terça-feira, 30 de junho de 2009

I'm all over it



Led

Last Round

A noite que desce. Obscurece-me o espaço das quatro paredes. É a hora de nos dispersarmos de nós, de o domínio de nós nos escapar, de cedermos à fraqueza que é a nossa. É a hora de estarmos desprevenidos. Da redenção espiritual, segundo alguns cultos. Do esconjuro luciferino, segundo outros. De ambos, provavelmente. Imagens vãs, fantasmas do nosso desvario. Multiplicam-se-me no incerto da hora, na irrealidade bruxuleante que separa o dia da noite. Escrevo no desamparo e no alheamento alucinado. Ronda derradeira do que imprevisto me obceca, me transgride de imponderável e fascinante. Não o digo – não o digas. Guarda-o apenas num desvão de ti, no sítio do irrisório e inútil. Mas chega. Fecha a janela. Apaga a luz. Não olhes para trás. Regressa ao homem de ti.

Led

Jogo de sombras

Sintético. Abreviado. Fragmentado. Anti-retórico para sustentar ambiguidade e adicionar poder sugestivo. A norma contemporânea. Easy Digest. Como a caca seca que é sintética e até não cheira mal. Mas. Não. Deixa. De. Ser. Caca.

Led

Genial

A admiração pode ser uma forma de preenchermos a nossa pequenez. Segundo a lei das compensações.

Led

Twitter

Descolar o cu do assento em cova do sofá. E escrever sobre isso.

Led

E amanhã vai chover

O tempo do Eça foi o da bazófia burguesa da segurança científica; o de Pessoa, da descoberta de que tudo é jogo e ilusão; o de Sena e Vergílio Ferreira, da desmistificação de todos os logros ideológicos, da redescoberta do eu e da interminável interrogação desse tudo; o nosso tempo, o do vazio desvelado e consentido.

Led

Laivos de insanidade

Hoje estou megalómano como a urtiga que é pequena mas pica para parecer grande. Segundo a lei das compensações.


Led

Words.They mean nothing.

As tuas palavras. Rabiscos, Gatafunhos, Considerações à margem que enfeitam e enquadram. Como quem vê a vida passar.

Led

Móbil humano

Esquece, erase and rewind. Encalhado à espera da maré. A convulsão do mundo, o desagregar rápido de tudo, o falhanço de todo um projecto nunca projectado e o já não poderes emendá-lo porque só agora o reconheces no balanço, o saber que só serve para se saber que sabes, a propósito e talvez não, a intimação do futuro e a tentação da fuga cénica, o passado e o seu apelo, como os brinquedos que te deslumbravam e tudo, e tudo. Esmurrares o ar até perderes os sentidos. E desceres ao fundo da tua humilhação coriácea. Como um rafeiro espalhado ao sol.


Led

Fissuras na casca

Só se sentia bem junto de quem sofria e julgava inferior. Fingia caridade. Absorvia a tristeza da outra. Ria com condescendência. Por egoísmo. É que a amizade era para si uma concessão e ela era muito ciosa da sua importância. Uma dia a que sofria deixou de sofrer. E a outra continuou medíocre. Era uma vez duas pessoas amigas.

Led

Wash in, wash out

Como é oscilante a qualidade do impacto do que escrevemos. Uma estreita deflexão e é logo o detestável monomaníaco para quem lê. Tudo porque a sua liberdade de não ter de ler disparates é o seu direito inexaurível. Mas como é difícil e reduzido o espaço de manobra, com a tua respiração por cima do meu ombro.

Led

Sempre a meter água

És um poço de orgulho. Sem canais de drenagem.


Led

puro amor do elogio o

A dianteira do amor chama-se conveniência. E a retaguarda ainda mais.

Led

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Da irresponsabilidade

"A Nova Direita juntou-se à velha esquerda e vão alegremente sempre "a rasgar".

O reaccionarismo estava aí latente e voltou em força.

O PSD quer acabar com a escola a tempo inteiro, a colocação dos Professores por 3 anos, o inglês, a informática. Numa palavra: o prestígio da escola pública.

Querem emagrecer o Estado, dispensar os serviços que os privados podem fazer. Abandonar o educação, de caminho a saúde, pelo meio vão as águas, as estradas e a televisão. Claro que a Caixa Geral de Depósitos poderia ser rasgada e fazer mais um fulgurante BCP ou BPN que tão bons resultados deram.

O PSD vai construir um Portugal novo, sempre a rasgar..."

In Ponte Europa


Led

domingo, 28 de junho de 2009

Descartabilidade da indústria musical

"(…) There is a reason bands like Blur and Faith No More and Moby are playing to the massive audiences they are and the bands of now are playing to half interested crowds of people who know they are supposed to be here but aren’t quite sure why they are here and they kinda know some of the words to some of the songs and who shortly need to move on to the next show that they hear they are supposed to be into. I watched this and felt a teensy bit sad inside. I hope this is not a tough read and I apologize if it is but there is a message to all of it… My favorite bands today are album bands. Bands whose records, had I downloaded prior or not, I purchased. The albums that became a part of me through my becoming a part of the album.

