apesar deste lado do atlântico teimarmos em ver sempre apenas uma das américas para simplificarmos o caminho do preconceito e dos convencionalismos do costume) mas penso que tem uma carga simbólica suficiente para mudar o mundo, logo pela forma de olhar a América. Isso é um valor precioso para a civilização que partilhamos num mundo recheado de fundamentalismos de todo o tipo, a democracia em que nos revemos e os desafios comuns que nos esperam.

nuno disse...

preconceito? onde é que viste o meu preconceito? por dizer que o obama é preto? ou por dizer que ele é rico? é que ambas são verdade. ele é preto. ele é rico. nenhuma destas duas condições o torna melhor ou pior. não falei em lobbies nem em facilitismos nem em nada. não critiquei a vitòria dele, nem as origens dele, nem a educação dele nem nada.
critiquei o partido do qual ele faz parte. e continuarei a fazê-lo enquanto esse partido continuar como està.



agora, e se quiseres mesmo falar em lobbies, explica.
de onde é que veio o dinheiro usado pelo obama? jà que não veio dos contribuintes, veio donde?

Ledbetter disse...

Espero bem que seja uma administração mista e plural.
O Obama não é endinheirado nem perto disso. O McCain é que é casado com uma milionária, tem 13 carros e 8 enormes propriedades.
Quanto aos financiadores da campanha, sinceramente não sei (já podias ter dito em vez de me fazeres a questão). Deduzo que desde os ricalhaços de Wall Street e Hollywood ao pequeno peixe miúdo de funcionários públicos e privados, todos se empolgaram a apoiar o Obama e ainda bem. Ganhar na América sem propaganda e divulgação de informação é como ganhar no Irão defendendo os direitos humanos.

Ledbetter disse...

Espera...os judeus?:)

nuno disse...

ahahaha! nada disso, nem judeus nem porra nenhuma. não sei quem lhe deu o guito. tu também não e duvido que esses dados apareçam na cnn. mas quem deu, deu muito e não foram os 100 dólares da velha do 1o andar que lhe deram para comprar mais espaço televisivo que a coca-cola. e ninguém dà nada a ninguém.

n'américa, tal como aqui, a TV torna tudo possível.


qto à pluralidade da administração, acho que será um erro do tamanho do mundo. de governos plurais, está o FMI cheio.

Ledbetter disse...

Eu também ia acrescentar o Berardo...

Mas não é de governos plurais que está o FMI cheio, é de incompetência. O FMI morreu. Longa vida ao FMI.

nuno disse...

e quanta dessa incompetência veio de governos plurais, consensuais, governando de eleição em re-eleição?

ivan disse...

geeks do caralho...
a gente comenta politica no blog, somos tão intelectuais e espertalhões.
olha que fodace!

Jp disse...

E o Ivan a dar uma de quem é muito cool e não liga a essas coisas bregas dos cotas, tipo política e tal...

Eu bem sei que és um Lobo Xavier, só tens medo de o mostrar!

João Gaspar disse...

http://www.nader.org/index.php?/archives/2083-Between-Hope-and-Reality.html

Ledbetter disse...

O Nader é um reaccionário que precisa de um permanente nicho de confrontação para subsistir servindo-se dos habituais discursos pueris e conspirativos de uma suposta grande ordem macro-económica imperialista (e normalmente judaica) que tudo observa e tudo controla. Esta ideia encontra-se expressa em todos os livros dele. Desta vez foi preciso ir esgaravatar o conflito Israelo-palestiniano para tentar criticar o Obama nesta eleição. Mas do que conheço do intelectual em questão (muito cerebral, mas infelizmente circunscrito ao formalismo da ideologia que optou seguir), honestamente estava à espera de mais...Obama é provavelmente o político mais à esquerda dos últimos 30 anos da história americana. Não é sensato pedir o insensato ao povo americano. Não há nenhum mal nas “esquerdas” se apoiarem em tempos de crise. Há prioridades urgentes que dispensam o pluralismo de mostrar que a democracia representativa funciona para todos os lados. Seria por isso lógico e coerente ter apoiado o negro democrata contra a maior bestialidade ideológica e supra-belicista da história contemporânea americana. Mas o ego enfatuado destrói o carácter de qualquer pensador mais bem intencionado. Acho bem que exista um político de esquerda naquele país para equilibrar a balança, mas eu sempre recearei teses simplistas e redentoras, as bases mais férteis para os totalitarismos mais impiedosos da história do mundo.

Ledbetter disse...

Viegas, só para ti...Xota.

nuno disse...

http://www.youtube.com/watch?v=XPsV6ZhL15c

parte com mais piada disto tudo, a fox news sabia disto e manteve tudo off the record até ao fim das eleições. e atacou tudo e todos por atacarem a senhora.

a TV torna TUDO possível. ah, a doce manipulação dos media liberais!

João Gaspar disse...

o bush também não sabia essa.

Ledbetter disse...

Presumo que sabem quem é o Noam Chomsky, uma das personalidades mais conhecidas da política de esquerda norte-americana. Um "anarco-socialista", define-se ele. Pois este intelectual, ao contrário de Nader, apelou ao voto no Obama.
Está tudo aqui e eu agradeço-lhe:

http://www.thedailybanter.com/tdb/2008/10/noam-chomsky-en.html

Ledbetter disse...

A sério que África não é um país?
O McCain supostamente tb não sabia quem era o Zapatero e onde ficava a Espanha...

João Gaspar disse...

eu tinha deixado ali em cima o link do nader não por concordar com tudo, mas porque achei que ficava bem no contexto. (e porque comentários que são apenas um link têm um quê de mistério quanto à relevância, e não resisti).

mas,

"I would suggest not voting for McCain which means voting for Obama"

which means...?!


isto tem mais a ver com estado de necessidade do que com semelhanças ideológicas. e ele frisa bem isso.

é como a malta do pcp ter votado sócrates por causa do santana.

ivan disse...

eu fazia a Sarah Palin...

Ledbetter disse...

Pois, eu é que prefiro políticos mais claros e consequentes nas tomadas de posições. Se Nader passa um artigo (e muitos outros – basta pesquisar pela net - onde equipara inteiramente McCain a Obama nos defeitos) todo a criticar o Obama acusando-o de "adular" os lobbys pró-Israel, de não ter interesse nos problemas da comunidade negra, latina e muçulmana (como só ele tem, claro está), de ser pró-militarista, de ter um discurso vazio e de abusar de chavões desmiolados, de favorecer as empresas (corporate supremacists) e os ricos caucasianos em detrimento dos americanos comuns e no final sugere que as pessoas votem Obama (nunca explicando porquê) então não percebo em que fase do raciocínio é que as suas convicções embargaram. Porque se candidata então? Parece-me não só uma falta de respeito para as pessoas que votam nele mas também um presente envenenado para Obama. Para mim é simples, pessoas do mesmo eixo político normalmente desprezam mais o vizinho confinante do que o que vive do outro lado fuso ideológico. É mais difícil para Nader sobreviver e sobressair num regime de centro esquerda moderado como o de Obama do que na direita conservadora de McCain. O mesmo acontece por cá entre o PCP e o PS ou ainda na quizila doméstica aguda que se vive entre o BE e o PCP. Em determinados momentos da história há prioridades mais importantes do que a necessidade cosmética de marcar presença. O carácter de um político avalia-se justamente em alturas como estas em que é preciso tomar decisões duras, abnegadas e transparentes.


Não me acredito que a malta do PCP tenha votado Sócrates. Em presidenciais, por ser uma eleição menos relevante, já se tem visto disso. Agora legislativas não me parece.... A malta do BE e do PSD talvez, mas o PCP é um dogma e uma crença e as crenças resistem a qualquer prova da razão. O PCP será sempre um caso excepcional de demagogia (fora da coerência delirante que define o partido) neste país.

nuno disse...

durante as primárias, o obama e a clinton fêmea discordavam em praticamente nada. esse praticamente nada eram uns detalhes na obrigatoriedade dos seguros de saúde e outros detalhes ainda sobre a política externa americana.

administração mista e plural...