quarta-feira, 31 de outubro de 2007

10th

Para os jornalistas que se queixam todos os dias de limitação na liberdade de expressão, vejam lá em que posição está o nosso país (de 169) na classificação dos Repórteres sem Fronteiras:


Esclarecedor?
Led

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um analista da bola

Com o Rui Santos acabou-se a comoção digna de primatas no futebol. Agora as análises futebolísticas são antes de mais ensaios filosóficos, comportamentais ou sociológicos. Agora a coisa é toda ela cerebral, com muito aprumo fleumático e óculos progressistas à mistura.
Suporta-se esse tom, quando há no futebol motivo para isso. Mas como raramente o analista “profissional” fala de futebol internacional e corrói 80% do tempo de antena a divagar sobre o temperamento dos árbitros portugueses, conclui-se que raramente há motivo para falar sobre o que quer que seja. Simplesmente, ele julga que não, ele pensa que por falar à Einstein em voz grossa, Einstein o ouve logo. É verdade que esta aptidão analista já havia sido anteriormente desenvolvida na TVI pelo também “intregríssimo” e esquemático Jorge Coroado. Mas Rui Santos é jovem e promissor. E aqueles óculos dão-lhe outra pinta...Mas no fundo, o que a gente desdenhosa e mal-informada (e saloia como eu) desconfia é que a pose sobranceira só serve para esconder o adepto queixinhas e complexado que no fundo o move. Só pode!

Vou ser incinerado depois deste post...


Para amaciar a questão gostaria realçar que, apesar de tudo, gosto da escolha de gravatas do rapaz. O futebol nacional já merecia gente séria e com nível, sobretudo na escolha do fato e gravata.

Led

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Este post não é original

Será preciso repeti-lo até à exaustão?
Toda a banda/artista que é original é diferente. Mas nem toda a banda/artista que é diferente é original. É fácil destoar pela diferença mas é muito mais difícil entoar pela originalidade. A originalidade vem de dentro para fora. A diferença é ao contrário. A diferença vê-se, a originalidade sente-se. A diferença gasta-se como a sola de uns sapatos, a originalidade perdura no imperscrutável. Assim uma é fácil e a outra é difícil. A diferença é uma fórmula, a originalidade é um modo de se ser e de se sentir. A diferença avalia-se com cautela e exibe-se no fim como uma medalha ao pescoço. A originalidade é inestimável e transmite-se pela emoção. Para se ser diferente vai-se ao barbeiro ou ao shopping das manias ou apregoa-se inconveniências anti-estatutárias. Para se ser original vai-se ter com o divino augusto e espera-se que nos toque. É fácil fazer música só com um ou dois acordes, ou atirar com as palavras à melodia e dispô-las como caírem, fazer serrado na guitarra, copiar trechos electrónicos de sons sem sentido e dispô-los anarquicamente na canção enganando uma falsa erudição, ou cortar o refrão aos bocados e dispô-los em vários tamanhos ou então omitir mesmo o refrão, ou fazer qualquer número de cambalhotas como um equilibrista. Haverá sempre um enciclopedista musical na esquina que aplauda a diferença com arrebatamento e distinção. Haverá sempre quem enalteça a mediocridade por cisma carneirista, ainda que o rei caminhe nu. Agora o que é difícil é sentir de um modo novo, recriar um mundo por sobre o que já foi recriado, ver o que os deslumbrados constitucionais não enxergam. Pôr seja o que for de pernas para o ar não deixa de ser o mesmo por estar invertido. Mas o artista original torna acessível um dos possíveis mistérios para uma nova acessibilidade. E essa nova acessibilidade é que é diferente na maneira profunda de a sentirmos. A originalidade é centrífuga. E só pode ser apreciada intimamente, sem o ruído de fundo da esperteza saloia. Vão-te apontar o dedo ou desprezar-te, provavelmente. Mas por isso é que é difícil ser-se original. A originalidade existe através de nós, a diferença é para os outros.
Led

Nevoeiro nórdico

Logh - The Contractor and the Assassin

Boa noite!

Led

sábado, 20 de outubro de 2007

Grau Zero da música - Sofrer com estilo

30 Seconds to Mars, My Chemical Romance, Green Day, Funeral for a friend, Linkin Park, Hoobastank…

Emo, Punk Revival, Grunge revival, Post-Hardcore, Punk Pop…

A prova que Deus escreve torto por linhas tortas...


...e eu estou a ficar velho.

