O que significa intitular uma musica ou banda de comercial ou não comercial? Significará, na sua essência, realmente algo de negativo?
É errado usar o termo comercial neste sentido. Assim como existem várias definições para música, existem muitas divisões e agrupamentos da música, muitos dos quais são contestados por argumentos sobre a definição musical. Entre os muitos gêneros existem os mais conhecidamente abrangentes:música erudita (também conhecida como clássica) e música popular (música comercial).
Comercial é então todo o tipo de música que não a clássica. O termo “comercial” é mal empregue e reflexo de uma falta de visão e arrogância por parte de quem o apregoa. Ora a música sempre fugirá de categorizações artificiais. Uma banda que comece a aparecer demasiado nas rádios, televisão e revistas, começa a ser encarada por alguns como desprestigiante...dizem as pessoas que a magia da sua musica desapareceu porque se tornaram demasiado comerciais, convencionais, muito pop...ora, eu acho que se trata apenas de uma questão de elitismo, confusão ignorante de conceitos e de suposta superioridade musico-cultural.
Nunca haverá consenso em relação à música produzida por uma banda mas penso que as bandas não perdem por si as suas qualidades só porque aparecem mais vezes nas capas de revistas ou porque as suas canções possam passar em excesso em rádios mais mainstream. A qualidade e a análise de uma canção deve-se basear em critérios de isenção e, essencialmente, em critérios de sensibilidade sensorial intrapessoais. Quando se fala de música fala-se, de género, de grupos e de artistas mas nunca falamos o que é a musica e o que nos transmite .
As pessoas que tenho conhecido ás vezes me perguntam que tipos de músicas gostas? … eu respondo-lhes gosto de boa musica! Quando me refiro ao gostar de boa musica estou a englobar todo o tipo e género de musica que me transmita algo de bom e que me transmita algo que mexa com os meus sentimentos. Assim, para mim, só existem mesmo dois tipos de bandas, as que fazem boa musica e as que fazem má música. Pouco me interessa se passam em abuso nas rádios ou na televisão. O facto de uma banda conseguir chegar a muitos mais ouvidos avulsos e ser apreciada só poderá significar algo de positivo.
Num país pequeno como Portugal é horrorosamente fácil ser-se alternativo. Pouca gente, poucas bandas, mercado pequeno e vulnerável...muito fácil seleccionar-se bandas que não se ouvem muito por cá e considerá-las como parte de algum movimento alternativo global do qual nós (apreciadores requintados) fazemos parte. O que é alternativo cá felizmente não o é no Reino Unido ou nos USA, principais geradores do mercado musical mundial. È urgente dizer-se que esse movimento não existe nem tem estilo nenhum!
No outro dia ouvi alguém dizer que para se apreciar melhor musica e alternativa dever-se-ia educar musicalmente. O termo “educação musical” parece-me a mim, nestes termos, de altamente fascista apenas porque não podemos obrigar ninguém a seguir os nossos gostos musicais. Não podemos impor a ninguém as nossas condições mesquinhas e princípios avarentos do k realmente é bom ou mau numa canção ou banda.
A música é uma forma de arte, sem princípios ou regras esquematizadas. O mais maravilhoso desta forma de arte é que qualquer um poderá fazer a sua avaliação diferencial. A espontaneidade com k se selecciona e aprecia determinada banda ou canção se perde quando nos limitamos a seleccionar e ouvir apenas o que ainda n é conhecido. Esta é uma regra estúpida e que apenas nos impede de retirarmos o máximo da música para nós. A obrigação de ser diferente e ouvir música diferente é apenas um tipo de moda e que, segundo a minha opinião, é o auge do comercialismo, o apogeu do vendível . Ser o oposto ao geral , a diferença só pela diferença, o hype só pelo hype não tem sentido nenhum e então a nível musical, rotularmo-nos como alternativos é apenas ridículo e tremendamente provinciano.
Uma canção atinge-nos de uma maneira própria, de acordo com as nossas raízes e experiência musical. Mas nunca poderemos considerarmo-nos como donos de uma suposta elevação cultural ao classificarmos uma banda como comercial apenas porque pessoas com um alegado menor conhecimento musical gostam de um grupo mais mainstream. Ouvir música é unicamente uma forma de prazer e não um estrado para marcarmos a nossa diferença musical. A música não se pensa nem se raciocina, ouve-se!
Led
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