quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Memória de sol

De uma das varandas em frente o meu prédio trepam plantas que já chegam ao terceiro andar. Bate-lhes o sol-poente, que reluz entre a folhagem tremente. E uma evocação campestre estremece no seu entreluzir. É uma memória tranquila das tardes longas, desafrontadas do calor suave, quando se respira fundo e em silêncio e se espera devagar que a noite vá começar. Tempo suspenso. Tempo de levantamento. Qualquer coisa que se nos erguia, nos embalava, nos expandia, nos fazia respirar o universo a haustos fundos. Tardes de luz, do rumor de águas nos ribeiros da lameira do Côa, de aromas que passam no vento vindos das profundezas da Malcata ao iniciar do Outono e dos rumores familiares das festas dos Santos. Tardes de sossego, de reconciliação com a vida, de olhos semicerrados à divagação erradia, tardes de pacificação, de benção que nos descia não sei donde e nos entrava na alma e aí alastrava como a sagração de uma vida...quantas esperanças e sonhos e vidas não ficaram aí...para sempre incessantes até à infinidade dos séculos.

Led

4 comentários:

Lunapapa disse...

Hmm, que belo fim de tarde!! de repente fechei os olhos e fui levada para a minha infância, que boa memória:) Beijinhos**

Ledbetter disse...

Hellow!É espantoso o efeito que um mero pedaço de sol tem na nossa disposição, não é?
Bjitos

Lunapapa disse...

Yellow!! Normalmente não sou pessoa que se deixa influenciar pelo tempo, mas a verdade é que às vezes precisámos de um céu azul, sem nuvens e cheio de sol, para podermos ver as coisas com a claridade necessária. (onde andas agora?) Beijinhos**

Ledbetter disse...

Estes 25 graus lá fora não podem deixar ninguém indiferente...e estou por Coimbra por agora, se quiseres fazer-me uma visita.Bjitos