segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Muse - Pavilhão Atlântico (29-11-09)

Sem grandes surpresas (excepção seja feita à “MK ultra” e ao momento pós-rock de um dos lados-B do single “Unintended” denominado “Nishe”), a setlist da noite anterior:

00. We Are The Universe Intro
01. Uprising
02. Resistance
03. New Born + Head Up riff (Deftones cover)
04. Map of the Problematique
05. Supermassive Black Hole
06. MK ultra
07. Interlude
08. Hysteria
09. Nishe
10. United States of Eurasia
11. Feeling Good
12. Guiding Light
13. Helsinki Jam (Dom e Chris)
14. Keyboard intro + Undisclosed Desires
15. Starlight
16. Plug In Baby
17. Guitar Intro + Time Is Running Out
18. Unnatural Selection

Encore:

19. Exogenesis: Symphony Part I (Overture)
20. Stockholm Syndrome + riff
21. Harmonica Man intro
22. Knights of Cydonia

Faltou o jogo de luzes a funcionar decentemente na “Exogenesis” e nada mais a reportar que não mais uma prestação imaculada do trio de Devon ( e outra da banda de suporte, Biffy Clyro). Talvez demasiado imaculada? É certo que sempre me fez alguma impressão algum excesso de zelo e encenação na produção de concertos. Existe sempre o risco de a coisa se tornar demasiado impessoal e mecanicista, o que até seria uma ironia tendo em conta os temas recorrentes de “revolta contra o sistema” nos quais se tem versado a banda nos 2 últimos álbuns. Mas a verdade é que um concerto de Muse é hoje, mais do que tudo, um grandioso espectáculo que balanceia equilibrada e detalhadamente a música com movimentos psicadélicos de luzes coloridas, imagens em múltiplos ecrãs que envolvem gigantes torres-plataformas móveis, lasers e balões repletos de tiras douradas. Os temas são reproduzidos freneticamente e sem falhas, com as interrupções necessárias para as palmas e outras demonstrações de veneração. Goste-se ou não se goste, os Muse são hoje indubitavelmente uma banda de massas. Estão feitos à imagem de uns Queen, U2 ou Pink Floyd. Estão mais marketizados, mais cintilantes e vanguardistas, mais empenhados no conceito de concerto-espectáculo. Contudo, e ao contrário do que afirmei aqui para Coldplay há uns tempos (também no Atlântico), os Muse são tremendamente eficazes na mensagem e não irritam pela previsibilidade. A verdade é que o assombro sensorial é tão vertiginoso e hipnotizante que instantaneamente o pirronismo dos mais teimosos e acautelados (como eu) é avassalado pelo incrível virtuosismo de todo o panorama sensitivo. À força das evidências que só se alcançam ao vivo, rapidamente todo o cepticismo se varre mal entram em cena os acordes ritmados da “Uprising”. De resto, eles falam muito pouco, não repetem banalidades, deixando uma impressionante máquina bem oleada de rock tomar conta do resto. Os Muse são hoje uma banda de dimensões galácticas e é compreensível a necessidade de uniformizar os concertos para que todos os fãs tenham direito ao melhor. Os Muse são hoje gigantes.

Em suma, um espectáculo verdadeiramente deslumbrante. E como dizia alguém, depois de tantas esperas e expectativas, vai ser difícil resgatar a rotina depois deste domingo passado.Talvez tendo como pensamento que, conforme disse o Dom no final do concerto, eles regressarão já no próximo ano a Portugal. Se em parceria com os U2 ou se em algum festival de Verão, logo se verá.
A vida segue dentro de momentos...

Os meus temas da noite: Uprising; Hysteria; Feeling Good; Unnatural Selection; Exogenesis; Stockholm Syndrome.

Foi assim…
Feeling Good (live Lisbon, 29-11-09)

Led (
e pelos vistos atingiu-se o record de canções tocadas em PT, 21!;))

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

6 (+ 14) canções para o fim-de-semana

Guten Abend, Berlin!

00 - We Are The Universe, Absorbing itself, Destroying Itself (intro)
01 - Uprising
02 - Map of the Problematique
03 - Supermassive Black Hole
04 - Resistance
05 - Interlude
06 - Hysteria
07 - New Born + Headup riff (Deftones cover)
08 - Cave (Piano version)
09 - Popcorn (Hot Butter cover)
10 - United States of Eurasia
11 - Starlight
12 - Keyboard Intro
13 - Undisclosed Desires
14 - Time Is Running Out
15 - Unnatural Selection
Encore
16 - Stockholm Syndrome

17 - Plug In Baby
18 - Harmonica Man (Ennio Morricone cover)
19 - Knights of Cydonia
20 - Exogenesis : Symphony Part 1 (Overture) (Bonus track, Berlin 29-10-09)


P.S. Caso alguma canção ofereça problemas na audição através do leitor do blog (ex. lentidão, intermitência) : " salvar como" ou "abrir numa nova janela".

