quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Processos corrupssíssimos


"Só há dois jogadores que o Benfica tem razão de temer para o jogo do Dragão: o McCarthy, que marcou aquele golão na Luz, e o Ricardo Quaresma, que lhes roubou a Supertaça, com outro golaço. Do primeiro já se ocupou o CD da Liga. Do segundo, havendo o mínimo pretexto, alguém se vai ocupar daqui até lá.
1- Miguel Ribeiro Teles compreendeu o que Dias da Cunha não compreendeu: que, na sua ânsia de combater moinhos de vento, o presidente do Sporting acabou a selar um pacto contra o próprio inimigo por ele identificado— o tal de «sistema».
Em todas as 22 jornadas que a SuperLiga deste ano leva disputadas, o Benfica tem apenas uma eventual razão de queixa de um árbitro, e nem sequer se pode falar propriamente de um erro, mas de uma má visualização por parte do fiscal de linha: a célebre jogada contra o FC Porto, no jogo da Luz, em que a bola terá entrado por completo na baliza de Baía. E nada mais: todos os outros lances duvidosos ocorridos em jogos do Benfica, ao longo das restantes 21 jornadas, foram decididos a seu favor.
Quando Dias da Cunha se junta a Filipe Vieira para, entre outras coisas, reclamar da arbitragem, esquece que está a juntar-se ao maior beneficiário das arbitragens, esta época. E esquece-se que Benfica e Boavista — que, sem futebol para tal, são dois dos comandantes da SuperLiga — dominam de facto o «sistema», através do seu controlo a meias da Liga de Clubes e, correspondentemente, da arbitragem. E não apenas da arbitragem: também da disciplina. A ideia da introdução do castigo a jogadores a posteriori, através do vídeo e pela mão do Conselho de Disciplina da Liga, denuncia-se a si própria nos seus propósitos, através de uma simples leitura das estatísticas: dos 25 jogos de suspensão até agora aplicados pelo CD, doze foram-no a jogadores do FC Porto (incluo já a incrível e revoltante promessa de suspensão de Seitaridis por dois jogos, por pretensa agressão); dois contemplaram jogadores do Boavista e nenhum jogadores do Benfica (e, todavia, todos vimos, por exemplo, no jogo entre os dois clubes mandantes da Liga, o Petit a agredir com uma cotovelada o Tiago...). De todos os castigos aplicados, apenas os jogadores do FC Porto foram contemplados com mais de um jogo de suspensão — esticado, no caso mais recente do Mc Carthy, até três jogos, o suficiente para conseguir incluir o jogo contra o Benfica. A pergunta é simples: se quem domina a organização dos jogos, a arbitragem e a disciplina, não constitui o «sistema», o que é, afinal, o tal sistema de que tanto fala o presidente do Sporting?Miguel Ribeiro Teles percebe infinitamente mais de futebol do que Dias da Cunha. Ele sabe que, para além do absurdo de o sistema ser dominado por quem está de fora e não por quem está dentro, não há sistema que possa transformar em campeão—e de Portugal, da Europa e do Mundo —uma equipa banal ou medíocre. E sabe que o FC Porto dos últimos anos nunca foi banal nem medíocre. Agora, o que a ele lhe deve parecer estranho é que o único dirigente de clube que anda a anunciar aos quatro ventos e desde o início da época que vai ser campeão e que até já tem a festa pensada, depois do último jogo (contra o Boavista, no Bessa...), é precisamente o presidente do Benfica — cuja equipa oscila entre o banal e o medíocre.O que Miguel Ribeiro Teles percebeu e Dias da Cunha não, é que o pacto com o Benfica visou um adversário que neste momento, e devido à sua auto-implosão, tinha deixado de ser o inimigo a abater. E que, inversamente, levou o Sporting a entregar-se na boca do lobo. E, enquanto Dias da Cunha ficou muito contente porque julga ter neutralizado Pinto da Costa, Filipe Vieira ficou ainda mais contente porque neutralizou ambos e, ainda para mais, viu-se elevado à condição de parceiro moralizador na luta contra o «sistema»—ele, que declarou ser mais importante ganhar a Liga do que ter uma boa equipa de futebol.
