“Dois meses depois de os bilhetes terem esgotado para o espectáculo de Quarta-feira, 23 de Novembro de 2005, os Coldplay regressaram a Lisboa para arrebatar uma multidão. Já há dois anos tinham-no feito, no mesmo Pavilhão Atlântico. Fiando-se, agora, num repertório amadurecido, que inclui o mais recente álbum "X&Y", a banda de Chris Martin foi explosiva o suficiente para transformar até os temas menos dinâmicos em hinos. A confirmação de que, não tarda nada, os Coldplay conquistam um estatuto semelhante ao dos U2 em Portugal.
Chris Martin é o culpado pela proeza. Irrequieto e irrepreensível, quer ao piano, quer à guitarra, o vocalista subiu ao palco do Pavilhão Atlântico com a lição bem sabida e voltou a surpreender com os seus conhecimentos da língua portuguesa. Começando com "Temos todo o prazer em estar aqui", em jeito de refrão entoado à viola, e terminando com o elogio "Vocês são fantásticos" - na primeira despedida da noite, quando os ursos projectados em luz treparam as bancadas do pavilhão no tema 'Talk' - o líder dos Coldplay provocou o maior tumulto quando atravessou o Atlântico até à régie de som e, de lá, interpretou 'In My Place'.
Ficando-se por um encore - o público português, mal habituado, insistiu nos aplausos - , os Coldplay deram um espectáculo consistente, pródigo em momentos marcantes. É o caso da recuperação de 'Yellow' (daqui a uns anos, chamar-lhe-emos "clássico"), em que dezenas de balões amarelos caíram do tecto do Atlântico. A invulgar qualidade do som no recinto, cuja acústica não é habitualmente convincente, aliada a um sumptuoso jogo de luzes que atingiu o seu auge no arco-íris de 'Clocks', foram outros dos extras técnicos que ajudaram a tornar o espectáculo memorável. Mas o melhor da noite foi a forma descontraída com que Chris Martin interrompeu canções a meio, como aconteceu em 'The Scientist', quando lhe escapou um 'fuck' ao enganar-se na nota ao piano. "Everybody makes mistakes", justificou o vocalista, em risos, repetindo a interrupção em 'Til Kingdom Come', faixa escondida de "X&Y", que abriu caminho para um momento country em 'Ring of Fire', de Johnny Cash. Com a letra da canção projectada no palco, 'Swallowed In The Sea' abriu o único encore, encerrando o espectáculo com o terno 'Fix You', na promessa de que as 'lights will guide you home'. A luz da lâmpada a extinguir-se em palco aconchegou o caminho até casa.
Na primeira parte, os britânicos Goldfrapp tentaram brilhar com o seu pop electrónico, mas o público esteve maioritariamente desatento. Os sons locomotivos de 'Train', a sensualidade de 'Black Cherry' ou a precoce despedida com 'Ooh La La' mereceram, ainda assim, palmas suficientes para Alison Goldfrapp dizer "you're amazing". No final deste concerto, sob a égide do "Comércio Justo" de que Chris Martin é porta-voz, o ecrã gigante por detrás do palco exibiu um vídeo da campanha MakeTradeFair, no qual celebridades como Bono, Brad Pitt, George Clooney ou Bob Geldof estalam os dedos, simbolizando a morte de uma criança a cada três segundos devido à pobreza extrema. A mensagem "Queremos a Tua Voz" foi, de resto, cumprida em volume máximo pelo público durante a seguinte hora e meia de concerto dos Coldplay. “
Tirado: de
Alinhamento:
"Square One"
"Square One"
"Politik"
"Yellow"
"Speed of Sound"
"God Put a Smile Upon Your Face"
"X&Y"
"How You See the World"
"White Shadows"
"The Scientist"
"Til Kingdom Come"
"Ring of Fire (Johnny Cash)"
"Green Eyes"
"Clocks"
"Talk"
Encore:
"Swallowed in the Sea"
"In My Place"
"Fix You"
Led (Coldplay got terribly big)
5 comentários:
Simples, espontâneo, fantástico, ..., ..., se no final do concerto fiquei sem voz, agora estou simplesmente sem palavras!
P.S. Porque é que toda a gente tem a mania de os comparar aos U2? Eles ainda conservam algo que os U2 perderam à muito tempo!
