segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Mediocridade

Espantam-se às vezes certas pessoas de que um escritor, músico ou grupo medíocre seja normalmente o triunfador do seu tempo. Mas o autor medíocre é que é admirado pelos medíocres facilmente deslumbráveis. E a mediocridade é o que há de melhor distribuído pelos homens. Os medíocres são assim em maior número. E neste caso também o número faz a força. Assim se fazem as convenções do nosso tempo.
Led

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Muse - Campo Pequeno (26/10/06)

Não há muito a dizer para não correr o risco de deturpar a indistinta experiência individual. A recém reconfigurada Praça de Touros do Campo Pequeno estava esgotada (cerca de 7 mil pessoas) e revelou-se um espaço interessante e capaz de rivalizar em certa medida com o atlântico apesar de algumas carências (alguns ecos e perdas de som inconvenientes) em termos de suporte sonoro para concertos de grande envergadura como este. Mas vamos ao concerto em si. Passado o torpor enfadonho dos catalães Poet in Process com o seu seu pop-rock higiénico e pacato, o momento mais que aguardado. A entrada apoteótica do mais famoso trio de Devon, iniciada com um Matthew solitário no piano ensaiando os acordes do tema que principia também o último album. Com “You'll burn in hell for your sins “ chegamos todos ao derradeiro momento de abertura oficial do espectáculo com o apelo para o enlouquecimento rítmico da bateria de Dominic (escondida por detrás de uma cobertura movível) e para o peso majestoso do baixo de Chris. “Pay, You Must Pay, You Must Pay for you’re Crimes against the Earth”, e está feito o mote para o que aí vem a seguir. Pura adrenalina até aos confins do cosmos .
A setlist não trouxe grandes surpresas é certo, dando claro ênfase aos períodos criativos dos dois últimos álbuns ( 8 canções do “Black Holes..”, 5 do “Absolution”, 4 do “Origin of Simmetry” e 2 do “Showbiz") .
Mas havia quem no fim se atrevesse a dizer que o concerto foi curto (1:30, mais coisa menos coisa), o que, apesar de uma evidencia, denuncia uma ignorância audaz se analisarmos com frieza as songlists dos espectáculos anteriores - a verdade é que , mais uma vez bateu-se o record de canções tocadas em comparação aos concertos precedentes da tourné (20 temas contra a média de 15 dos restantes). Mas os Muse sempre foram assim, força sónica, um furacão de adrenalina musical.
Não há tempo para grandes colóquios com a audiência pois o tempo é de imediatismo e urgência . A única excepção foi mesmo a apresentação da “Starlight” em Português e um momento de repouso com “Forced In”, o brilhante tema instrumental a la Mogwai do single Uno.
O resto foi o já se estava à espera de uma das melhores bandas dos últimos 8 anos: a amálgama esquizofrénica de punk, heavy metal e rock progressivo em canções épicas, repletas de orquestrações colossais, bramidos, sussurros, falsetes, distorções e riffs explosivos.
O rock psicadélico até ao limite do universo que entoa ao puro princípio vital de nós, marcando as barreiras da inovação e do engenho tecnológico ao serviço da comoção cantada.
Knights of Cydonia e todo o mundo em uníssono seguindo o montruoso ecrã frontal:
No-one's gonna take me alive
The time has come to make things right
You and I must fight for our rights
You and I must fight to survive
Desfez-se o palco em fumo e neblina, qual D.Sebastião renascido e tudo em nós rendido, extático, arrebatado.
Setlist:
01. Take a Bow
02. Hysteria
03. Map of the Problematique+ Maggie's Farm riff
04. Butterflies and Hurricanes
05. New Born
06. City of Delusion
07. Plug in Baby
08. Forced In
09. Bliss
10. Apocalypse Please
11. Hoodoo
12. Invincible
13. Supermassive Black Hole
14. Starlight
15. Time is Running Out
16. Stockholm Syndrome
Encore:
17. Citizen Erased
18. Muscle Museum
19. I Want To Break Free (Riff)
20. Knights of Cydonia
Temas da noite: Hysteria, Map of the Problematique, Forced In, Starlight, Stockholm Syndrome, Knights of Cydonia
Led

