segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Try, Try, Try...pleaseeee?

“I have walked around with a secret, a secret I chose to keep. But now I want you to be among the first to know that I have made plans to renew and revive the Smashing Pumpkins. I want my band back, and my songs, and my dreams”

BC
Led

domingo, 26 de novembro de 2006

Select, Start

Ser contra a maioria. Ter uma opinião própria e aguentar. O conforto e a defesa do grupo, do bando, do correligionário. Estar só, privado do suporte para a nossa opinião e a nossa glória durante uma vida inteira. Porque uma reputação é feita pelos outros. E os outros fazem-na enquanto existe o motivo dela, ou seja o reputado. Mas não perguntes ou sê apenas em resposta o que seja de aceitação e esquecimento. Não deixes de existir enquanto te deixarem, mas existe como se não. E toda a grandeza da tua vida estará nesse intervalo. Nessa pequenez em que nem para ti sejas visível... Por cima, o céu escuro.

Deftones - U,U,D,D,L,R,L,R,A,B,Select,Start

Led

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Collapse

Mais música para não insistir no meu arrastamento penoso até ao ridículo lírico. Desta feita num tema brilhantemente conseguido retirado do penúltimo album dos Blind Zero, “ A Way To Bleed Your Lover”. E que prazer é agora ouvir o Miguel solto e ágil sem receio de se encontrar no seu próprio nicho harmonioso. Sempre apontei os BZ como uma das minhas bandas favoritas no panorama nacional...mas havia algo naquele timbre engolido emblemático do “Trigger” e “Red Coast” que me revolvia de desconforto e constrangimento. É fácil que um vocalista se não pareça com os outros. O que é difícil é que ele se pareça consigo.
Collapse me now!


Collapse me
Bed bound
Silence is free among the weight I breathe
A change of set
Clinic words
My inner panic stares at my love reward
Beholder of my breath
Send me, send me every heartbeat, send me
Seeing you
I wish we weren’t locked up against a wall
Come closer, say a word
You can take my hand but do not die with me
Beholder of my breath
Keep my heart forever yours
And go

Led

domingo, 19 de novembro de 2006

Chove.

Chove, chove. Escorre a água pela vidraça, nela se turba a exactidão do real. E o vento, o vento. Traz o augúrio de longe. Ás vezes assalta em cargas rápidas, marra com violência, enrodilha toda a cidade. A tarde escurece. Vagas longínquas do rumor do temporal. A chuva mais densa forma uma cortina cinzenta que a tudo apaga. Ouço-a fustigar a janela. Tudo é submissão como a desolação. Olhar apenas. Escutar. E ser-me tudo longe, noutra terra, noutro universo...
You'll get a chance, another chance, one more sun...


The Dissociatives - We're Much Preferred Customers

Led

sábado, 18 de novembro de 2006

Porque volta

Sim. Mas porque o não aceito, o não vejo, senão em momentos evanescentes de fadiga e desistência? Porque volta sempre a interrogação, eriçada de interrogações inquietas? Que significa a minha reabsorção no Universo, sem a consciência que ma faça conhecer? Não pergunto já porque é que tudo é assim. Pergunto apenas pelo meu destino de esvaziamento de mim. Precisava apenas de saber que a morte é um começo, com a presença de mim a mim nesse começar. Já o soube, mas esqueci-o e assim o ignoro. De toda a maneira, há momentos em que, como à noite, me apetece apenas dormir. Tudo em mim então se entrega calmamente e desiste. Um sorriso de pacificação me cresça então da alma. E tudo estará bem.
Led

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Fé Vermelha


“Para quem pensava que o comunismo tinha fenecido de vez, o encontro internacional de partidos comunistas e operários que decorreu no passado fim-de-semana em Lisboa pode ter sido uma surpresa. Ou mesmo um susto. Mas na verdade não foi uma coisa nem outra. Aquilo a que se assistiu foi a recriar das velhas encenações de gongórica solidariedade internacional a pretexto de combater o imperialismo, defender os povos explorados, reafirmar a validade da luta de classes e dar alento a milhares de crédulos. Isto porque os resquícios do comunismo assentam, hoje, não numa prática ( que, essa sim,desabou com os tempos) nem numa teoria ( que a esmagadora maioria dos seus seguidores desconhece profundamente), mas numa fé inabalável. Perdê-la, ou fazê-la vacilar nem que seja só por um momento, é fazer ruir todo um edifício construído à base de frases feitas, soluções utópicas e realidades pouco permeáveis a chavões pré-estabelecidos.

A confirmação do comunismo como base fértil para totalitarismos sangrentos e impiedosos não se coaduna com a repetição de discursos pueris sobre a classe operária ( que já é outra, bem diferente da que Marx ou Engels analisaram nos seus escritos) ou os povos pretensamente ansiosos de se livrarem do capitalismo.

A China, mantendo a capa comunista e o corelativo desrespeito pelos direitos humanos, entregou-se a um capitalismo selvagem que, se por uma lado lhe ampliou a riqueza e os horizontes ( os económicos mas também os da ambição de poder), por outro mantém sob uma quase escravatura milhões de asslariados mal pagos e tristemente servis. Ao Ocidente, no caso chinês, já não incomodam as bandeiras vermelhas ao vento nem a exibição marcial dos rituais comunistas. Não intimidam nem afastam. Pelo contrário, são uma cobertura alegremente folclórica para bem lucrativos negócios mundiais.

