quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Melancolia aos confins do mundo

Solene. Linda pura branca doce. Diáfana, suspensa, velada de doçura a tua face. Até que, inverosímil, na fina evaporação de mim imaterializado sucinto, conciso afloro no ápice do desejo, violentíssimo, estrito, brevíssima titilação do limite nervoso, a tua face afloro suave, um beijo aéreo no teu rosto. E um derretimento agudo como intrínseco ganido nos filamentos centelhas do meu ser. Lembro-te, olho-te, todo o meu corpo treme. A ferocidade da vida no arrepio do sítio melindroso. Sistemas, religiões, e a política, e a arte esgotada no espaço ambíguo do que não interessa aqui. E tu no efémero da minha excitação. No ápice virgem. Nós sós, na sufocação do mistério, intensos de plenitude, raiados à imensidão. Na evidência que me ilumina por dentro. Que ao menos um instante na totalidade de mim, my love, minha violência vertiginosa, minha ilusão tão verdade na coerência do negro, turbado de neblina, é uma rua deserta. Para a cúpula do céu, o rumor esparso errante da cidade. O anúncio do que nunca vem. Incerto, absurdo, eu, entre a certeza do fim e a verdade do início. Bêbedo.
Led

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