Led

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Unidade Sindical

Nunca morri de amores pelas manifestações dos principais sindicatos da função pública, reconheço. Sempre me irritou o clima provocatório e histérico desses ajuntamentos de “massas” e o impulso primário à manada. Porque sempre achei que entre isso e nós deveria haver uma distância razoável de reflexão e responsabilidade cívica, de alguma frieza mental. Mas a proliferação de manifestações deste género tem resultado numa banalização desta forma de intervenção que não deixa de ser perigosa, tal como no conto do Pastor e do Lobo. A disseminação de manifestações irresponsáveis com propósitos políticos de achincalhamento à falta de mais argumentos e a constante manipulação e apropriação dos instintos mais básicos e das frustrações mais profundas das pessoas menos informadas, reivindicando todos e quaisquer direitos e privilégios, assenta numa desfaçatez atroz. Ao menos que assumissem de vez que todas estas demonstrações simultâneas acusando o governo de asfixiamento democrático não são apenas fruto de uma casual coincidência de pretensões mas fruto de uma estratégia política bem delineada. Dos velhos esquemas e estratagemas de sempre. O que me ofende sobretudo é imbecilidade displicente, o desprezo e prepotência contra a nossa inteligência e capacidade de observação. Tudo o que importa aos líderes destes grupos (sempre os mesmos) é direccionarem politicamente os factos, retorcendo-os até ao absurdo e fazerem de nós estúpidos com eles. Quanto aos militantes, o seu problema não é o cinismo, mas o fenómeno que Sartre identificou como má-fé, isto é, um acreditar religioso e transcendente daquilo que não é facticamente. E depois existem os remanescentes desta linguagem que mostra como certos sectores da sociedade portuguesa continuam rendidos a trivialidades de salão e de salinha, não ganhou consciência crítica e continua a engolir tudo quanto lhe põem à frente mesmo depois do naufrágio comunista. Como o tipificado desabafo dos manifestantes de que o 25 de Abril não se chegou a materializar, como ouvi há pouco o Tim dos Xutos a propósito da morte de Adriano Correira de Oliveira. Nunca percebi bem onde que se quer chegar com este comentário, senão como mero devaneio lírico. Se o conceito dele de liberdade e democracia vem da utopia excepcional da condição de artista é desculpável. Se o conceito dele de “fazer Abril” está associado às ambições de um grupo político que se queria servir do País, que o ia lançando numa guerra civil, que promoveu nacionalizações vergonhosas, ocupações selvagens, que destruiu empresas, fez saneamentos persecutórios, ocupou jornais e rádios, tentou proibir a liberdade de imprensa e queria mandar os «fascistas» para o Campo Pequeno , então temos de facto um conceito altamente diferente de “liberdade”. Porque esta invocação de liberdade sempre reivindicada pelos grupos ligados ao PC é curiosamente coincidente com a do fascismo, atacar a liberdade pela defesa da liberdade. Por isso irrita-me o grau condescendência e o tabu ao criticismo a estes grupos políticos, de algum modo semelhante a uma certa invulnerabilidade religiosa, e que, trinta e três anos depois, continua a ser considerado como crime de lesa-pátria e uma despudorada declaração de «fascismo», sempre usando e abusando dos heróis (cada um tem os seus) de Abril como arrazoamento sagrado. E isto tudo para dizer, que sem deuses e demónios não há mesmo equilíbrio para o homem. Finda a religião ficámos esbarrados no dualismo “governo reaccionário capitalista e cobiçoso” e o “sindicalista trabalhador eternamente injustiçado” para nos aguentarmos de pé. Por onde se poderá abrir caminho? De tal modo que, ..chega. Vou jantar.
Led

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Song To the Siren

Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?

Tim Buckley

Led

sábado, 6 de outubro de 2007

Moving my hands upon the clock

Um novo dia. Sol. Energia .Optimismo. E o maravilhoso sermão no tema The Clock.

Led

Destroços

Estamos mesmo no grau zero da civilização. Será que não há nada mais visível para além de nós próprios? Tudo é certo explicável mensurável plausível banalizável experimentável consumível. É o vazio irrespirável e nele temos de respirar. É o ruído lancinante e nele temos de nos escutar. Nenhuma causa se pode hoje inventar para se morrer por ela. Todos os mitos se dissiparam e nada em nós hoje pode segregar um novo. Tudo se nos intromete na alma para relacionamento com o exterior e nada mais. A obscenidade moral em directo na tv 24 horas por dia. Moral, família, crença, política, ideais de qualquer espécie – tudo alegremente para o caixote. Todas as diferenças planificadas a rasoiro, tudo se é em colectivo aperfeiçoado asséptico consolidado até aos limites como as unidades fabris. Desconstruir, desmistificar, dissolver, negar, animalizar. São as palavras actuais de tudo na vida. Nada vale nada porque tudo vale tudo. Desta degradação geral dos valores não surpreende portanto o apelo paralelo e inútil da metafísica das crendices. Ou os suicídios colectivos de certas seitas e fundamentalistas muçulmanos. Porque é o preço da utopia que garante o seu valor. Tudo hoje se cumpre portanto na agressão ideológica, mas a ideologia já não diz nada e só ficou apenas a agressão como ímpeto. Como criar novos valores no meio deste vendaval pragmático e excessivo de informação que tudo devassou? Como ignorar ainda a inquietante sensação de deriva geral? Porque nos limitamos a entreter com as questões da política, do amor, do ciúme, da traição, das minhoquices e merdilhices de questiúnculas de atrasados mentais? Como sair dos espectro de paralisia geral? Como omitir que é belo o sol e estúpido o vento e estamos para sempre sós e gratuitamente vivos e não somos eternos? Como nos pensar para daqui a um milhão de anos quando já estivermos extintos?
Noite densa. Silêncio na terra. Esquecer e adormecer. Amanhã é um novo dia....
Tanto me faz.
Led

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Lição nº 1

Se te resta alguma dignidade meu caro, não te queixes na praça pública para teres um foco de atenção mascarado de anseio de fraternidade alheio. Detém-te um pouco para te veres. Escolhe bem quem queres para teu travesseiro. Não desbarates a reserva. Poupa as palavras, guarda as melhores para o fim como o derradeiro naco num prato. É verdade que o estatuto social proíbe-nos de confessar as fraquezas mais íntimas. Mas a internet é o pior local para se ser em intimidade débil. Porque na verdade os que te ouvem ou te não dizem nada, comprimidos de júbilo, ou mostram piedade por ti, que é a forma de te afastarem para o teu lugar inferior e terem a satisfação de eles não estarem aí. O seu sorriso comisero é apenas o sorriso canino ou o sorriso cínico, que é o jeito natural que lhes fica de carregarem uma navalha nos dentes.
Led

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Sim, sim! Já sei! In Rainbows!



Pois é meus caros! Apenas regresso a este triste espaço para anunciar o impreterível. Por fim os Radiohead lá acabaram por anunciar o lançamento do seu novo álbum no site da banda “Dead Air Space”. O álbum chama-se “In Rainbows” e sairá dentro de 10 dias. Sem grandes surpresas, a lista de temas incluirá a maioria dos temas previstos pelos fãs durante o último ano.

O anúncio que já levou à histeria colectiva de muitos fãs com sites oficiais temporariamente bloqueados foi feito pelo Jonny Greenwood no Radiohead.com, pouco tempo após a meia-noite do dia de hoje. O sétimo álbum da banda (que já se augura como o derradeiro por certas facções de fãs mais pessimistas e carentes de uma vida recheada de sociabilização e ar puro...como isto me soou duro!) estará então disponível para download no site http://www.inrainbows.com/ a partir do dia 10 de Outubro.


Surpreendentemente, não existe um preço definido para cada download o que significará que cada cliente pagará o que achar acertado! Pára tudo!! Estaremos à beira de uma nova era e de uma nova relação artista despretensioso/cliente criterioso e bem intencionado? Claro que não. A fórmula rebelde só resulta para quem já encheu bem os bolsos. Mas voltemos... A versão física (edição de autor) – Discbox ( ou caixadisco!...) – contém o novo álbum em CD, um disco duplo em vinil e um CD multimedia com sete faixas adicionais, fotos, arte e letras. However e desta feita, a abundante caixa terá um preço definido e à medida da sua qualidade...40 libras (perto de 58 euros!) e só deverá sair perto do dia 3 de Dezembro.

Ambas as versões estão já disponíveis para pre-encomenda.

CD1 (download digital e caixa):
1. 15 step
2. Bodysnatchers
3. Nude
4. Weird fishes/Arpeggi
5. All I need
6. Faust Arp
7. Reckoner
8. House of cards
9. Jigsaw falling into place
10. Videotape

CD2 bónus (apenas na caixa):
11. MK 1
12. Down is the new up
13. Go slowly
14. MK 2
15. Last flowers
16. Up on the ladder
17. Bangers and mash
18. 4 minute warning

E é tudo!
Não sou tão bom a dar notícias?
Sem monomanias e melancolias baratas.
Irrepreensível!
Até breve.

Led