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

I'm going to the moon


Bye June. E uma plenitude instantânea entra em mim e entontece-me de uma comoção de outrora. Inclino o ouvido ao aviso que vem da balada recuperada de não sei donde, ouço-a intensamente até ela se abrir e eu penetrar nela. Inclino o ouvido em humildade e não entendo. A escorrência de mim nesta transfusão absurda de realidades.. Tanta coisa me comoveu. Já mal as sei. No avivar da brasa morta, apagada em cinza, na reinvenção de si, no retomar desde o início o que se gastou. E nada em mim lhe pode responder e exprimir senão uma auréola de sorriso que não chega à superfície. Devia haver uma verdade humana para este apelo do incerto que me cerca e me comove de prazer triste. Uma verdade registada e assentada para comodidade do fraco do olvido. Porque o que me faz sucumbir à profunda melancolia não tem razão se a houver. Uma verdade universal que autenticasse e tomasse em si este encantamento fleumático que se constrói na lembrança fulgurosa que me quebra até ao intangível. E o vazio de mim é aí que deve estar, nesse esquecimento, nessa massa de verdade morta como se fosse morta, nessa inutilidade do que soube e me fez e me faz vibrar e me recupera tudo o que sou.. Uma verdade que transcendesse sobre mim e me reconhecesse em força e certeza e harmonia universal...Recolhida. Leve. Doce. Do fim. Bye June.
I'm wishing you're there too
Led

Censura no Irão

“Damn those Portuguese! They should know how to cover themselves up. Let’s do it for them!”

Link1
Link2
Link3


Led

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan

Borat's Guide to Kazakhstan:

My name is Borat, I like you ! I like sex! Is nice!


Fuckin’ brilliant!:)

Led (Naughty, naughty!)

Verdade em nós

Lenine disse uma dia que a verdade é revolucionária. Mas se a verdade é a revolução, a revolução não é verdade. Porque se o fosse, estaria bem tramada.
Não há uma verdade em si. Há uma verdade em nós. Tudo o mais não interessa.
Imaginemos que toda a gente tinha a mesma política, religião,clube de futebol etc. Nem por isso se viveria mais em paz. Porque logo se descobririam diferenças naquilo que a todos unia. E paralelamente surgiriam as discordâncias, invejas e ódios subsequentes. Porque não é a ideologia que no fim de contas divide. A ideologia é apenas um bom pretexto. O que nos divide é a importância da nossa pessoa e o grupo extensivo a que nos recolhemos. O que nos divide é a individualidade que não tem misturas ou só as tem com quem prolongar a pessoa que somos.
Led

sábado, 21 de outubro de 2006

Entardece devagar

Dia exânime de Outubro, pacificação mortal de Outono. A tarde morre para lá da janela do escritório. O céu escurece denso de chuva e o vale em frente imobiliza-se na sua melancolia para o nunca mais. E toda a aventura fantástica da vida se me afigura neste findar breve de um dia, que morre naturalmente sem a mais leve perturbação do universo. E ser levado calmamente no envolvimento da noite que aí vem. Tenho ainda a energia do pensar, o que é bom. Quando nem sequer eu pensasse é que o abandono seria inteiro. Mas então não o saberia nem portanto o diria.
Led

The Killers - Sam's Town



"Sam's Town", o último disco dos The Killers não é um bom album, conviemos. Mas também não é um péssimo album pois tem momentos honestamente razoáveis. A melhor prova disso é exactamente este tema - “Read My Mind”- que eu considero ser mesmo o ponto alto do album.

E a esta acrescentam-se outras canções medianamente aprazíveis como "Sam’s Town”, o single “When You Were Young” , “Bling (Confessions of a King) “,“For Reasons Unknwon” ou ainda o tema bónus “ All The Pretty Faces”. Já deve ter sido dito mas não há mal em repetir: o disco banal é o que perder à segunda audição; um bom disco é o que ganha.
Mas os julgadores da sensibilidade melódica, tão cheios de si e tão certos da sua vaidade cheia de legitimidade, chegam mesmo a condenar o album à categoria de cepo, calhau a evitar. Com muito escárnio e muito gozo, para inglês ver e embevecer. Corta o disco ao meio, queima-o e deita as cinzas na lixeira. O juiz decidiu, está decidido portanto. Abraçando com fascínio o hype mainstream da cultura e do chique musical, a review do Y da semana passada, no melhor estilo caustico Pitchforkiano, é tão ridícula pelo excesso de basófia intelectualóide, que em mim teve imediatamente um efeito avesso: esforçar-me por gostar do album. Classificar um album dando-lhe 1 valor em 10 é de uma imbecilidade profunda. Ou excesso de presunção. De qualquer maneira, mesquinha e parvónia.
Led

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Uma questão de fé e vontade

O FCPorto, a quem a derrota ou empate significariam o fim de qualquer ilusão de apuramento e só a vitória poderia rigorosamente interessar, ainda que por si só não seja uma garantia de sucesso mas apenas a possibilidade de continuar na luta pelo segundo lugar, cumpriu com naturalidade aquilo que se lhe pedia.
O empate inicial contra o CSKA soou como uma premonição de fracasso e, a partir daí, a equipa ficou obrigada a correr atrás do prejuízo, não desperdiçando mais pontos em casa e a tentar conquistar fora os que perdeu na primeira jornada. Foi o que fez com eficácia. Quatro golos, uma vitória justíssima e uma exibição quanto baste.
Excepção feita à desastrosa arbitragem evidenciada em campo, ...um pénalti não marcado perante o derrube de Quaresma...o golo anulado ao Hamburgo...a expulsão por acumulação de cartões perdoada a Ljuboja e o golo de Postiga em fora-de-jogo...; esteve-se sem qualquer dúvida perante a melhor exibição desta época.
Não porque a vitória gorda seja reflexo exacto do que se passou nos 90 minutos. Não porque os sinais negativos tenham desaparecido, pois a insegurança na zona médio-defensiva, onde mais que frequentemente surgem jogadores em posição frontal completamente livres para rematar e cabecear deveriam servir de aviso a Jesualdo de que os erros defensivos continuam a repetir-se sem uma solução imediata à vista. Não porque não reconheça que tivemos os pontilhados de sorte em momentos cirúrgicos que faltaram no jogo com o CSKA ou admita que o Hamburgo é de facto uma equipa fraca, sem classe e muito previsível, não admirando por isso que esteja no último lugar do campeonato alemão. Mas essencialmente porque se notou a exteriorização de uma raça, vontade, e domínio de bola que raramente havia sido evidenciada pela equipa, salvo casos pontuais, muito provavelmente desde o Porto de Mourinho. A exibição aguerrida e desenvolta de Lisandro, ou mesmo a surpreendente estreia do defesa lateral uruguaio Fucile no lugar de Bosingwa foram aliás disso o melhor exemplo.

Aterradora foi confirmação da lesão de Anderson, que vem mesmo na pior altura ( com o jogo de domingo) e a vitória do CSKA sobre o Arsenal...Por isso os próximos jogos ( o primeiro já dia 1 de Novembro na Alemanha) são de vida ou de morte: tudo o que não seja vitórias deixará a equipa irremediavelmente dependente de outros resultados e muito provavelmente afastada da qualificação. As hipóteses de apuramento são de facto remotas pois as exibições do FCPorto ainda não são o suficientemente consistentes para afiançar com audácia que poderemos vencer na Alemanha e na Rússia...mas a chama da esperança ainda brilha muito alto. Agora que acabou o Hamburgo, venha lá então o Sporting!

PS: Depois da infeliz derrota em Glasgow, o Benfica está quase certamente arredado da qualificação (ainda que não matematicamente mas isso é conversa fiada para os adeptos de um treinador frustrado com o resultado) mas ao Sporting abrem-se ainda razoáveis perspectivas de pelo menos manter o segundo lugar do grupo que dá continuidade na Champions. Esperemos todos que assim seja. Com muita fé e muita vontade!
Led

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

A Europa, a França e o Genocídio Arménio


O que se inventa para embargar a entrada da Turquia no selecto clube da UE...
“É defensável que as democracias tenham leis que proíbem as manifestações de ódio racial. É admissível que as democracias tenham leis a reconhecer crimes por elas próprias cometidos. Contra os judeus, por exemplo. Não é admissível que, do alto de uma qualquer superioridade moral, decretem que ninguém pode debater a natureza de um crime contra a humanidade cometido por uma país terceiro.
(...)
A liberdade de expressão, de pensamento, de discussão é, como dizia recentemente o historiador britânico Timothy Garton Ash, “ o oxigénio de que dependem todas as outras liberdades”. Por isso, a Europa tem insistido, e bem, junto do Governo turco para que elimine da lei todas as limitações ainda existentes à liberdade de expressão. Por exemplo, aquelas que permitem condenar o escritor Orhan Pamuk por dizer que houve um genocídio arménio, ou que impedem inúmeros historiadores turcos de debater livremente a questão nas suas universidades.

O que a Europa deve exigir à Turquia não é que reconheça oficialmente o genocídio, é que reconheça o direito ilimitado a discuti-lo, com a mesma liberdade para os que aceitam e os que recusam. O que a França fez foi o contrário: tal como na Turquia, a questão não pode ser discutida em França. Acto de bravata lamentável de um país que continua a pensar que é o centro do universo e que, ao fazê-lo, se arrisca a matar aquilo que verdadeiramente foi, um dos centros de irradiação dos direitos fundamentais e universais.”
Teresa de Sousa , Público 1710/06 : Sobre a aprovação no Parlamento Francês de uma lei que penaliza quem se atrever a negar ou a debater o genocídio arménio, perpetuado pelos turcos do final do Império Otomano, entre 1915 e 1917.
Led

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Sometimes

Um canção de um amor retraído no meio de alienação e sufoco de uma civilização em ruínas. Um amor comprimido de contemporaneidade...

Uma nota técnica sobre o tema: Durante algum tempo considerei esta como a pior canção no album Loveless até que por acaso a ouvi entremeada na banda sonora do Lost in Translation. Sempre achei que, pelo minimalismo repetitivo, fugia um pouco da zona harmoniosa dos restantes temas, onde milhões de sons coloridos era dardejados no entrelaçado de uma só sinfonia, uma cacofonia de som texturizado. Decerto o album de enchimento melódico mais completo ( e complexo) que concebo neste momento. E o que me parece é que, e talvez previsivelmente, cada canção deste album fabuloso adquire muito mais poder de afectação quando é exposta à isolação. Sem outros temas para subtraírem o impacto, cada canção (e esta, em especial) segregada das restantes do album pode catapultar-se para o brilhantismo sonoro. Agora é sem dúvida, um dos meus temas favoritos dos MBV, e a verdadeira medula do meu Loveless.

Um sincero agradecimento à Sofia Coppola!

E é tudo por hoje.

Led

domingo, 15 de outubro de 2006

A Arte da Fuga

Um cão ladra ao longe para haver grandes espaços e um acorde distante ergue-se do universo e estende-se na infinidade dos tempos...Bach...Música das constelações, de astros mortos perdidos no impensável do infinito e do sem-tempo. Uma transcendência que desce sobre mim e me despega do terreno. Alegria calma de existir. Sagração de mim. Eu estou. Inscrito no eterno.

Coimbra, 15 Outubro 2006
Nascer do Sol: 7h 44m
Pôr do Sol: 18h 54m

Led

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Demora-te...

