sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Volta e meia

Volta e meia e para atestar a qualidade da linhagem, lá aparece um tipo a defender para si o seu quinhão de causas sociais e a autenticidade do seu pólo político consubstanciado nas vezes que arremessa a sua verdade exclusiva e genesíaca contra todos os ismos que ostentam gosma burguesa na peugada, amesquinhando o sujeitículo acomodado do bloco central, esse tipo sem ética corrompido pela base que nunca leu livros progressistas neorealeiros e dado a essa coisa chilra e raquítica do diálogo e da sensatez, à tineta pífia do pormenor com a sustentabilidade e a responsabilidade. O tipório conhecedor do real e do trabalhador seu correligionário é um gajo desafrontado e seguro de si, de fórmulas milagrosas prontas na algibeira, de peitaça larga para a bordoada ideológica, que come bem, bebe bem, fornica bem, de ideias limpas, descomplexadas, tipo porreiro e solidário com as minorias, dorme do lado bom do humanismo, veja-se a nossa sorte, escasso de metáforas quando é preciso, companheirão, sujeito vivido, calmo e teso, nada de subtilezas sofísticas quando é preciso, pão pão, queijo queijo, escorreito, destemido, atestado de tomates e de glóbulos vermelhos e de lições para dar ao mundo.

Volta e meia aparece também a História cheia de estilhaços e sangue messiânico a desdizê-lo. A História, essa apóstata imunda e prepotente.


Led

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