2- Há vários anos que venho aqui insurgindo-me contra o CD da Liga e a sua reiterada actuação indisfarçadamente clubista. Este é um órgão, supostamente de justiça, cujas decisões são sistematicamente desautorizadas por outro órgão superior, o Conselho de Justiça, sem que esse facto leve os seus membros, como seria normal, a reverem o seu critério e a terem algum pudor e algum resquício de isenção. Este é o órgão que, no ano passado, numa decisão contra o Deco, chegou ao ponto de escrever que ele era «iníquo e indigno» — e hoje o Deco é universalmente tido como um dos melhores jogadores do Mundo, continuando, mesmo sendo apenas português naturalizado e a viver no estrangeiro, a dar o seu contributo voluntário à Selecção de Portugal. Ao contrário, quem se atreveria a apresentar o CD da Liga como órgão representativo do que de melhor há na justiça portuguesa? Só por anedota. Há muitos anos que o Conselho Superior da Magistratura vem pedindo aos juízes de carreira que se afastem do futebol, onde a sua actuação só tem servido para desprestigiar a magistratura. Eles fazem orelhas moucas mas, apesar de tudo, seria de esperar que não esticassem a corda até ao ponto de se mostrarem autores de uma paródia de justiça que, antes de mais, os enxovalha a si próprios. Esta sentença sobre o McCarthy ultrapassou todos os limites aceitáveis. Primeiro, a esperteza saloia, feita à vista de todos, de protelar a decisão durante quatorze dias, o suficiente para ela poder abranger o Porto-Benfica. Depois, a violação de um princípio universal da justiça penal — seja criminal, fiscal ou desportiva — que qualquer aluno de um 1.º ano de uma Faculdade de Direito conheçe e que estabelece que nenhuma pena poderá ser agravada se apenas o condenado recorreu dela. Conscientes de que o histórico da sua actuação mostra exuberantemente uma justiça selectiva dirigida contra o FC Porto, e desejosos de evitarem que o clube continue a apelar para o Conselho de Justiça que, uma a uma, vai desautorizando e desmascarando o sentido das sentenças do CD, os tristes membros deste órgão resolveram agora inventar um sistema que iniba o clube, no futuro, de recorrer das suas decisões. «Se recorres, agravamos-te préviamente a pena» — eis a mensagem passada por eles. Acontecesse isto com o Benfica, o Sporting ou o Boavista, e o que não iria por aí de escândalo e gritaria!
3- Nesta triste versão do FC Porto pós-Mourinho, só há dois jogadores que o Benfica tem razão de temer para o jogo do Dragão: o Mc Carthy, que marcou aquele golão na Luz, e o Ricardo Quaresma, que lhes roubou a Supertaça, com outro golaço. Do primeiro já se ocupou o CD da Liga. Do segundo, havendo o mínimo pretexto, alguém se vai ocupar daqui até lá: ou o árbitro do Restelo, no próximo sábado, ou o CD, posteriormente.
4- E esta triste versão do FC Porto pós-Mourinho também não merece o 1.º lugar que ocupa, de parceria com mais três (como vêem, a clubite não me cega...). Este domingo, bastaram-me os dois primeiros minutos de jogo contra o Guimarães (gastos com a bola a circular entre os centrais, os laterais e os trincos, jogando para trás, sem pressas, sem ideias e a medo), para confirmar que estamos perante o pior FC Porto desde há muito tempo. E, para além dos erros de «casting » com os treinadores, a grande razão do insucesso é que a equipe, pura e simplesmente, não presta. Dos quatorze jogadores(!) comprados esta época, apenas um —o Ricardo Quaresma—tem valor para a equipa. Todos os outros não caberiam em nenhuma equipe até ao 8.º lugar da SuperLiga. O Fabiano, o Diego, o Postiga, o Leo Lima, o Leandro, o Cláudio P., o Raul Meireles, etc. etc., são tudo jogadores para esquecer, sendo que não podem ser despedidos e o seu destino natural é transformarem-se num encargo sem retorno para o clube nos próximos três ou quatro anos. Os ditos «empresários», que sempre voltearam à roda do F C Porto, sobretudo quando lhes cheira a dinheiro fresco, devem ter-se fartado de facturar este ano. Mas o clube está tramado: gastou uma fortuna a renovar a equipa e falhou em toda a linha. E, de cada vez que tentou emendar a mão, foi pior a asneira. Dá que pensar que o F C Porto não se tenha lembrado de ir buscar o Nuno Assis ou o Jorginho, que estavam ali à espera de quem lhes deitasse a mão, e que se tenha lembrado de deitar fora o Carlos Alberto e o Rossato e de emprestar o Hugo Almeida ao Boavista, para se atestar de brasileiros sem categoria nem espírito de combatividade. Se os nossos adversários tivessem congeminado a maneira de liquidar a grande equipa que o F C Porto tinha, não teriam conseguido melhor."
(Miguel Sousa Tavares in Nortada 15/02/2005)
Subscrevo integralmente!
Led
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sábado, 19 de fevereiro de 2005

Discografia completa dos Mogwai


9 anos de grandes músicas...

TUNER/LOWER (1996)
· tuner
· lower

ANGELS VS ALIENS (1996)
· angels vs aliens

SUMMER [DEMO] (1996)
· summer [demo]

SUMMER/ITHICA 27O9 (1996)
· summer
· ithica 27-9

TEN RAPID (COLLECTED RECORDINGS 1996-1997) (1997)
· summer
· new paths to helicon, part 2
· angels vs aliens
· i am not batman
· tuner
· ithica 27-9
· a place for parks
· new paths to helicon, part 1
· end

NEW PATHS TO HELICON, PARTS 1 & 2 (1997)
· new paths to helicon, part 1
· new paths to helicon, part 2

4 SATIN EP (1997)
· superheroes of bmx
· now you're taken
· stereo dee
· guardians of space

YOUNG TEAM (1997)
· yes! i am a long way from home
· like herod
· katrien
· radar maker
· tracy
· summer [priority version]
· with portfolio
· r u still in 2 it?
· a cheery wave from stranded youngsters
· mogwai fear satan

CLUB BEATROOT, PART 4 (1997)
· stereo dee (live)

DO THE ROCK BOOGALOO (1998)
· sweet leaf

KICKING A DEAD PIG ( Mogwai songs remixed + Fear Satan Remixes) (1998)
· like herod [remix by hood]
· helicon 2 [remix by max tundra]
· summer [remix by klute]
· 'gwai on 45' [remix by arab strap]
· a cheery wave from stranded youngsters [remix by third eye foundation]
· like herod [remix by alec empire]
· mogwai fear satan [remix by surgeon]
· r u still in 2 it? [remix by dj q]
· tracy [remix by kid loco]
· mogwai fear satan [remix by mogwai]

NO EDUCATION = NO FUTURE ( FUCK THE CURFEW) EP (1998)
· xmas steps
· rollerball
· helps both ways
· small children in the background

COME ON DIE YOUNG (1999)
· punk rock:
· cody
· helps both ways
· year 2000 non-compliant cardia
· kappa
· waltz for aidan
· may nothing but happiness come through your door
· oh! how the dogs stack up
· ex-cowboy
· chocky
· christmas steps
· punk rock/puff daddy/ANTICHRIST

MOGWAI EP (1999)
· stanley kubrick
· christmas song
· burn girl prom queen
· rage:man

EP+6 (2000)
· stanley kubrick
· christmas song
· burn girl prom queen
· rage:man
· xmas steps
· rollerball
· small children in the background
· superheroes of bmx
· now you're taken
· stereo dee

MY FATHER MY KING EP (2001)
· my father, my king
· you don't know jesus (live) ( Japan Bonus track)
· helicon 1 (live) ( Japan bonus track)

TRAVELS IN CONSTANTS EP (2001)
· untitled
· quiet stereo dee
· arundel (papa m cover version)

ROCK ACTION (2001)
· sine wave
· take me somewhere nice
· o I sleep
· dial:revenge (vocals from gruff rhys)
· you don't know jesus
· robot chant
· 2 rights make 1 wrong
· secret pint
· untitled (japan-only)
· close encounters (japan/brazil only)

HAPPY SONGS FOR HAPPY PEOPLE (2003)
· hunted by a freak
· moses? i amn't
· kids will be skeletons
· killing all the flies
· boring machines disturbs sleep
· ratts of the capital
· golden porsche
· i know you are but what am i?
· stop coming to my house
· sad dc (japan-only bonus track in same album with different name's HAPPY MUSIC FOR HAPPY PEOPLE )

