“Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.”
em "O Livro do Desassossego" - Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.
Ser um moralista por falta de coragem. Ter o horizonte curto por precaução. Andar à procura da primeira ideia que lhe sirva como um farrapo pelos caixotes do lixo. Uma forma de um medíocre convencido a imitar a grandeza de espírito é não criticar nada nem ninguém e regressar carimbado na fronte como algo a imitar pelos inferiores de espírito que lhe advenham. Qualquer um o impressiona logo que entre no seu código. Mas não te julgues superior ou inferior, julga-te só quem és se algum dia o chegares a saber. Defende essa ideia com unhas e dentes e depois é aguentar a arrochada. Então serás feliz na única dimensão da felicidade que é a de te saberes e ficares sereno com o que escolheste. Porque o inferior e o superior não são tua propriedade mas dos outros, ou seja, da relação de humilhação que estabeleceste perante eles. Mas não te humilhes. Sê homem.
Led
Bem dito, sim senhor. Não anda o Mundo cheio de Patrões como o Vasques? Tudo manda e tudo critica, mas ninguém vê nisso a inferioridade. Se calhar nunca ter razão, dizê-lo e sabê-lo bem, é mesmo o melhor de tudo, porque requer coragem e não impressiona ninguém...
ResponderEliminar... mas não se lê também pelo dito “desassossego” que o mal desta gente é o de não sentir? Se calhar, se não fosse pelos olhos que vissem o Mundo, saberiam que não há erro que não dê um dia razão...
Beijinhos :)
Fica bem!
Toda a certeza segura e persuasiva cria logo apóstolos e seguidores. Ainda que estereotipável e trivial. É o que impressiona e cria reputação, o tom vivaço e dominador. Porque o que conquista realmente no furor das certezas, não é a verdade da sua certeza mas a certeza do seu furor. E essa se torna verdade. E as verdades fazem a história do mundo. Mas o mundo que há em nós é infinitamente mais vasto do que o mundo das verdades adquiridas e proclamadas ao ouvido fácil. Mas morre-se quase sempre e para sempre sem o ter percorrido. Por receio do oculto de nós e abnegação comodista. Habituamo-nos há muito a ver pelos olhos dos outros. E assim é mais fácil. Ou não vivêssemos nós no paradigma do facilitismo.
ResponderEliminarMas isso já nós o sabemos,mas não o compreendemos. Espero que aceites o que te digo!:)
Bjitos e boas férias