(…) The times of the “evil” music Industry are over and the people behind it are all hiding out, losing their hold. You are no longer keeping money from their hands but of the artists behind your favorite songs and albums. The Labels no longer have the power of weighted deals, they bend in our favor now, or better yet (in our place) completely fair. Less people buying records equals less money behind promotion, equals less money behind its release, equals less money behind the tour, equals less opportunities to see your favorite bands. This is coming as a music fan mind you. I am not begging not pleading, simply stating the facts. It is hard for bands like us to do this without help. That is why it is so important to buy music. It doesn’t matter how you get it, from the label, from us on tour, from Amazon, or Itunes. We have put a lot of work into this and want to share it with you. Lets be a part of something again.

(…) Just looking back at our history of touring and shows gradually getting bigger and bigger but still watching sales drop from our low thousands to the lower thousands. It was more frustrating to hear how it leaked seeing as how all the links we had sent out were private and coded. There is a certain level of professionalism that has been lost along with the idea that is the album. To hear about these things happening from the people that should understand music as much as any musician is just heartbreaking. I am happy vinyl is coming back, it needs to. We need to have albums and music. I need to. We love being a part of this. We need to believe in something again. Thank you for everything."


John Gourley, Portugal the Man

Led

sexta-feira, 26 de junho de 2009

6 canções para o fim-de-semana

Silversun Pickups - There's No Secrets This Year
Foge Foge Bandido - Onan o rapaz do presente
Sonic Youth - Anti-Orgasm
Pearl Jam - Come Back (acoustic/live)
Youth Group - Babies In Your Dreams
Ben Gibbard - Thriller (Michael Jackson cover)


P.S: Caso alguma canção dê problemas no leitor do blog: “right click” + “open in a new tab”.



Led

Diz que sim, diz que não, diz que talvez, diz que não sei, diz que depois logo se vê

A direita exulta com os resultados das eleições europeias. Reaprendeu a sorrir. E aí estão eles intumescidos do sangue novo de sempre. Fartos, babosos e contentes. Já sonegaram o défice de 6%, o caos e a incompetência delegada de há 4 anos. Felizes, inchados, louvaminhados. Uns, porque lutam contra a extinção vaticinada e os outros, contra a fragmentação anunciada. Agressivos, belicosos, combativos. O que lhes falta de programas têm-no em excesso de presunção…Não são contra o investimento público. Mas este investimento público é que não! O governo suspendeu os grandes projectos de investimento para depois das legislativas conforme haviam deprecado ao PR durante meses. Ahhh…este governo arrogante e autoritário! Mas a suspensão também é um sinal de debilidade do governo socialista que não tem personalidade. Não são contra o TGV (até porque planeavam 5 linhas). Mas também não são a favor. Não são contra o novo aeroporto internacional. Até porque acham vital ao desenvolvimento do país. Mas também não são a favor porque as condições actuais não são as melhores para projectos vitais...Acham errado tanto despesismo numa altura de crise. O melhor é esperar para ver o que acontece depois da economia congelar definitivamente. Não foram contra a nacionalização do BPN. Mas também acham que a “coisa” foi mal gerida. O BPP foi uma vergonha para o governo! Mas dariam a mesma solução ao caso, embora com melhor retórica. Votaram a favor da lei de financiamento dos partidos. Mas depois do sermão do PR, lá conseguiu o malabarista de serviço Paulo Rangel superstar confessar com um acanhamento de menino admoestado que até nem queriam votar a favor… Coisas da vida! Com a mesma pergunta se desviou Nuno Melo supersuperstar, afagando a cabeleira esplendorosa, que até o PP foi o que gastou menos na campanha e por isso coiso…agora esses marotos das sondagens que não querem ver o partido crescer… (talvez fosse bom porventura fazer uma sondagem extraordinária - pela católica, claro - para ver quantos votantes do PP conseguiram admitir votar PP na sondagem inicial). São a favor de uma austera avaliação dos professores. Mas esta é demasiado dura porque impõe cotas. Mas também não são contra as cotas. Estas é que não. Talvez se lhes dessem outra designação… Lutaram contra a junção das eleições europeias com as autárquicas argumentando que era uma afronta à democracia participativa!! Ahh, este governo arrogante a autoritário! Agora querem as legislativas juntamente com as autárquicas, para facilitar as coisas ao eleitor veranista. Até porque o PR tem misteriosas sondagens que lhe indicam que assim seria muito melhor para a nação. Ninguém sabe que sondagens, que universo estudado, que pergunta foi feita. Não interessa. Agora até a incompetência de Santana Lopes é elevada a exemplo democrático a seguir. Santa desonestidade. Se a estratégia é ambiguidade e demagogia então é assim que deverá ser. Mais do mesmo. Era uma vez uma cigarra laranja que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Certo dia o inverno chegou, e a cigarra começou a tiritar de frio e de medo da solidão. E em seguida, vinda dos nortes gelados e impiedosos, apareceu uma cigarra lamurienta ainda maior. Tinha prometido não cantar durante 1 ano mas não aguentou durante 2 meses até voltar a dar uso às suas cordas vocais, tal era a sua sede de vingança das elites sulistas e liberais. O seu apelido era Menezes...(to be continued)


