quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

De amplas leituras

“(...) O que acontece comigo e com esta enorme falta de vontade de escrever sobra a obra de seja quem for é que não acredito que uma obra ganhe muito em ser explicada. Depois, eu não sou explicador. Só tenho palpites. Sou como o “tio” João: tenho palpites de impressionista, com diz dele o poeta com nome de navio. E ainda acontece outra coisa comigo: durante muito tempo li mais as explicações do que as coisas que, em princípios, as explicações explicam, e agora, invertida a tendência, estou a ver se aproveito o tempo que me resta da vida para ler finalmente as coisas. (...) Há quem pense que a leitura de Pessoa, por exemplo, está a ser bastante prejudicada pelo excesso de explicadores da obra dele. É provável. (...) Entreguem-se ao prazer da leitura. Façam o mesmo com um Céline e, em duas semanas, vão atirar às malvas uma dúzia de autores considerados geniais. É que já lá estava tudo e há muito mais tempo. É uma chatice mas é assim...”

Alexandre O’Neill - “Vinícius nunca mais!” JL, 07/07/1981


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