Demora-te ainda um pouco, demora-te ainda um pouco. Fugir dos lugares da opressão, do vexame, do rancor, do aplauso, do mínimo interesse exterior que fale em ti. Alheamento do viver à superfície de nós, do que está ligado ao que é da vida imediata, dos enredados das mil futilidades com que se nos enchem os dias. Atrasa-te nas horas mortas da vida, nos intervalos rápidos em que ela se distrai a pensar. Demora-te ainda um pouco, demora-te ainda um pouco. E então saberás o que é que em ti é imperioso e revelador. Descer à gravidade de ti, ao precipício hiante do teu ser a saber-se existindo. Lugar do aparecimento de Deus mas sem Deus e apenas a sua inundação de grandeza que és tu criador. No sentir palpitante que está antes e mais longe que tudo. Espaço rarefeito e assombroso, lugar da grandeza do homem e do que nele é fundamental e trágico até ao impossível da morte. Aí és verdade de sangue para a infinidade dos séculos. Há tanto ainda que ver, que pensar, que admirar... De todo o real imediato transborda todo um mistério oculto para quem entende e interroga. Por isso..., Olha. Escuta. E a vida te desdobrará na infinitude que é a sua. E tu viverás sem a desperdiçares no incomensurável da sua grandeza. E terás vivido sem nada deixares atrás quando ouvires o sinal de que é a hora. Mesmo no derradeiro instante, abre ainda os teus olhos – e vê. A vida é tão espantosa. Não terás talvez tempo de a saber. Mas demora-te ainda um pouco. Há muito ainda que amar...
Led

terça-feira, 10 de outubro de 2006

El PCP y su solidaridad con la justa lucha de las FARC-EP


Começa agora a ser revelado que desde 1999 o democratiquíssimo PCP vem convidando as FARC para a Festa do Avante. Mau. Desastroso. Ilegal. O governo está a investigar o caso (que já não deixa margem para dúvidas a ninguém).
Mas depois da polémica em torno do incidente (estranhamente só descoberto na última missa religiosa da alegria comuna) foi esta a bestial resposta do jornal oficial do partido:

«A alegada presença de membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) na Festa do Avante! deu azo a semana passada a uma série de intervenções assaz curiosas. De blogues mais ou menos obscuros a jornais mais ou menos de referência, passando pela Assembleia da República, representantes da direita mais reaccionária e pseudo democratas de trazer por casa puseram-se em bicos de pés e deitaram as unhas de fora para clamarem a sua indignação pela suposta vinda de «terroristas» a Portugal» (Anabela Fino, no Avante)

Sobre o tráfico de droga, os assaltos generalizados, e sobre os milhares de cidadãos colombianos e de outras nacionalidades raptados, e mantidos há anos em clausura pela milícia terrorista marxista FARC-EP, incluindo mesmo a candidata presidencial às eleições Ingrid Bettencourt em 2002, nem uma única palavra.
Nada mais do que a habitual hipocrisia na moralidade de causas sociais de reverência...só que desta vez foram mesmo longe demais...
Asqueroso!
Led

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Alabama hippie yae hippie yo!

This is the sound
That swims inside me
That circle sound
Is what surrounds me

Devendra Banhart – This Is The Way

Led

Mais vale tarde do que nunca

Quem sempre usou a chantagem e a boçalidade como arma contra os Governos da República, para lhe ampararem os défices, sem o mínimo respeito pelas contínuas advertências do Tribunal de Contas, não hesita agora em cair no ridículo ao pedir a demissão do ministro das finanças , o “Sr. Santos”. Mas a que porta o despótico governador ( e professor reformado) irá bater agora para a não promulgação da nova Lei das Finanças Regionais ? À do Sr. Silva, a quem nas legislativas de 2005 havia exigido que se demitisse do PSD? Já era tempo de ver um governo não ceder à contínua extorsão e irresponsabilidade do soberano madeirense. Fica portanto aqui o elogio à coragem do ministro e do executivo.
Vale ainda a pena recordar uma crónica de Vital Moreira onde alertava para os desvarios financeiros no reino da Madeira antes do actual congelamento das transferências de estado.

Led

domingo, 8 de outubro de 2006

Regresso

Os The Breeders vão novamente para o estúdio com o distinto Steve Albini para gravar um novo album, o sucessor do algo mísero "Title TK" de 2002. Esperemos que o novo album (com saída prevista lá início de 2007) não seja o “last splash” da controversa banda da gémeas Deal.