GOVERNMENT COMMISSIONS : BBC SESSIONS 1996-2003 alternate studio recordings of Mogwai's 'greatest hits.' (2005)
· hunted by a freak
· r u still in 2 it?
· new paths to helicon, part 2
· kappa
· cody
· like herod
· secret pint
· superheroes of bmx
· new paths to helicon, part 1
· stop coming to my house

---------> Single/SP (Short-Play)

---------> EP (Extended-Play)

---------> Album/LP (Long-Play)

Led
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GOVERNMENT COMMISSIONS : BBC SESSIONS 1996-2003


“Over the past 8 years, Mogwai have recorded 5 sessions for the legendary BBC John Peel and Steve Lamacq shows. This handsome CD packages all of them for the serious Mogwai fan. In gorgeous sound quality, Government Commissions provides alternate studio recordings of Mogwai’s ‘greatest hits.’ RELEASE: FEB 22”
Led

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O Voto em Portugal


Espero apenas que todos vocês, inúmeros leitores deste valioso blog de informação, estejam conscientes que a decisão que irão tomar dia 20 terá um profundo impacto na gestão do nosso país a começar dia 21...espero que sejam honestos convosco próprios e sejam livres nas vossas decisões sejam elas quais forem. A minha opinião é que é necessário estabilidade e invulnerabilidade para fazer revogar leis e reformular toda a nossa constituição. Confiarei apenas na pessoa e no programa que apresenta e espero que o meu voto possa contribuir para uma mudança no nosso país a todos os níveis. Acredito que neste momento é necessário dar os meios aos políticos que acredito para que possam fazer essa reviravolta que todos esperamos. Acredito que só uma maioria absoluta (e não uma coligação ou acordos vulneráveis entre dois partidos de universos diferentes) poderá fazer a diferença para que os programas n sejam esquecidos e para que não caiemos novamente num abismo pantanoso que a maioria relativa trouxe da ultima vez. Acredito que as oposições não vão facilitar e vão fazer tudo para ver derrubar o próximo governo com um riso malicioso nos lábios, tudo em prol clichés de ideais e argumentos vazios ( a oposição pela oposição sem regras nem comedimentos) e não pelo bem estar do nosso país.
Pensem bem e decidam bem mas, acima de tudo, votem pela qualidade política que já há muito anda desaparecida pelo nosso universo político. Chega de actores, chega de gozões, cínicos, comediantes, estrelas do Jet7, vitimizações e falsos moralismos...é tempo da mudança regressar pela nossa mão!
Bem haja!
Bom voto.
Led
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Os impopulares populistas sonham alto...


Acho que não precisam de pensar muito dia 20 antes de votarem, hein?
Led
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Querem mais do mesmo??


UM RETRATO DO PODER:
GOZO, PREOCUPAÇÃO, AMBIÇÃO/ARROGÂNCIA
Esta fotografia de António Pedro Ferreira,publicada no Expresso é o melhor retrato do poder que temos. Tudo está certo, tudo bate certo...
Led
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