Led

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tracklist


1. See My Friend
2. Got Some
3. The Fixer (1st single)
4. Johnny Guitar
5. Just Breathe
6. Amongst The Waves
7. Unthought Known
8. Supersonic
9. Speed Of Sound
10. Force Of Nature
11. The End


Source : Bugs mailing list/
Vision magazine


Led

sexta-feira, 19 de junho de 2009

6 (+1) canções para o fim-de-semana


Dark Mean - Frankencottage

Bat for Lashes - Daniel

NIN - The Great Below

Explosions in the Sky - The Birth and Death of the Day

dR. Estranhoamor - Série Z

Gregory Alan Isakov - Master & a Hound

Daniel Lanois - Sonho Dourado


P.S: Caso alguma canção dê problemas no leitor do blog: “right click” + “open in a new tab”.


Led

sexta-feira, 12 de junho de 2009

domingo, 7 de junho de 2009

À boca das urnas

“Como em todas as eleições, todos vencem no final.
O PSD ganhou ao PS.
O PS ganhou às condições de extrema dificuldade em que se encontra.
O BE ganhou ao PCP.
O PCP...ganha sempre.
O CDS ganhou às empresas de sondagens.”

RAP, na Sic notícias

e acrescento, a abstenção ganha à participação.

Led

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Coisas que ninguém tem interesse em saber mas eu conto na mesma

Parece que vou ali uns dias a Braga contar umas mentiras sobre ciência (aka beber finos numa esquina diferente). Volto domingo, é Vital que assim o seja. Um bom resto de semana a todos os compadecidos leitores.


Led

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A culpa

O sol todo o dia rebentando pelas frinchas da persiana. Todo a casa imersa numa empola de calor. E eu. Embrutecido. Estupidificado. Mole dilatado de modorra exausto de inacção. Aparvalhado. Bestificado. E ainda assim, um sentimento ambíguo de leve pacatez e tranquilidade suaviza-me a alma. Abandonado a mim, amnésico, sem preocupações, nem projectos, nem notícias dos que os têm. Não estou. E uma melancolia aérea capaz de inundar o mundo como uma enchente vagarosa e sem ondulação. E sinto-me imensamente culpado por tudo isto.

Led

All in the family

Ontem na televisão, um debate cool e jovem sobre juventudes partidárias; de um lado (do direito, para a coisa estar certa com a ordem natural do universo) e ainda com alguns resquícios visíveis de mais uma noitada na Lux, os betinhos engomados da juventude popular. Os Melistas (eles) e as Caeristas (elas) . Eles, divertidos e satisfeitos, de camisa aberta no peito, assegurando a virilidade da estirpe. Elas, afinadas e plastificadas, de camisa abotoada no peito, asseverando o comedimento da casta. Todos alagados de prazer com a importância súbita com que foram presenteados pela presença na televisão. Pouco falaram de política. Mas isso era o menos. O importante era a etiqueta. Ao centro os carreiristas da JSD e JS, esforçando-se por balizar as parcas diferenças entre as suas famílias Capuleto laranja e Montecchio rosa. No outro extremo, os vaidosos deliberadamente maltrapilhos e estilizados de urbanismo da juventude bloquista, afugentando os indícios nocturnos de mais uma sessão esotérica de humanismo Trotskista fumável numa qualquer cave do bairro alto. “Tipo” “Ya” “ o Sistema” Tás a ver?” Ao lado a circunspecta camarada comuna, ilustre representante e derradeiro epígono do operariado metalúrgico da Marinha Grande, já avançada nos rigorosos treinos siberianos a chicote reaccionário que ensinam o fundamental ódio e aversão a tudo o que mexa. É incrível a imbecilidade com que tantos jovens adultos e supostamente informados enfiam o barrete dos estereotipos e se dão tão bem com eles. A necessidade de anuência no grupo e a vaidade do exibicionismo do seu culto pessoal. Que pena que assim seja. E depois ainda uma pergunta final à consignatária estalinista. E a cachopa, adornada de ganchos e fátuos aprumos, dizia no seu sotaque sibilado de manias que na sua juventude partidária nunca se colocaria o problema de expulsão em caso de desentoação com os textos bíblicos deixados pelo profeta Cunhal, porque ali, assegurou comovida, todos concordam sempre uns com os outros. O medo de se ser livre cria o orgulho de se ser escravo. Li esta frase algures por aí. E pronto. É isso.

Led