And use your headphones!

Led

Estatísticas de uma banda em Portugal


1) 23 de Agosto 2000 - Ilha do Ermal (Minho); Showbiz tour - 9 canções tocadas.
Inesquecível.
2) 19 de Abril 2002 - Hard Club (Porto); Origin of Symmetry tour - 15 canções tocadas.
Razoável.
3) 21 de Abril 2002 - Aula Magna (Lisboa); Origin of Symmetry tour - 15 canções tocadas.
O melhor.
4) 4 de Agosto de 2002* - Festival Sudoeste (Zambujeira); Origin of Symmetry tour - 15 canções tocadas.
Fui... mas coiso, não me lembro bem.;)
5) 9 de Junho 2004 - Festival Superbock (Lisboa); Absolution tour - 12 canções tocadas.
Não vi.
6) 26 de Outubro 2006 - Campo Pequeno (Lisboa); Black Holes...tour - 19 canções tocadas.
Colossal.
7) 6 de Junho 2008 - Rock In Rio (Lisboa); Out-tour - 12 canções tocadas.
Não vi.

8) 29 de Novembro 2009 - Pavilhão Atlântico (Lisboa) ; The Resistance tour - ?

* Obrigado pela lembrança, Jo.;)

Led (Freitas Lobo)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

I promise you to blow it all away

Led

Mas será mesmo algo assim

Source : MuseWiki; Muselive; Muse.PT

Led

Carta Aberta aos senhores Muse

Excelentíssimos senhores Muse:

Tendo eu tomado conhecimento há quase uma década da vossa assombrosa capacidade de resistirem durante longos períodos de tempo tocando ao vivo sem interrupções como que possuídos de um frenesi diabólico - conseguido mesmo atingir números de canções executadas que inclusive já ultrapassam a marcante fasquia de vinte e cinco momentos de puro arrebatamento - e esperançado que tendo eu alcançado a ilustre consideração de velho fã que até já vos viu por 5 vezes, gostaria agora de vos apresentar uma humilde sugestão de setlist para o próximo dia 29 que seguidamente exponho no final desta curta missiva. Antes disso apenas desejaria fazer logo aqui a pequena achega que me bastaria um pequeno quarteto de cordas para os temas mais sinfónicos, não sendo por isso (absolutamente) necessário virem acompanhados da filarmónica londrina de 40 músicos que vos auxiliou no último álbum. E sim, eu sei que os 3 distintos músicos a que me reporto nesta modesta epístola são artistas com dons divinos capazes de multiplicar sons e instrumentos e emoções que facilmente imprimem a ideia no incauto ouvinte de estar perante uma orquestra sobrenatural e que preferem fazer sempre tudo sozinhos (ainda que com a ajuda de um quarto cavalheiro sortalhudo chamado de Morgan Nicholls na primeira parcela da Exogenesis quem por vezes têm tocado nesta tournée), mas ainda assim gostaria que fizessem deste concerto em Lisboa a tal experiência sinfónica que andam a prometer aos fãs desde 2004. Depois de atentarem em tão despretensiosa e equilibrada proposta de setlist apenas queria ainda acrescentar que estou confiante que não corro o risco de os tão meus estimados diabretes de Teignmouth me apelidem de “demente espacial” e me mandem para as termas do Lago de Como curar a “megalomania” que normalmente antecede o “apagão”.

Atentamente.