O Herói-Imbecil


Deixei passar algum tempo sobre os episódios Santana / Pôncio Monteiro / Rui Rio com o intuito de tentar perceber as razões que levaram a que Rui Rio saísse dessa palhaçada, mesmo entre os seus adversários de partido, como herói da integridade, do "rigor" e da honestidade intelectual.
Cheguei à conclusão que a falácia da "promiscuidade" dá votos e levanta paixões entre os da "promiscuidade" e os "anti-promiscuidade".
Que promiscuidade? A que existe entre a política e o futebol e vice-versa? Não me parece, é que a bandeira dessa luta contra a "promiscuidade" mais não foi, nem é, que uma aziaga contra Pinto da Costa e contra o F. C. do Porto! Se assim não fosse como compreender a colagem de Rui Rio a Valentim Loureiro durante a campanha eleitoral, incentivando a candidatura do filho Loureiro ( recentemente considerado arguido no Caso Apito Dourado) à distrital do PSD do Porto (que correu mal, aparecendo um tal de Marco António à pressa), o apoio a Valentim Loureiro à Presidência da Área Metropolitana do Porto e o apoio a Valentim Loureiro para administrador do Metro do Porto, do qual viria a ser o nº 2, do qual agora é o seu directo substituto?
A operação "apito dourado" que juntou no mesmo processo o Major e filho e Pinto da Costa evidencia que a cruzada de Rui Rio não se prende com nenhuma luta contra a promiscuidade, mas sim com um ódio cego ao F. C. do Porto, qualidade que lhe assegura tantos adeptos por este país fora!
Se o afastamento de Pôncio Monteiro na lista do PSD do Porto tivesse sido norteada por critérios de honestidade intelectual então Rui Rio nunca poderia ter aceite José Raul dos Santos em lugar elegível! Escolher entre um advogado reputado (mesmo portista fanático) e um autarca que tem a sua Câmara em situação de quase falência e uma conduta partidária muito conturbada na distrital de Beja ( mais um pára-quedista!) não me parece nada difícil!
Será que alguém se lembraria de falar dessa tal de "promiscuidade" no idêntico caso de Fernando Seara como cabeça de lista por Sintra? Não, pois não, seria ridículo!
Já no período de debate da conferência "Olhares Cruzados sobre o Porto II", promovidos pela Universidade Católica e pelo jornal "Público", o presidente da Associação Comercial da cidade, Rui Moreira, questionou Rui Rio sobre uma eventual "contradição" no seu discurso. "Como é que considera a marca Porto tão importante e depois desqualifica o fenómeno do futebol?"A resposta surgiu poucos minutos depois, arrancando algum descontentamento da plateia. "Não quero falar de futebol, até por decoro face ao actual momento, mas acho que a prática me tem vindo a dar razão. Já tinha ouvido falar no Bernard Tapie e no Gil y Gil...", disse o autarca, de uma forma enigmática, deixando no ar a suspeita. Rui Moreira não ficou satisfeito com a afirmação e abandonou a sala momentos depois. "A resposta foi despropositada e demagógica", comentou o presidente da Associação Comercial do Porto. Que diz não ter ficado surpreendido porque acha que Rui Rio "não é capaz de compreender o contributo do futebol (FCP, no caso) para a marca da cidade". E recomendou cautela, também de forma enigmática "O presidente da Câmara devia recordar-se que todos os escândalos em Portugal têm envolvido políticos, por isso devia evitar mandar pedras". Como exemplo, o chefe de gabinete do presidente da Câmara do Porto, Manuel Teixeira, tem um vencimento que é mais do dobro do que está legalmente previsto para o cargo, sendo até superior ao do Presidente da República e praticamente o dobro do ordenado base do próprio presidente da autarquia, o social-democrata Rui Rio....... já que o próprio Rui Rio desde sempre assumiu um discurso de moralização dos gastos públicos e de férreo controle de despesas, para onde vai aquela imagem de coerência e insenção que o próprio autarca vende publicamente nos meios de comunicação centrais?
Desagradado com as palavras do autarca na conferência, Rui Moreira saiu do auditório da Universidade Católica antes do final da conferência. "Rui Rio aproveitou o debate para fazer um comício de pré-campanha eleitoral. Não abordou o tema que lhe tinha sido apresentado, apesar de ter estado particularmente bem durante a sessão de esclarecimentos. Mas quando me apercebi que estava num comício achei por bem vir embora. Sempre é melhor dormir do que estar num comício..."