Eu achei (apesar do comentário retirado do Cotonete) que o concerto pecou por uma certa imagem de “boys band” que me incomodou um pouco…as raparigas novas gritavam pelo Chris de um modo um pouco desvirtuado daquilo que eles deveriam transparecer. E não me venham dizer que eles não têm culpa disto acontecer! Ele é que controlam a maior parte da sua imagem pública! Além disso e voltando ao concerto em si, após ter assistido (por vídeo, claro) a outros concertos deles da “Twisted Logic Tour”, concluí que muitos momentos e até supostos “enganos” no concerto não eram de facto espontâneos mas sim parte de um elaborado trabalho de uma máquina de promoção que se aproxima muito do de outras bandas megalómanas de nome U2 ou Backstreet Boys (aqui faz mesmo sentido compará-los a estas bandas)…houve algum cenário teatral que não me agradou mesmo nada. Muita gente, muito barulho, pouca originalidade, muitas pitinhas…eu estava mesmo em frente às grades e ouvia com muita dificuldade o Chris a cantar devido às inúmeras admiradoras que se fartavam de arruinar as canções a altos berros ( fiquei mesmo pelos cabelos). E depois, veio a setlist, sem surpresas ou alterações substantivas em relação aos restantes concertos da tournée (isto eu já estava à espera). Além disto tudo, fogo…nem 1:30H chegaram a tocar!! Para uma banda que se intitula de justa, amiga do fã e contra as máquinas magnatas das editoras (apoiante do movimento “Make Trade Fair”)e blá blá blá, tocar pouco mais de uma hora por 6 contos simplesmente não lhes fica bem! Há aqui alguma hipocrisia que eu não queria entender mas que começo a perceber. Eu adoro Coldplay e não admito que me atirem à cara que estou “a armar ao pingarelho” mas, acho mesmo que o concerto ficou muito a desejar….talvez tenha subido demasiado as minhas expectativas nos meses que antecederam o concerto. Talvez…por ora fico-me pelas canções dos álbuns!
Oh pá! Esta juventude está perdida... o raio das pitas... agora a sério... vinha uma comigo no comboio com um maço de folhas, numa tentativa desesperada de decorar as letras...
Num aspecto talvez eu tenho tido alguma sorte. Fiquei na plateia mas um pouco mais atrás, onde o público era bastante mais maduro. Toda a gente cantava, e nem sempre bem, mas é exactamente isso que recordo melhor... o respeito do público pelo espectáculo, a energia e o sentimento. Do Chris Martin ouvia a voz, mas só o vi mesmo em pontas dos pés...
Mas a música e todo o seu envolvimento estavam lá, não foram abafados, e era essencialmente disso que todos estávamos à procura. Nisso não me desiludi completamente. Não foi um concerto a quatro, mas a 15 mil pessoas. Foi essencialmente por isso que fui lá. A força de uma banda é a sua música e o seu público, não me interessa a imagem que vendem. E vamos enfrentar a verdade, hoje em dia na “music industry” o que TODOS andam a vender é a imagem... e em parte a culpa é nossa, como consumidores que somos.
Já me tinham falado na história dos enganos propositados. Não digo que não seja verdade até porque o chavão “Everybody makes mistakes” cai no espírito da banda como ouro sobre azul, e começar de novo era demasiado conveniente, tendo em conta que a música era “The Scientist”.
Mesmo assim compreendo que te tenhas desiludido... ainda está para vir o concerto que eu realmente considere perfeito. Ainda bem... É só mais uma razão para continuar a voltar ao pavilhão atlântico e aos n festivais de Verão...
Continuo intransigente nas minhas escolhas musicais! Quanto mais me tentam vender a imagem sobre um pano dissimulado de humildade mais eu tendo a rejeitar a sua música. Tu gostaste de estar no meio de 18 mil pessoas, eu não. Tu gostas do Atlântico…eu preferia um Coliseu do Porto ou Lisboa (onde vi Radiohead…esses sim, verdadeiros concertos!). Tu gostaste da setlist fácil e sem surpresas? Eu não. Eu detestei ter pago 30 euros (mais despesas de transporte) por uma hora de concerto (mais valia ter ficado a ver o DVD?). Não tenho dúvidas de que a maior parte das pessoas teve nada mais, nada menos do que aquilo que queriam e estavam à espera, sem tirar nem pôr. Eu gostava de ter sido surpreendido, só isso. Gostava que não tivesse havido tanta…como hei de pôr….previsibilidade? Facilidade?
Não te quero dizer que estás errado, porque sinceramente...não estás.
Nem que tenha sido só um punhado de pessoas, é sempre bom que exista alguém para quem as coisas não soaram assim tão bem. É aquela história do contraditório...
Supostamente era para ter ido ao primeiro concerto que os Coldplay deram no Pavilhão atlântico. Na altura não deu, por uma razão tão estúpida que mais vale esquecer. Isto pode parecer bastante contraditória, porque com o tempo devia ter criado montes de expectativas e ter ficado mais crítica, mas a verdade é que eu sabia que iria gostar daquele concerto de qualquer forma. Também não foi assim tão mau... Pode ser uma atitude simplista, mesmo básica, mas cumpri o meu objectivo... passei um bom bocado. Espero sinceramente é que eles continuem a editar bons álbuns...
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