Noite quieta. Silêncio. Um cão ladra ao longe ao mistério da cúpula sideral. E ao alto, sempre, ressoando a legenda de horizontes, o murmúrio do vento. Senti-lo de novo na face, recriá-lo de novo. O que me transmigra à imaginação em imagens, ideias, farrapos, esboços de uma memória longínqua irreal que nunca aconteceu para ter um propósito de acontecimento. Um eco que se estende para o passado até onde já se não ouve nem vê, se confunde no silêncio e na neblina do sem fim da memória desta noite. O encantamento é isso - escutar e ver para lá do que se vê e escuta e pressentir o anúncio do enigma e da interrogação que emerge de uma comoção profunda irreal e indecifrável. O olhar deslumbrado das coisas. Se eu soubesse a palavra, a inaudível, a que para sempre longínqua, a que nem os sucedâneos de deuses, a derradeira, e pudesse depois ficar em silêncio para sempre...
Existo.Led
Como eu, "existo", nem que padeça de olhos fechados, mesmo sabendo das minhas obrigações as quais devem ser feitas de olhos abertos.
ResponderEliminar:)
Hugzz!
Vivemos de olhos fechados e o mais triste é uma espécie de conluio maquinal e generalizado para que assim permaneçamos e deslembramos o que existe de extraordinário e misterioso no simples estar-se vivo. È um cliché dizer-se isto e as palavras são como pedras, mas é forçoso que realmente integremos essa verdade tão fulgurosa e íntima, a da evidência da vida em face do absurdo da morte. A verdade da nossa revelação.
ResponderEliminarAbraço.