Um vosso fã idiota.
Led

sábado, 21 de novembro de 2009

Out of time


Led

Ressaca

Pip Pip. I'll keep running running running till I'm out of breath. Through the forest in the poorest of directions. Abandonar-me num poço fundo e não pensar. Embalado, alheado e esquecido de mim. Regressar à planície frondosa da imaginação, deitar-me nela, escutar a maresia no remoto oceano da intenção, longe do tumulto da consistência realista, da polvorosa de vozes eriçadas e sempre exclusivas e sempre importantes que nos estilhaçam a alma de brilho ofuscante. Permanecer na margem do flúmen viçoso. Ser marginal. Não por desprezo da norma comum. Não por amoralidade, tristeza, miserabilismo ou abjecção. Mas pelo cansaço plasmado, pela fadiga resultante da imputação de ter de corresponder, exangue tédio derivado da previsibilidade de ter de convir, fina humilhação pela premência coerciva de definição, encolhido pudor de se ser em reciprocidade. Ser apenas do lado da vida em que não passa muita gente. Permanecer no friso esconso da calçada. Solitário transeunte no trem errante da regressão. Dedicado Guarda livros asceta da biblioteca deserta da imaginação. Ser apenas no sereno recato de nós, na curta dimensão de nós. Como as insuladas lágrimas dispersas no areal pelo alto-mar. Não por comodismo, mágoa, falsa modéstia, ressentimento. Não por nada disso ou outras coisas disso, mas só para nos não perdermos de nós, não nos esbanjarmos na invasão da devassidão absorta. Abandonar-me num poço fundo e não pensar. Embalado, alheado e esquecido de mim. A tua palavra é breve, não a prolongues ao que não é. E o teu pensar, o teu sentir, o teu ser. Não os sejas mais do que és. E então talvez aí o sejas sem o seres.

Led

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

6 (+6) canções para o fim-de-semana

Bvdub - Time Will Tell
Deftones - Digital Bath

Jimmy Chamberlin Complex - Lokicat

The Envy Corps -Pip Pip

Youth Group - All This Will Pass

The Search - Woman in the Corner

Cymbals Eat Guitars - Wind Phoenix (proper name)

Fanfarlo - We Only Come Out At Night (live, SP cover)

Laura Gibson - Shadows On Parade

Team Sleep - Elizabeth

Ringo Deathstarr - Summertime

The Cure - If Only Tonight We Could Sleep (live Berlin, 2002)

P.S. Caso alguma canção ofereça problemas na audição através do leitor do blog (ex. lentidão, intermitência) : " salvar como" ou "abrir numa nova janela".

And use your headphones!

And all this shit (sadness, horror, inconceivability, trauma) will pass.

Led

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Fragmentos do exílio

Falareis de nós como de um sonho.
Crepúsculo dourado. Frases calmas.
Gestos vagarosos. Música suave.
Pensamento arguto. Subtis sorrisos.
Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos, e amávamos serena e docemente.

Uma angústia delida, melancólica, sobre ela sonhareis.

E as tempestades, as desordens, gritos,
violência, escárnio, confusão odienta,
primaveras morrendo ignoradas
nas encostas vizinhas, as prisões,
as mortes, o amor vendido,
as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
-apenas uma angústia melancólica,
Sobre a qual sonhareis a idade de oiro.

E, em segredo, saudosos, enlevados,
Falareis de nós – de nós!- como de um sonho.


Jorge de Sena – “Ode para o futuro”, Pedra Filosofal, 1950


Led

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

You don't have to speak



Led

Raskólnikov

“Deus enlouquece primeiro aqueles que pretende destruir.” - Eurípides

Todo o homem acarreta em si a semente da loucura. Como um ardor danado germinando nos infinitos sulcos de uma lucidez volúvel e aparente de bonecas russas. Submersa numa densa nebulosa de confusão e pavor abstracto. Uma raiva surda imprecisa na sua ordem e magnitude. Latente no seu fundo intáctil a qualquer sensatez superficial, como um estranho dentro de si mesmo. A parte besta do homem ocupa, aliás, a maior extensão dele. Entorpecida nas relações quotidianas, despertando quando as circunstâncias a favorecem. E tão fácil foi sempre favorecê-la…Tão ténue essa distância infinitesimal que nos atiça o nosso alarme de desvario animal. Tão fácil para alguns transmutá-la em ódio fulminante. Infinito é assim o ódio em potência do homem mas as circunstâncias e os subterfúgios não são nada… Porque as razões não existem numa dimensão de loucura. Porque nunca houve pretextos habilitados e suficientes que dessem vazão ao ódio. Porque ao princípio sempre foi o ódio e não a razão de odiar. Ou ao princípio é a importância ególatra que o homem se dá a si e todos os pretextos convenientes para a impor sobre os outros.

O homem é um milagre precário, frágil miragem da representação que conserva de si mesmo. Ao mínimo deslize, ele recai nas quatro patas, que é o seu mais pesado destino de besta solitária. Criando ou tirando vida, comparando-se assim ao divino que engendrou para não estar sozinho. A loucura é assim acessível a todo o homem, é do destino de todos que partilham o absurdo de ser. Mas loucos são só os que não regressam dela.

O homem é um prodígio oculto e ilimitado. Para o bem e para o mal. Esse excesso de si a que alguns chamam Deus. Esse deus a que alguns chamam excesso.