O que querem, pois, os resistentes comunistas da cimeira de Lisboa, mesmo os mais devotos ou honestos? Sobreviver, apenas isso. Manter galvanizadas as suas bases de apoio, nem que para isso tenham de mentir, como aliás sempre fizeram: o comunismo, enquanto sistema, deve deter um dos maiores índices de mentiras de toda a história universal. Ou parasitar os muitos podres que a sociedade, infelizmente, ainda lhes oferece: o subdesenvolvimento, a fome, a pobreza, as muitas guerras absurdas que o comércio, legal ou ilegal, de armas alegremente sustenta. Podem ser poucos, podem enganar-se mutuamente acerca da sua verdadeira representatividade ou força, mas isso pouco ou nada importa quando o que está em causa é a manutenção de um cenário que pretende iludir a decrepitude à base da fé. A fé nos “amanhãs que cantam” e na verdade não sabem cantar, a fé num “socialismo” que os seus antepassados políticos enterraram sob as cinzas de milhões de vítimas.

No comício final, o russo Guenadi Ziugannov disse que o planeta “está a ficar mais vermelho”. De raiva? Ou de Vergonha?”

Nuno Pacheco – Público (14-11-06)
Led

sábado, 11 de novembro de 2006

Who's gonna drive you home, tonight?




A excelente versão negra da canção Drive dos The Cars no tema bónus oferecido em exclusivo pela iTunes para o último e brilhante album dos Deftones, Saturday Night Wrist (uma boa review aqui).
Que melhor figuração ambiental para uma Saturday Night Fever?


Led

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Com os olhos bem arregalados - Linda Martini

Depois da bem-sucedida aventura em-rede de divulgação do EP homónimo que continha a força motriz da projecção da banda, Amor Combate , chega mesmo hoje às lojas o primeiro album, Olhos de Mongol. O titulo, segundo a própria banda, “faz referência ao escritor norte-americano Henry Miller que assim descreve a troca de olhares entre perfeitos desconhecidos que, por nenhuma outra razão além do olhar, estabelecem uma empatia imediata.”
O novo single “Cronófago” está já disponível no myspace.

Fica o alinhamento:

1. sinto a cabeça cair
2. cronófago
3. dá-me a tua melhor faca
4. partir para ficar
5. estuque
6. o amor é não haver polícia
7. quarto 210
8. amor combate
9. a severa
Led

Oração comuna

Temos pena!

Led

terça-feira, 7 de novembro de 2006

O código de Ahmadinejad

Conforme prometera em Fevereiro deste ano, Mahmoud Ahmadinejad lançou o hediondo Concurso Internacional de Caricaturas do Holocausto intitulado "Onde está o limite da liberdade de expressão no Ocidente?". O certame tinha como objectivo responder aos blasfemos cartoons do pastor Maomé publicados no jornaleco dinamarquês 5 meses antes de todo alarido, chantagem e violência bruta que correu e corou o mundo civilizado de submissão aos valores da ira religiosa islâmica. A ideia do fantoche e pseudo-líder iraniano , era claro está, dar largas à sua teoria mitificada do Holocausto, segundo a qual apenas umas poucas centenas de Judeus tinham sido exterminados e não os cerca de 5-6 milhões normalmente atribuídos pelos registos oficiais. Meter os Judeus ao barulho fica sempre bem e depois a falta de nível e a discrepância colossal entre o objecto de sátira do jornal dinamarquês e o das iranianas não é indecência suficiente para comover Ahmadinejad e a legião de clérigos, imãs , mulás e as multidões de crentes fanatizados que o acompanham no divertimento anti-semita primário. Os cartoons estão agora a ser expostos no museu de arte contemporânea de Teerão e este é apenas um dos exibidos na exposição que promove a saudável liberdade de expressão tão característica da tolerante religião islâmica :

Enfim...nada de surpreendente provindo de sociedades que não respeitam os mais elementares direitos humanos, onde as mulheres são sub-humanos sem quaisquer direitos, a não ser o apedrejamento por suposto adultério, o mesmo destino dos homossexuais. Mas apenas queria aqui fazer menção da reposta de um cartoonista e blogger norte-americano, bastante mais criativo do que a média, que decidiu corresponder ao desafio com uma engenhosa provocação, codificada no próprio cartoon. Eis o Ahmadinejad code descodificado pela contraversão do desenho:

Por esta hora , Ahmadinejad deve espumar de prazer com a honra de tal comparação.

Led

sábado, 4 de novembro de 2006

A tarde finda, há luz no ar

E a certa altura, um prazer íntimo de nos aconchegarmos em nós, separados de tudo, defendidos de tudo, com um certo mimo rabugento na pele como quando acordamos pela manhã e ficamos ainda no choco, de sono ainda inserido em cada poro, aninhados e felizes. Um momento de felicidade, de bem-estar. Ser feliz nesta hora da tarde, com um sol outoniço que rompeu por entre a chuva e dourou o ar de pacificação. A casa fechada, a intimidade connosco, o mundo lá fora suspenso. Um instante de plenitude, mesmo o de quem esquece. Esquecer. Ser feliz no abandono deste silêncio luminoso em que a tarde finda devagar. Tanta coisa te ameaça e não sabes o que é. Ameaça surda, oblíqua, sem razão. Esquece. Prazer infantil, insinuada memória de um refúgio maternal, prazer subtil e finíssimo, alheamento breve do duro e constante combate de adultos. E que tudo em ti adormeça numa vaga evocação de não saber o quê, de um futuro inexistente e que é agora belo por não existir, que tudo em ti se entregue à nulidade que te suspende e fluidifica e evapora em dissipação. A tarde finda, há luz no ar, as àrvores recolhem-se a uma longa meditação. Dissipa-te e esquece. Sê feliz.
Led

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Poema dum Funcionário Cansado

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido
e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só.
António Ramos Rosa
In: Viagem através duma Nebulosa, 1960
Led