quarta-feira, 20 de julho de 2005

O País a arder...



Um horror...uma tragédia...uma calamidade....

Ao nível do governo, a responsabilidade passa pela motivação. Não é falta de meios, nem é falta de dinheiro. A GNR foi enviada para o Iraque completamente fora de tempo e completamente desenquadrada da realidade no terreno -- que exige forças bem mais musculadas -- e os meios lá apareceram. Também todos os anos se fala nos militares, no ócio dos quartéis, que pelo menos podiam exercer acções de vigilância, mas nem isso. Não têm formação específica, ao que parece.
Por outro lado, do interior cada vez mais desertificado, resultam menos votos o que não ajuda à motivação. Se não é pelas pessoas, se não é pelos animais, se não é pelas árvores e o ambiente, podia ser pelo economicismo reinante, mas não. Todos os anos é a mesma lenga-lenga.
Mas acho piada quando se coloca a responsabilidade toda no governo, sacudindo o peso da responsabilidade individual e colectiva do que se passa realmente na nossa terra. Na minha opinião, os incêndios têm as seguintes causas, não exclusivas e onde a ordem dos factores acaba por ser arbitrária:

A já mencionada falta de motivação governamental.

Falta de limpeza. É uma utopia querer as matas todas limpas, mas é uma exigência mínima ter os locais estratégicos (do estado e particulares) limpos, designadamente: bermas de estradas, caminhos, estradões corta-fogo e áreas à volta de habitações. Esta situação resulta também do envelhecimento e desaparecimento das povoações.

Negligência, é maior das causas provavelmente. Agricultores, veraneantes, caçadores, automobilistas, fumadores, construtores e todas as pessoas em geral. A verdade é que não há o cuidado necessário e suficiente, o que nos remete para a cansada discussão da educação e civismo do povo português.

A acção criminosa, que julgo ser maior e mais importante que os resultados de investigações e algumas correntes querem fazer crer. A justiça também não ajuda, como não ajuda a nada neste país. Para os incendiários, no mínimo, deveriam existir penas de 20 a 25 anos de prisão, com trabalho de limpeza de matas incluido.

Causas naturais. As alterações climáticas são o maior problema ambiental do século XXI que exige uma resolução à escala global. Cada país, cada cidadão, tem porém a sua responsabilidade. Se por um lado a necessidade de reduzir as emissões é um aspecto relevante, papel de sumidouro de carbono da floresta é importante num contexto onde a produção de bens e a sua enorme mais-valia como ecossistema são decisivos.

“A forma como se contabilizará no quadro do Protocolo de Quioto a floresta é um elemento fundamental de conhecimento para se decidir a política de florestação, reflorestação e também de avaliação da destruição da sua floresta por incêndios ou pelo corte.

No ano de 1990 a floresta contribuiu com 10% das emissões de gases de efeito de estufa, tendo porém invertido esta tendência recentemente para se passar a comportar como um sumidouro de carbono. O ano de 2003, porém, abalou esta tendência e perto da data decisiva do cumprimento do Protocolo de Quioto em 2008-2012, os fogos florestais poderão ser cruciais para agravar o incumprimento do nosso país.

Também ao nível da poluição do ar serão apresentados os efeitos ao nível de um dos poluentes que mais prejudicam a saúde pública – as partículas inaláveis, fazendo-se uma análise mais global do impacte das emissões para a atmosfera causadas pelos fogos florestais.

Num quadro de avaliação das consequências do aquecimento global cada vez mais rigoroso mas também mais apreensivo, saber tomar e implementar as decisões certas num quadro de uma visão global e sustentável é vital. Entre a florestação com espécies de crescimento rápido exóticas como o eucalipto às espécies autóctones ou mesmo ao crescimento sem plantação de espécies nas áreas ardidas, discutir os impactes das diferentes alternativas deverá ser uma opção consciente, estudada, e discutida, para que as próximas gerações não nos culpem por decisões erradas.” Excerto retirado de “ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E INCÊNDIOS EM PORTUGAL” – Conferência UNL-UTL - Dr.Francisco Cardoso Ferreira

Led Posted by Picasa

Sem comentários: