segunda-feira, 1 de junho de 2009

All in the family

Ontem na televisão, um debate cool e jovem sobre juventudes partidárias; de um lado (do direito, para a coisa estar certa com a ordem natural do universo) e ainda com alguns resquícios visíveis de mais uma noitada na Lux, os betinhos engomados da juventude popular. Os Melistas (eles) e as Caeristas (elas) . Eles, divertidos e satisfeitos, de camisa aberta no peito, assegurando a virilidade da estirpe. Elas, afinadas e plastificadas, de camisa abotoada no peito, asseverando o comedimento da casta. Todos alagados de prazer com a importância súbita com que foram presenteados pela presença na televisão. Pouco falaram de política. Mas isso era o menos. O importante era a etiqueta. Ao centro os carreiristas da JSD e JS, esforçando-se por balizar as parcas diferenças entre as suas famílias Capuleto laranja e Montecchio rosa. No outro extremo, os vaidosos deliberadamente maltrapilhos e estilizados de urbanismo da juventude bloquista, afugentando os indícios nocturnos de mais uma sessão esotérica de humanismo Trotskista fumável numa qualquer cave do bairro alto. “Tipo” “Ya” “ o Sistema” Tás a ver?” Ao lado a circunspecta camarada comuna, ilustre representante e derradeiro epígono do operariado metalúrgico da Marinha Grande, já avançada nos rigorosos treinos siberianos a chicote reaccionário que ensinam o fundamental ódio e aversão a tudo o que mexa. É incrível a imbecilidade com que tantos jovens adultos e supostamente informados enfiam o barrete dos estereotipos e se dão tão bem com eles. A necessidade de anuência no grupo e a vaidade do exibicionismo do seu culto pessoal. Que pena que assim seja. E depois ainda uma pergunta final à consignatária estalinista. E a cachopa, adornada de ganchos e fátuos aprumos, dizia no seu sotaque sibilado de manias que na sua juventude partidária nunca se colocaria o problema de expulsão em caso de desentoação com os textos bíblicos deixados pelo profeta Cunhal, porque ali, assegurou comovida, todos concordam sempre uns com os outros. O medo de se ser livre cria o orgulho de se ser escravo. Li esta frase algures por aí. E pronto. É isso.

Led

2 comentários:

Celeste disse...

Não tenho pachorra pá. Não tenho, pronto!

Ledbetter disse...

Uma dia um deles talvez chegue a primeiro ministro. E depois não digas que não avisei.