Passados 5 anos preenchidos por 2 EP’s , os Veruca Salt lançaram também recentemente o novo e quarto album de longa-duração com o título "IV" . O primeiro single – “So Weird”- já anda a rodar por aí e parece surpreendentemente razoável para uma banda que perdeu há muito parte da sua identidade com a saída intempestiva de Nina Gordon após o segundo album em 98. Até porque, segundo algumas reviews por onde passei os olhos, este poderá ser mesmo o melhor album do grupo de Chicago. Aguardarei portanto para ouvir o resto do album antes de qualquer análise de valor.

Ficam os anúncios para os fãs das Riot Girrrls.

Led

sábado, 7 de outubro de 2006

Loose Loose Change


Em várias cavaqueiras de café tidas recentemente, notei que muita gente tomou como aceitável a informação contida no “documentário” Loose Change. “Se a RTP e a Sic Notícias o passaram é porque a coisa é provável” – diziam alguns.Francamente, penso que já nem sequer vale a pena insistir em contestar essas pessoas. Por um lado porque no que respeita a estes assuntos normalmente estou sempre em minoria no debate juvenil. Por outro porque, se até agora ainda não se aperceberam do que está errado, não creio que o venham ou o queiram compreender.

E o que está errado são os factos. Podemos especular sobre factos conhecidos. Podemos até duvidar dos factos que nos são apresentados – sobretudo quando as fontes não nos oferecem crédito. Não podemos é adulterar, forjar, esconder e corromper factos só para que estes encaixem nas nossas teorias com objectivos políticos bem claros. Se procedermos assim, caímos na abstracção diletante, não havendo nada neste mundo que não possa ser provado/desmentido.

Eu bem sei que a esmagadora maioria daqueles que dizem acreditar em teorias como a exposta no Loose Change está já disposta de antecedência, devido aos seus preconceitos e facciosismo, a engolir todo esse tipo de lixo grotesco. Tudo isto era de esperar, dada à disposição doentia euro-ocidental para a auto flagelação e aversão americana. Mas de qualquer modo deixo aqui um link para um site onde poderão ver desmascaradas as teorias conspirativas acerca do 11/9. E para contestar a teoria conspirativa do atentado ao Pentágono existe um site que tem tudo bem explicado , desde o motivo do desaparecimento do avião até outras resposta a perguntas dos famosos “incrédulos” da versão oficial. Fica aqui também o link para quem tiver curiosidade de descobrir as diferenças entre uma explicação bem feita e que curiosamente convence à primeira e uma atabalhoada tentativa de fazer com que a ignorância bata certa com a realidade distorcendo a realidade na medida da ignorância. Mas aconselho cautela porque o site é certamente financiado pela CIA em ligação com o ex-KGB e FoxNews ...
Ainda sobre o assunto: passou há dias na SIC Notícias um documentário sobre o primeiro homem a conseguir dar à luz . Passaram testemunhos do próprio e de amigos. Passaram o depoimento do cirurgião que lhe implantou um útero. Mostraram fotos do procedimento cirúrgico e creio que até de uma ecografia. Houve mesmo um jornal que chegou a reportar o caso. Tudo estava bem feito, e muitos teriam levado a sério a história se, ao fim de largos minutos, os autores do documentário não tivessem confessado o embuste. Aqui, como no Loose Change, a informação foi propositadamente manipulada para induzir em erro os espectadores. Só que aqui, ao contrário do Loose Change, os autores fizeram-no para chamar a atenção dos espectadores contra impostores.

Mas é tudo tão claro e óbvio neste mundo sem contrastes a preto e branco eixo do mal. É só escolher o lado virtuoso neste grande embuste global. A começar pela ida à Lua. Confirmação irrevogável aqui e aqui (este ainda não li por completo, mas parece-me que nos ilumina também de lucidez e conhecimento) . É maravilhoso, pois segundo percebi, os Russos nunca mentiram, nem falharam, as naves deles atingiram sempre o seu destino, embora saibamos hoje que esconderam todos os seus fracassos. Os americanos pelo contrário, pelos vistos, inventaram todos os seus sucessos. Razão tinha o velhote do talho da minha rua (velho do restelo porque era do Belenenses) que não acreditava em nada daquilo.

Concordo inteiramente com Esther Mucznik no Público há umas semanas atrás quando teorizava que a longa experiência do negacionismo e do revisionismo histórico mostra que quando um acontecimento é demasiado tenebroso para ser desmentido, uma forma de o minorar, de o esgotar do seu significado, é atribuí-lo às suas próprias vítimas. É como uma forma de absolvição dos verdadeiros criminosos. Mesmo sob a forma de dúvida, é a forma mais eficaz de des-legitimar os EUA, retirando-lhes qualquer base de sustentação e credibilidade ética e política. Pensar assim dá-nos a dimensão do ódio atávico e unilateral de uma certa opinião antiamericana que sinceramente me envergonha. Pensar assim é confortável e conveniente.

"O racional deste tipo de conjecturas, é que estão sempre certas, qualquer que seja o argumento que as conteste. São do tipo religioso, portanto imunes a todo e qualquer facto refutador. "O que se passa com o Loose Change mostra como a má-fé e obstinação política anti-americana leva à corrupção do pensamento. E é mesmo contagiante, tanto para as mentes mais rudimentares como para as tidas mais progressistas e desenvoltas. Mas uma coisa é a dúvida legítima, outra é a idolatria cega. Uma ajuda ao desenvolvimento da civilização, a outra empurra-a para o obscurantismo medieval.
Led

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Silversun Pickups - Carnavas


Silversun Pickups, my best sound surprise since Autolux…and “Carnavas”, one hell of a debut full length album after the 2005 “Pikul” EP!
An incise and dry, straight-up indie rock n' roll record that combines the best of "white noise" (Sonic Youth, Autolux, Smashing Pumpkins (Gish, SD) and Can’s a like “fucked up” fuzzy distortion) and textured melancholic atmospheres (Ride, Lush and My Bloody Valentine’s dreamlike aural ambiances) all layered in-between "scream until it hurts" boy-girl-ish vocals and right-in-step percussion…
Furthermore and the best of all, it’s a terrific breath of fresh air from all the unbearably rehashed and lame 80's wannabe synth-pop/post-punk (mixed with teenage emo) revival.
What more could we ask?

A pleasant review at Popmatters

"Well Thought Out Twinkles" (Download MP3)

p.s. This album excels when played at extremely high volume.

Led

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Arpeggi

Jonny /Thom / Arab Orchestra of Nazareth (London Sinfonietta) – Ether Festival/Royal Festival Hall 27-03-05

Led

domingo, 1 de outubro de 2006

Manifesto de insensibilidade

Endurece-me a vida na mecânica dos dias. E é assim cada vez mais difícil descer à zona obscura de mim onde a comoção acontece. Só aí consigo por vezes recuperar o dom da emotividade que me coube, o encantamento que me fascina. Mas a graça não vem, estou duro e seco como um galho de inverno. Às vezes releio uma página de um livro, ouço uma música que me rebente a dinamite que me obstrui a entrada no palácio da fascinação. E acontece de quando em quando que uma fresta se abre do secreto de mim. Mas logo outra pedra descai e me tapa a entrada. É uma noite silenciosa e triste. Tudo está portanto pronto para que a comoção apareça. Mas eu não a sei.
Como é que há tipos que não acreditam na inspiração? Mas a inspiração é isso, a sensibilidade disponível, o encantamento que nos deslumbra e a palavra que o prende para ele nos não abandonar.
Infelizmente ficou-me o hábito de despejar para este caixote as merdices de ideias inconformadas que vêm ter comigo e não têm destino. Mas começo finalmente a perder a noção da significação disto tudo. Que palavra última me restará? Em que ideia final me reconhecerei?
Enfim. Vou dormir que não tenho mais nada aqui a fazer.
Led