Led

sábado, 14 de novembro de 2009

Anymore

Toda a noite uma forte tempestade, com chuva grossa, batida a grandes ventos. E agora, pela madrugada, fortes bátegas, balanceadas a ventania, invadem todo o horizonte. E eu e tu. Longínquo compasso de desejo. Distância entremeada de temor. E as estrelas cruas da aurora a desdizerem com a sua acidez de vidro. E a significação imaginada no incerto vago de todo um mistério. E os aguaceiros pesarosos por sobre isso tudo.


Led

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

War Is Loud



Led

A fórmula do deus do êxtase: drogas, afectos ocultos e limonada

"Ficar acordado até muito tarde esta noite. Apanhando maçãs, fazendo tartes. Colocar uma pequena qualquer coisa na nossa limonada e levá-la connosco. Estamos semi-acordados num império falso. Estamos semi-acordados num império falso. Em bicos de pé pela nossa cidade brilhante. Calçados com os nossos chinelos diamante. Fazendo o nosso ballet gay no gelo. Pássaros azuis nos nossos ombros. Estamos semi-acordados num império falso. Estamos semi-acordados num império falso. Desliga a luz, diz boa noite. Não pensar durante um pouco. Vamos tentar não entender tudo de uma só vez. É difícil seguir-te ao caíres do céu. Estamos semi-acordados num império falso. Estamos semi-acordados num império falso."

The National - "Fake Empire" (tradução idiota)


Led

sábado, 7 de novembro de 2009

Like spinning plates

As grandes doutrinas do pensar, as grandes correntes literárias e artísticas, os grandes ideários políticos e religiosos, valores identitários de qualquer espécie. Tudo progressivamente para o caixote. Restos detritos fragmentos gelatina ideológica inestética. E cá vai - merdas - para manter-me - up to date- com a literatura actual. Tudo passou. Toma então o teu excedente paleolítico na mão e senta-te nos degraus da assembleia ou na respectiva paróquia mais próxima a esburgar os ossos do esqueleto que te é mais conveniente. Num presente narcótico de valores casuais e revolucionários civilizados em civilizadas ousadias, não há passado nem sombra de pecado. Por isso levanta-te, abre os braços, fecha os olhos e repete comigo: Ámen! A vida é assim o valor final e do qual ainda dispomos pagar seja o que for. E é por isso que o suicídio valoriza por extensão o que se houver realizado. E o valor dele é tanto maior quanto os inocentes a que se estende. Os bombistas ensinam-nos o nosso vazio desarmado a toda a hora.

Olho pela janela o grande espaço de cinza que invade todo o horizonte, o mundo transfigurado numa memória de génese. Uma voz de pregador na rádio intromete-se entre os espectros, fala de uma esperança para depois. Que pena ter-se perdido a inocência. Um coro interrompe-o, ergue-se por sobre o desastre, irmana-se à melancolia do céu. Mas de tudo o que olho e escuto, o que alastra em mim e fica em mim é a desolação da chuva lá fora e a imagem que dela se ergue é de um mundo submerso, perdido no silêncio de um falecimento universal.


Led

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

6 (+ 6) canções para o fim-de-semana


Blind Zero - Collapse
NIN - We’re In This Together
UNKLE - Chemistry
Yeah Yeah Yeahs - Heads Will Roll (A-trak remix)
Thom Yorke - And It Rained All Night (Burial remix)
Muse - Unintended (MG remix)
Télépopmusik - Breathe (SirAric Gravity remix)
Miami Horror - Sometimes
Ladyhawke - Magic
Billy Corgan - Walking Shade
Daniel Johns and Paul Mac - Home
Imogen Heap - Hide and Seek

P.S. Caso alguma canção ofereça problemas na audição através do leitor do blog (ex. lentidão, intermitência): " salvar como" ou "abrir numa nova janela".


And use your headphones!

Led

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Fizeram ontem duas décadas que

and...

Led

p.s.: Correcção - parece que saiu mesmo em junho de 89 mas só a 3 de novembro foi certificado com a platina.

Madame Bovary sou eu

Eu não tenho nenhuma coragem, mas procedo como se a tivesse, o que talvez venha dar ao mesmo.” - Gustave Flaubert

Eu tenho o problema inverso. Tenho mesmo muita coragem. Mas procedo como se a não tivesse. Por intrépida cobardia.

Led

domingo, 1 de novembro de 2009

A mágoa é relativa

Afinal, o mais triste nas despedidas é estar a passar “A Baía de Cascais” (Delfins) na rádio e eu a ouvir.

Led