Na resposta às palavras demagógicas de Rui Rio, Pinto da Costa, colando-se ao PS, prometeu uma luta (liderada ou não por ele) contra Rui Rio, nas legislativas e autárquicas. Tudo isto é triste, tudo isto é fado, porque, infelizmente, nos dias que correm já pouco resta do Rui Rio do Toto-Negócio. Rui Rio é, por estes dias, um político cinzentão e realmente demagógico, parte integrante do sistema. Associou-se sem qualquer pudor a Valentim Loureiro (ficava-lhe bem, mas com limites, estar grato por ter tido condições para concorrer à Câmara do Porto) na sua cruzada cega contra Menezes, não percebendo o óbvio - acabou transformado num Menezes de sinal contrário, facto que o célebre abraço entre os dois demonstrou à exaustão. E, sobretudo, esqueceu algumas coisas básicas que tão bem soube no passado, como que às vezes é preferível perder para se ganhar (ou manter a alma). Agora, e sem qualquer espécie de decência, associou Pinto da Costa a Tapie e Gil y Gil por causa do Apito, mas é esse mesmo Apito que já ouviu o Major e João Loureiro, e já foi ao Metro e até à Câmara do Porto, que também está incontornavelmente associado a ele. Não consta que tenha sido Pinto da Costa que tenha mantido o Major no Metro do Porto, ou na Junta Metropolitana - foi antes Rui Rio. O drama, o grande drama, é a dualidade de critérios. Rui Rio não pode à segunda, quarta e sexta clamar contra o FCP e contra a promiscuidade política/bola e às terças, quintas e sábados andar literalmente com o Major e o João Loureiro ao colo. Ou melhor, poder pode mas não devia. O problema é político e um de coerência, simplesmente. Talvez a julgar que sobrevivia, Rui Rio suicidou-se politicamente, talvez seja essa a solução para se manter mais uns anos à tona.
Devo dizer que, pessoalmente, apesar de ser simpatizante socialista fiquei na altura deveras satisfeito com a vitória de Rui Rio pela câmara do Porto. Pensei que tinha chegado a altura de uma mudança saudável na cidade e a chegada de um político realmente imparcial e focado únicamente nos interesses e problemas dos cidadãos da cidade do Porto. Mas enganei-me bem eu e os portistas! Desde as eleições em que, de forma surpreendente, derrotou o candidato socialista apontado até ao fim como favorito, Fernando Gomes, Rui Rio tem vindo a tomar medidas que vão do impopular ao incompreensível, conseguindo a proeza de desagradar a todos, incluindo àqueles que nele votaram. Para ganhar projecção à custa do principal emblema da cidade, Rui Rio tudo fez para prejudicar o FCP e o Presidente Pinto da Costa, que pessoalmente tinha apoiado um concorrente seu. Rui Rio afronta Pinto da Costa por calculismo político. Da mesma forma que Fernando Gomes foi queimado em Lisboa por ser amigo de PC ,Rio é adorado por o afrontar.. Mas no Porto a obra de Gomes é conhecida ( Parque da Cidade, Porto Capital da Cultura,Centro Histórico a Património Mundial, Lançamento do Metro, Habitação Social). Já Rio , que obra fez ? O Porto perdeu centralidade, visibilidade, estratégia, credibilidade ( já nem digo beleza porque a cidade está toda aos buracos!). As assimetrias e desigualdades sociais agravaram-se e o desemprego atinge níveis recorde no distrito do Porto (11%!) e na própria cidade (13%!).
Depois de divergências com os adeptos e dirigentes do Futebol Clube do Porto, com as pessoas que apreciam fogo de artifício, com os arrumadores de automóveis, com o pianista Pedro Burmester e o músico Pedro Abrunhosa ( e com os músicos do Porto em geral), com o grupo "El Corte Inglés", com autarcas do próprio partido, com a cidade de Vila Nova de Gaia e com mais alguns grupos socio-económicos, acho que seria coerente com a sua estratégia de agradar a todos os anti-Portistas por esse país fora cortar relações com o resto dos portuenses até ao final do mandato!
Resta-me apenas desejar que o tempo passe depressa até que venham as autárquicas para que o Dr. Rui Rio perceba de uma vez que os interessados e juízes finais serão sempre os cidadãos do Porto, as únicas vítimas deste jogo de interesses e de clichés políticos vazios de conteúdo!
Led

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

Da Liberdade

Antes que a ideia de Deus esmagasse os homens, antes dos autos de fé, das perseguições religiosas da Inquisição e do fundamentalismo islâmico, o Mediterrâneo inventou a arte de viver. Os homens viviam livres dos castigos de Deus e das ameaças dos Profetas: na barca da morte até à outra vida, como acreditavam os egípcios. E os deuses eram, em vida dos homens, apenas a celebração de cada coisa: a caça, a pesca, o vinho, a agricultura, o amor. Os deuses encarnavam a festa e a alegria da vida e não o terror da morte. Antes da queda de Granada, antes das fogueiras da Inquisição, antes dos massacres da Argélia, o Mediterrâneo ergueu uma civilização fundada na celebração da vida, na beleza de todas as coisas e na tolerância dos que sabem que, seja qual for o Deus que reclame a nossa vida morta, o resto é nosso e pertence-nos – por uma única, breve e intensa passagem. É a isso que chamamos liberdade – a grande herança do mundo do Mediterrâneo.
(...) Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.